segunda-feira, 15 de abril de 2013

15:36

Garganta seca. Nó no peito apertando. 525 páginas pra ler, do/de lado. Pelos do braço eriçados, sentada na direção do ar condicionado. Conversa em inglês do lado. Grafite laranja na boca. Leve coceira na bochecha. Era a situação da menina, sem nome. Ela era só pensamentos. Corria riscos, depois de muito tempo. Se envolvia com alguém perigoso. Ela sempre se envolveu com gente perigosa, pra dizer a verdade. Mas poucas vezes sentia medo, porque sabia partir. Sempre partiu no ponto certo de ser lembrada, sem machucar. No começo de relacionamentos não existe dores e ela, por mais que não parecesse, gostava de contos de fadas. Se preocupava agora pela distração nos últimos dias. Bateu o recorde com o atual companheiro e só quando ele sumiu um dia inteiro, percebeu que estava ferrada. Depois de muito tempo, percebeu que sentia falta de alguém. Percebeu o quanto era frágil, dependente e o pior, queria ficar. Depois de anos, tinha uma leve pontada de dor e ela até sabia no que tava se metendo, mas ainda preferia enfiar o martelo de vez do que arcar com as consequências de tirar ele no meio do caminho. Com o olhar perdido, deixou as lágrimas se acumularem, não caírem. Insegura, entregue a si mesma. Não se lembrava mais como era se importar em perder alguém ou saber que existe alguém mais importante que você. Reciprocidade... a maldita palavra que poucas vezes entrou em seu dicionário. Quando encontrou o primeiro amor, ele já tinha outro primeiro amor. Quando encontrou o segundo amor, ele já tinha tido o primeiro, segundo e terceiro amor. Quando foi pro terceiro percebeu que ele tinha o amor mais estranho de todos e a reciprocidade até foi igual no começo, até ela dar um novo sentido ao querer. Queria exageradamente. Seria até bonito e saudável se fosse totalmente físico, mas não era. Sentia uma maldita falta. E quase uma tristeza ao pensar que nunca seria nenhum amor. Porque ele já tinha amor estranho o suficiente. Porque ele não é do tipo que ama duas vezes. Nem duas pessoas. Ele nem sabia o que era amor, assim como a menina. Mas mesmo assim amou. E mesmo assim achou pouco. Ela não sabia onde repousar o que ele despertou. Sentou em frente ao computador  pra organizar os pensamentos e escreveu em terceira pessoa... pra se convencer que não era nada pessoal. E de repente virou de outras pessoas também. No fundo, talvez ela só quisesse se divertir e acreditar numa coisa boa o suficiente. Boas pessoas (nos) doem, deduziu sem muita certeza.