quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Namoradinho de portão


(Eu sei que cada um tem seu tempo de oitava série... umas meninas antes (talvez a maioria) e outras depois. Mas a oitava série a que me refiro é a primeira série do amor.)

Na minha época de oitava série, eu tinha algumas amigas mais velhas. As melhores eram mais velhas. As que tinha vontade de contar as coisas e ouvir estavam entrando na faculdade ou no terceiro ano. Alguns amigos, também, mas nunca confiei muito nesse tipo de amizade, então... deixa pra lá. Hoje, percebi como a vida tem até sua lógica. 
Há algum tempo eu me perdi delas. Passaram. Não porque brigamos... os contatos foram ficando cada vez mais raros, só isso. Há muito eu vinha me questionando sobre o que aconteceu comigo e com minhas relações afetivas, no geral. E hoje eu soube: só foi preciso. 
Os assuntos delas não cabiam mais nos meus... agora era faculdade, trabalho, enquanto eu ainda tinha muito o que enfrentar. Embora conseguisse sustentar uma conversa tranquilamente por horas sem me incomodar, as prioridades, estilo de vida e rotina não combinavam com o meu. 
Acho que cresci muito com os erros delas, com as atitudes, relações. Tenho experiência de sobra (vivida por elas e absorvidas por mim) até daqui uns dois anos. Não sei se isso foi bom. Isso me tornou alguém mais desconfiada e fria... apesar de crer muito ainda na pessoas. Na oitava série, eu já sabia o que viria. Fiquei armada, preparada, desde cedo. Não sofri muito por não me permitir muito. Histórias de amor só em livros de ficção, que amava e continuo amando. E olhe lá, porque ainda prefiro os de historinha em que a menina é rebelde, o menino irônico ou canalha. 
E não é que hoje eu sou a amiga quase no terceiro das meninas da oitava?! Pelo menos, sou a confiança de alguns segredos... e eu tenho achado tão bonito, sabe? A ingenuidade, a chatice dos pais... coisas que pouco tive. A vontade de viver, o achar bonito ele passar o intervalo com você, o coração aceleradinho com o toque no celular. E aí é que soube que agora é minha hora de ser minhas ex amigas. Quer saber o que eu faço? Eu alimento a ilusão isso. Porque vai passar, mas elas não precisam saber disso. A gente só precisa saber que vai passar as coisas ruins... porque tá existindo agora, e é lindo, e parece ser pra sempre. Então, deixa ser pra sempre enquanto é tempo de ser. Deixa elas acreditarem que um "eu te espero" é de verdade. Porque quando elas descobrirem que não é verdade, nem mesmo vão querer que a esperem... 
Hoje descobri que amor bom é amor de oitava série. Desses de namoro de portão. De desespero e poucos beijos. E aperto de mão... só agora tô descobrindo com minhas pequenas o valor de andar de mãos dadas. Só agora tô aprendendo a ser ingênua pra não as tornarem aprendizes de mim e perder uma das fases mais bonitas... a de acreditar.  

