sábado, 3 de outubro de 2009

Relíquia

Minha vizinha tem um namoradinho de portão. Acho que nem imaginam que, às vezes, roubo cenas, das mais comuns relações: abraços, beijos, brigas, dramas, carinho. Olho pelo pequeno buraco que meu muro me permite. Gosto do meu muro, sabia? Meio branco, meio aberto... Algumas vezes, dublo de longe o que eles dizem. Não é difícil saber... todos namorados são bobos e falam as mesmas coisas. Mas será que já disseram "eu te amo"? Tenho quase certeza que se amam, de fato... mas essa não é uma das frases pra serem usadas como "bom dia". Não tem muito tempo que o vejo juntos, mas não me lembro dela ter trago outro pra cá... tudo tem primeira vez, mas é estranho pensar, que passa. Até o pra sempre, passa! Que dirá, um breve rapaz que fica no portão da moça no finzinho da tarde. Daqui um dias, ele estará em outros portões, e o coração da mocinha palpitará por outro... que ela levará pra ficar no seu portão, também. Ainda tenho minhas dúvidas de que isso seja bom ou ruim. Essas voltas loucas da vida. Só sei, pelo que meus olhos permitem ver, que um dia ele não voltou. Não veio uma tarde, e nem outra. E até agora, a porta dela anda vazia, e solitária... e meus buracos não servem mais de nada.