sábado, 14 de setembro de 2013

domingo, 14 de julho de 2013

Não mete a colher

Ela
Abriu os olhos. Jurou bem juradinho que não ia escrever. Nem escrever, nem ligar, nem correio, nada. Olhou pra janela. Nem uma célula se (co)moveu com os primeiros raios de sol. Laranjas. Pegou a agenda. 3 capítulos de livros diferentes e 2 episódios, as obrigações do dia. Esperou a mãe pra tomarem café juntas. A mãe perguntou dele, pela primeira vez. Já sabia... coisas de mãe. Queria não pensar, mas aquele sonho, aquele dia, aquele futuro, aquele... é, aquele. Para! Acabou. Quebrou a xícara,  ao  lavar. Colocou Franz Ferdinand e saiu. Ia passar. O tempo não erra. O celular toca. É a música dele... 

Ele
Meio dia. Merda. Perdeu o vôlei. Levantou pegando a blusa do dia anterior e a bermuda mais fácil. Deu bom dia pra mãe e saiu de casa. Ligou a moto e seguiu um carro qualquer, por diversão e distração. Aquela puta não saía da cabeça. Puta, puta, puta. Não entendeu porque ela fez aquele escândalo. E aquela noite, porra. Como pôde abandoná-lo depois daquela noite? Parou a moto no fim da cidade. Olhou o celular só pra conferir. Distraiu-se com a gostosa que passava. Pensou muito, enquanto observava um pássaro. Eram livres, qual o problema? Pegou o celular, tinha que ligar. Ela não ia fácil assim.

sábado, 6 de julho de 2013

Refúgio

Onde todo mundo é de todo mundo. Onde é permitido ser piriguete, emo, rockeiro, gay ou culto no mesmo grupo. Onde tem quem saiba demais e quem não sabe de nada. Onde tem muita gente disposta a ensinar, e um tanto a aprender. Onde a ignorância é muito feliz e a inteligência não significa muito. Onde tem muito violeiro, muito casamento e muita reza. Onde é cura. Onde tem sorvete por 1 real e x-egg por 3,50. Onde amizade é de verdade e a fruta é do pé. Onde eu me escondo, me acho, me entrego. Onde não tem regras, nem polícia. Onde somos nosso limite. Onde não pega celular e em compensação, as conexões são muito mais verdadeiras. Onde eu já odiei, já amei, já ignorei. Onde é pequeno, mas é Capital do Forró. Lá, onde é livro aberto de tantas histórias, tantos bêbados, malucos, nerds, vocês, eu. Onde qualquer um é bem vindo. Onde todos estão sempre com os pés sujos. Onde pessoas e um litro de Coca-Cola com muitos copos de plástico é sinônimo de muita risada. Onde a gente canta, dança, ri, conversa, briga e o tempo não passa. Onde ninguém tem pressa... aposentados na porta de casa, fofoqueiras de plantão, amigos na praça. Onde tem muita esperança. Onde todo mundo vai pra São Paulo e volta no São João. Onde amizade é ouro e comida de vó é rotina. Onde a gente aprende o outro e ensina a gente. Onde pra ser importante só é preciso ser. Onde rua é palco. Onde Posto é cinema. Onde cemitério é segredo. Onde há vida. Onde há presente. Quem precisa de futuro? Onde a pele é cinza e o olhar intenso. Onde eu aprendi, no meio de tantas dúvidas e um pouquinho de dor - confesso -, que tudo passa... e se a gente souber escolher o cenário e os personagens certos, fica até suportável. A gente precisa é de coragem e vontade. Vontade de viver, aceitar, querer. E eu quero. Quero muito. Como nunca quis antes.

domingo, 16 de junho de 2013

Canalha

Meu pé anda, na maioria das vezes, gelado. Quem se atreve a tirar minhas meias tem que arranjar uma boa forma de esquentá-los... ou então a gente vira gelo, juntos. Eu cedo. O fogo ganha.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Metade, platéia. Metade, canção.