domingo, 25 de setembro de 2011

Presente


Vitória da Conquista, 25 de agosto de 2011

Pra mim, é como se fôssemos uma alma unindo dois corpos. É forte. É um laço. Não quebra e não substitui.
Outra verdade, é que eu não sei começar uma carta, ainda mais de feliz aniversário, não queria seguir os clichês, principalmente sendo pra você. Iluminada. Minha excentricidade. Um desatino. Por meio, dessa carta, ocuparei pelo menos quinze minutos do teu tempo pra dizer o quanto eu te amo e dizer o quanto eu queria gritar pro mundo as coisas maravilhosas que lhe desejo. Você sabe que não lhe desejo as coisas apenas por desejar, há muito, meus desejos em relação a você foram sempre de corpo e alma.
Quero aproveitar para tentar expressar o que você é pra mim, se for possível. 
Já disse que não pode ser caracterizada por palavras, mas é algo além da impulsividade que me fez escrever pra você. É como se as palavras gritassem pro papel. Fossem para ele, e mesmo sem sentido expressassem algo forte por você daqui de dentro.
Cansei de escrever coisas grandes. Mas, acho que ainda assim não consigo não estrapolar. Apesar de ser bonito, cansa e perde a graça. Seu aniversário é motivo de comemoração de tudo. Tudo de lindo, tudo doce e muitas felicidades. Quero estar com você ao seu lado nesse dia pra sempre. Quero "noventar" com você. Não sei expressar, não tem como demonstrar a sua importância para mim, apenas digo que amo. Amor mais que tudo. Um amor que sustenta tudo. Defeitos, dias-não-legais, sentimentos feios, sensações estranhas, chatices, distância, todo esse tipo de coisa. Enfim, eu te amo. 
Hoje, ratifico tudo o que vivemos e acrescento que poucas amizades se deterioram. Algumas pessoas conseguem deixar marcas irremovíveis tão profundas que se agitam, de uma maneira tão frenética, que me pego sorrindo por saber que você é uma certeza minha. Você, Nan, é dos meus dias. Eu poderia descrever conversas, risadas, internas, tristezas, dúvidas, arrependimentos compartilhados. Mas só a gente sabe, o que realmente temos uma com a outra. Só de olhar sabemos do nosso sentimento fraterno de irmandade. Todas as descrições seriam insuficientes perto do que você me transmitiu e do que me ensinou, com uma certeza: voe. Às vezes em vez de vôo vem à queda, mas não se preocupe quanto à isso, se acontecer vou estar aqui pra te tirar do chão. Eu tô dizendo isso porque sei o que me ensinou. E sei que outros sortudos poderão vir a aprender. Tenho certeza que já lhe disse isso, de uns tempos pra cá, ando tendo muito dejavu, e eles me despertaram a comodidade de considerar uma pessoa especial, se ela consegue fazer com que eu lembre da minha infância, posso estar caindo de sono, mas resisto e fico conversando com você, é como se eu estivesse no colo da minha mãe nas festas resistindo ao sono porque não queria perder um detalhe. 
Primeiro, agradeço por ter deixado eu entrar no seu mundo, por me mostrar um lado agridoce e surpreender com as coisas mais doces da vida. Agradecer, porque eu nunca pensei que pudesse ter alguém presente, que compartilhasse comigo os desejos de ter tais experiências, compartilhar os pensamentos, as certezas, as dúvidas e que tudo isso servisse de exemplo pra mim. Porque parte da minha maturidade foi reconstruída por me espelhar e me ver nas suas experiências, nas suas vivências e nas suas palavras. Agradecer pela sua admiração, o respeito e o carinho que se tornaram sentimentos imutáveis em relação a nós duas e é assim que a gente leva uma a outra, pra sempre.
Por mais que o obrigada seja uma palavra decretando agradecimento, se pararmos pra pensar... "obrigado"? Obrigado, não. Ninguém é obrigado a fazer nada pra ninguém. Portanto, sou grata. Grata pela sua existência. Grata por realizar meus desejos, por estar comigo em momentos em que eu me senti maravilhada. Sou grata por ter você em minha vida. Acho que nem se eu procurasse no melhor dicionário da língua portuguesa, acharia um adjetivo, cá pro meu conceito pra descrever Fernanda.
Fernanda não é dessas. É ela. Chega com sua alma leve e intensa. Não suga suas energias, repõe. Te intriga, por todo o mistério. Mostra o lado menina-moça. Um na hora do drama, o outro, marcante pelo batom vermelho. Mulher demais. Canalha demais. Não, canalha canalha. Ca-na-lha, ela sabe. Curtidora nata do seu mundo. Escreve com o vigor de uma mulher. E diz tudo com convicção. Depende da proposta, pra ser mulher de aposta. Tem como resposta, uma delícia de risada. Sonha em desbravar o mundo. É amante de (...) quentes. Tem gosto de brigadeiro. Dona moça que até de outrora, vira chuva. E mais! Um conselho pra você, ande sempre com uma bússola ou um dicionário, porque nem pra bom entendedor, meia palavra de Fernanda basta. Fernanda é única. Fernanda é uma ventania de madrugada. Chega, derruba tudo. Deixa pedaços, leva pedaços. Deixa saudade. Esta, eterna. Eterna que você não sabe onde começa e onde termina.

Amo e quero pra sempre comigo. 
O que de justo for para a sua pessoa, sempre.
Abrace a vida, se despenteie, ande o mundo e ame, ame além do que a carne frágil pode suportar, isso faz bem pra alma.

PS.: Toda essa carta foi escrita ouvindo música francesa. Hoje, agora a noite, o céu, está lindo, estrelado, sem nuvens, com o preto dando lugar a um forte azul. A noite do seu aniversário!


(Obrigada de novo! Só você sabe o quanto é recíproco e verdadeiro... e ela esqueceu de assinar o nome! haha, como pode? Mas então, a dona dos cachos mais lindos do universo: Juliana Pithon)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Querido Diário