Eu tinha que arrumar um lugar pra colocar todo o amor que as pessoas expulsam. Amor é exagero, é demais, requer atenção, tempo, dedicação. O coitado fica lutando para existir nesse mundo apressado, de gente que quer mais vantagens que merecimento. Tão espremido, e tão forte. Só quer um alguém para descansar a loucura. Da palestra do Alcoólicos Anônimos, o silêncio quebrado que me perdoe, mas não vou esquecer da conversa do padre, com um dos participantes: a gente tem 100 pontos de amor, se você pudesse distribuir, como seria? Depois de algumas tentativas de respostas, uma réplica: isso não se divide. Use-o completamente, quando estiver com quem ama. Só que o padre esqueceu de uma coisa importante: muita gente não quer 100 pontos de amor. As pessoas não estão dispostas. Dá trabalho, machuca, dói. Por isso danço, escrevo... para o amor ser o que ele quiser. Para, apenas assim, o amor ser Gigante, com letra maiúscula onde eu bem entender. Transbordar no corpo, nas palavras, na respiração contada e bem planejada. Na postura ereta, no cuidado com o pa de deux. Na improvisação, no passo, no que foi decorado e estudado. Assim, ele é uma eterna busca da perfeição, do aprimoramento, do cotidiano, do desejo de, da dor e da recompensa. O amor é completo com a gente, mesmo. E só na arte ele transborda... porque nenhum ser humano é capaz de suportar tanto amor assim, de graça.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Até que um dos dois se apaixonou...

(...)
- Amigos?
- Só tirar os benefícios...

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Proibida pra mim, no way...



Carrega uma placa chamativa no peito de "proibido estacionar". Preguiçosa, mas vive em movimento. Não deixa ninguém parar em seu território, mas cuida com carinho dos acidentes que vê no meio do caminho. Acolhe quem respeita a sinalização, e se encanta com os "pisca-alertas" de quem quer ficar só mais um pouquinho. Anda muito a pé, sem preconceitos, mas sem perder a piada - aprendeu a rir. Numa bicicleta, sente a liberdade de quem gosta de ir até o limite, e voltar quando quiser. Num skate, se arranha e faz pichação com o próprio sangue, que deixa escorrer livremente. Se controla nas placas onde encontra "PARE" para respirar sobre o tanto que acumula nessa estrada. E para ver quem e o quê passa. Seja até poeira, asfalto ou luz. Prefere ir de noite, e agradece os dias chuvosos. Distraída por observar muito. Sofreu alguns acidentes, mesmo com toda precaução. Talvez por isso organizou cones ao redor de si. Cones de gente que alerta, cuida, zela, protege. Costurada do avesso, tem poucas cicatrizes aparentes. 
Ela não sabe lidar com quem fica, por isso a alerta gritante antes da multa, que sempre vem em tom de uma sinceridade cruel. Até que por uma distração, percebeu que alguém apareceu por trás, fechou seus olhos e descobriu seu segredo: morria de cócegas. Deixou a placa cair e pela primeira vez não se preocupou em pegar... 

quarta-feira, 1 de maio de 2013

O mel e a ferida


Das mensagens...
14/02/2013 20:15
Ele: Você tem o dom de me deixar feliz logo que eu acordo... e isso é muito difícil
Eu: Mereço um prêmio
Ele: Escolhe um prêmio!
Eu: Quero uma massagem. Quando pudermos...
Ele: Vai no seu celular e escolhe um final de semana pra ganhar tua massagem.

Escolhido. E ele veio. Veio do mesmo jeito. Só mudou o cabelo e atualizou os desejos. Veio atrasando o relógio, deu novo significado ao tempo. Veio e mudou o dicionário. Literalmente significou poeticamente e "te adoro" foi "te gosto". Veio com gosto de morango, homem, vinho, mousse de maracujá. Veio lindo, como é. Veio forte, intenso e livre como somos. Apareceu preguiçoso, deixou a cama maior. Veio com rock e uma dança torta de forró. Veio grande, pra completar a Pequena que construiu e esta, se deixou ser criada. Veio fechar o trimestre do relacionamento sem nome, sem donos, mas com alguns endereços. Veio para ir embora, acumular saudade, reticenciar, realizar 3 desejos sempre insatisfeitos. Veio para dar sentido às velas verdes do banheiro, às unhas pretas e ao pó mágico. Veio príncipe, que abre a porta do elevador e aceita o jeito diferente de segurar e ajeitar as mãos. Veio com o riso fácil, as conversas leves, o sim na língua, nos braços, no olhar. Veio para inspirar a foto, o texto. Veio para aliviar a tensão, a saudade, curar a solidão. Veio para o dia nascer feliz, transformar o tédio em melodia. Veio para ensinar, aprender, manipular, usar, querer, fazer, ter, juntos. Veio para ser. E foi. 

segunda-feira, 15 de abril de 2013

15:36

Garganta seca. Nó no peito apertando. 525 páginas pra ler, do/de lado. Pelos do braço eriçados, sentada na direção do ar condicionado. Conversa em inglês do lado. Grafite laranja na boca. Leve coceira na bochecha. Era a situação da menina, sem nome. Ela era só pensamentos. Corria riscos, depois de muito tempo. Se envolvia com alguém perigoso. Ela sempre se envolveu com gente perigosa, pra dizer a verdade. Mas poucas vezes sentia medo, porque sabia partir. Sempre partiu no ponto certo de ser lembrada, sem machucar. No começo de relacionamentos não existe dores e ela, por mais que não parecesse, gostava de contos de fadas. Se preocupava agora pela distração nos últimos dias. Bateu o recorde com o atual companheiro e só quando ele sumiu um dia inteiro, percebeu que estava ferrada. Depois de muito tempo, percebeu que sentia falta de alguém. Percebeu o quanto era frágil, dependente e o pior, queria ficar. Depois de anos, tinha uma leve pontada de dor e ela até sabia no que tava se metendo, mas ainda preferia enfiar o martelo de vez do que arcar com as consequências de tirar ele no meio do caminho. Com o olhar perdido, deixou as lágrimas se acumularem, não caírem. Insegura, entregue a si mesma. Não se lembrava mais como era se importar em perder alguém ou saber que existe alguém mais importante que você. Reciprocidade... a maldita palavra que poucas vezes entrou em seu dicionário. Quando encontrou o primeiro amor, ele já tinha outro primeiro amor. Quando encontrou o segundo amor, ele já tinha tido o primeiro, segundo e terceiro amor. Quando foi pro terceiro percebeu que ele tinha o amor mais estranho de todos e a reciprocidade até foi igual no começo, até ela dar um novo sentido ao querer. Queria exageradamente. Seria até bonito e saudável se fosse totalmente físico, mas não era. Sentia uma maldita falta. E quase uma tristeza ao pensar que nunca seria nenhum amor. Porque ele já tinha amor estranho o suficiente. Porque ele não é do tipo que ama duas vezes. Nem duas pessoas. Ele nem sabia o que era amor, assim como a menina. Mas mesmo assim amou. E mesmo assim achou pouco. Ela não sabia onde repousar o que ele despertou. Sentou em frente ao computador  pra organizar os pensamentos e escreveu em terceira pessoa... pra se convencer que não era nada pessoal. E de repente virou de outras pessoas também. No fundo, talvez ela só quisesse se divertir e acreditar numa coisa boa o suficiente. Boas pessoas (nos) doem, deduziu sem muita certeza.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Culpado

Estou tomando cappuccino na minha xícara preferida, só porque você disse que ia tomar seu leite. Estou escutando "Segredos" e pensando nos seus. Estou com o celular do lado, "vai que ele não consegue dormir". Minhas unhas estão todas lascadas porque fiquei nervosa falando com meu pai sobre ti. Comi um ótimo filé à parmegiana essa semana e fiquei pensando em te levar no restaurante um dia. Olho pro Einstein e penso que você deve conhecê-lo logo. Releio sua carta, com a nova informação de personalidade. Sorrio de não me importar ser manipulada. "Participo do seu jogo...". Passo pelo buraco da Paulista, te lembro. Olho pro meu calendário do Pequeno Príncipe e dá vontade de riscar nossa data, mas me controlo pela beleza visual. Penso em aprender cozinhar um doce gostoso, que não seja brigadeiro. Ressuscito Renato Russo. Abro o blog, apago, escrevo, lembro, quero, vou, volto, mando mensagem. Tomo banho com tudo desligado, ou acendo uma vela verde quebrada. Sonho, e acordo sorrindo. Procuro sobre signos. Quero te teletransportar pra discutir comigo, em qualquer palestra polêmica na faculdade. Se a chave cai, a culpa é sua. Se a chuva, também. Quebro o orgulho, me reinvento nos recriando. Meia noite faço um pedido. Peço a pizza sem ketchup, reafirmo a falta de amor ao bacon. Penso mais. Mudo o jeito de ver os casais. Releio, revejo. Crio, e faço um drama pra amiga. Ligo. Ignoro a cantada. Caio na gargalhada com uma piada de humor negro. Quero ter um pônei. Aprendo fazer macarrão. Reclamo da necessidade masculina numa casa. Ligo a TV. Entro no Facebook. Deito 3:17. E é tudo culpa sua. Mas se mesmo assim, você não se sentir nem um pouquinho culpado, eu me culpo por te perdoar...

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

5 anos depois...

Ela lembrava do dia, como se fosse ontem. Torcia pra ser lembrada, também. Mãos dadas no cinema e o medo do novo. Cazuza, Legião Urbana e um tanto de música querendo ser deles, quando na verdade, mal tinham um beijo próprio.

5 anos depois. Ela, a melhor amiga, ele e seus 3 melhores amigos. Veio com o presente quádruplo. Restaurante fechando e todos sendo expulsos por olhares. Mesinha no meio da praça. Madrugada de segunda, para terça, 28 de Janeiro. Ecos das próprias vozes. Papo variando entre palitinhos, astronomia, auréolas, sexo, bebida e hipinose. Ele, tonto, tentando uma aproximação engraçada e ela entregue a conversa da mesa.Uma dupla dos amigos se afastam numa brincadeira nerd de hipnotização, a melhor amiga escuta atentamente o que o outro amigo tem a dizer. Ele vai atrás dos brinquedos abandonados na praça e não hesita ao sentar num balanço, feito pra dois. Ela não perde o romantismo e falsa ingenuidade de uns anos atrás e senta em  sua frente. Ele começa a passear os dedos entre seus joelhos e a parte até onde o vestido permitia.
- Esse barulho do balanço é tão de filme de terror... - ela diz, admirando a madrugada.
- Hoje vai sonhar comigo te pegando de noite...
- Mas isso não foi aterrorizante, foi romântico, rs.
- Ah, foi? - continua olhando-a atentamente e sério.
- Foi - não conseguindo disfarçar o sorriso.
- Então, o efeito da bebida passou.
- Isso é bom ou ruim?
- Bom. Agora só falo o que quero.
- O que você quer?
- Eu quero você - diz, aproximando-se num sussurro bem próximo ao ouvido.
(...)
- Você não sabe o quanto eu esperei por isso - ele afirma depois do beijo roubado que há muito tempo ela tinha negado.
- Eu sei...

Como bom cavalheiro, deixou-a em casa e emprestou-lhe o casaco. Durante o caminho, palma da mão, com palma da mão, como poucas histórias - e pessoas - merecem. E até um breve carregar no colo, pelo toc-toc do salto insuportável. Elogio às unhas quase pretas e cuidado carinhoso.

Beijo interrompido pelo mesmo medo infantil de serem notados demais, ao escutarem o barulho da porta se abrindo. Agora, eram gigantes. No fim, uma mensagem... porque a trilha sonora não muda, mesmo nos enredos mais compridos: "Mesmo que tenhamos planejado um caminho diferente, tenho mais do que preciso...". Cada um sabia completar o resto.