Eu fiz um texto só com o diálogo da aula de Relações Humanas, mas achei tão pessoal que vou contar assim, mesmo... Depois de várias mini dinâmicas, a proposta era ir conversar com uma das pessoas que sentava mais longe de você na sala. Fiquei com Caio. Pedi pra gente se sentar em frente a árvore linda e conversamos. A conversa fluiu tão bonita. Falamos sobre cuidar, sentir falta e tocar. Lembrei de quando fui cuidada e quase não tive momentos em que cuidei. Na hora do "sentir falta" quase chorei... tantas pessoas fazem falta. Quando Caio disse que todo mundo foi embora da minha vida e eu queria fugir enchi os olhos d'água. Perguntei se podia chorar e ele não deixou. Seria constrangedor, também. Ele me falou da família, das irmãs, da falta. Na hora do toque, demorei. Eu não deixava muito as pessoas me tocarem. Descobrir isso me tocou. O professor respeitou meu silêncio, eu meus pensamentos e Caio minha liberdade... no fim, nos abraçamos, e disse "esse toque foi importante pra mim, viu? obrigada". Acho que Caio se surpreendeu comigo... eu com ele, também. E comigo. Devíamos sentar mais perto. E quer saber? Eu acho até que amo demais... desculpa aos responsáveis por esse sentimento, se nunca soube direito como demonstrar. É que de tanto transbordar, eu deixo cair... ao invés de pegar um balde e regar as flores. Preciso aprender, ainda. Aceito ajuda de graça.

Traição, romance, amor e lance


O quarteto no carro. Bagunça e verdade ou consequência. Escuro e funk. Traição. O som tocou "quem já traiu levanta a mão". Três mãos levantadas. Faltava uma. Era a minha. "Bem, eu só fui a 'amante'...", disse tímida. Na verdade, estava sendo. Isso não me envergonhava, apesar de talvez dever.
Nunca consegui enxergar a imagem de "amante" como algo negativo. Tudo bem que não é totalmente positivo, mas o que quero dizer é que talvez "a outra" seja a de verdade, a não amante, a oficial, a namorada das redes sociais. A partir do momento que o homem "sustenta" a relação com uma amante, a oficial passa a ser outra. Passa a ser mentira, desconfiança, desigualdade, falta de reciprocidade. Enquanto a amante é a cura, o refúgio, o certo. No ponto de vista dos três envolvidos, claro. Tem gente que prefere honestidade, na relação. Eu nunca acreditei muito nisso... então, prefiro ficar do lado da sinceridade. Onde os desejos são mais limpos, a liberdade mais solta e as verdades mais esclarecidas. Por mais que doa.
Além disso, eu amo o nome. Amante. A-man-te. Repete assim, entre dentes, de batom vermelho. É sexy. Segundo o dicionário, pessoa que ama. Amante é só alguém que por algum acaso, não cabe na vida da pessoa. Chegou um pouco atrasada. A cama já estava arrumada, já era dia e um espermatozoide já havia se encontrado com o óvulo. Mas ela fica... ele fica... e haja reticências.
Acho que as amantes merecem perdão... Afinal, (podem me matar): "amar não é pecado".

domingo, 18 de setembro de 2011

Pista de dança

De jaqueta de couro, Weslei era o mais desengonçado. Brega, brega, brega. Era o tipo de menino que queixava na tora, puxava pelo braço e seguia feliz com o toco... Ia até o chão e fingia que estava só. Pouco se importava. Maria observava incomodada. Weslei era o pior, não sabia combinar nem uma blusa, e de jaqueta de couro. Quem ainda usava jaqueta de couro em aniversários que não fossem dos anos 80?! Além de Weslei, tinha Patrícia. A que descia até o chão e atraia os olhares. Formaria um ótimo par com Victor, o playboyzinho que sabia de cor todas as coreografias. De todo o tipo, percebia como a pista aumentava à medida que as músicas que mais detestava começavam a tocar. Maria não entendia a combinação. DJ = eletrônica, tenda de forró = forró, show de axé = axé. O mundo era todo errado e na pista de dança tocava até frevo. A menina levantava nas melhores músicas, mas isso não durava 2 ou 3 minutos e voltava se sentar. Sozinha. Era em lugares como esse que ela sabia que são pessoas como Weslei que são as mais felizes. E quando já tinha quase desistido de si mesma, leu no guardanapo que veio com seu coquetel de morango: "ironia é a pessoa mais bonita da festa ser a mais triste". E riu, pela primeira vez na noite...

Ducharme,

Espero que você goste do seu sobrenome tanto quanto eu. Charmoso. E espero que goste de Biologia, também, é ruim não gostar da aula, além disso, é estranho como os rumos da conversa mudam. Pelo menos essa aula chata e o rumo da conversa são os motivos da existência dessa carta. Adoro cartas. Mas, enfim... eu queria falar mesmo era de gostos.
Esses dias, Sofia, tive uma conversa estranha, mais ou menos assim (eu vou recortar a parte importante pra você): "Você é doida." (foi ele que falou, o menino) "Sério? Então por que você quer ficar com uma doida?" "Porque eu gosto de gente doida. Doida é uma desgraça mesmo.".
É verdade, pequena. Gosto é uma desgraça. Apesar de toda graça (desculpa o trocadilho), não se iluda. Gostar traz responsabilidades e dores. Além disso, a possibilidade de encontrar alguém que você goste muito e também goste de você muito quase na mesma proporção é muito difícil. E mesmo que encontre (há os sortudos... ou não), não basta gostar, mesmo que o gostar seja maior que você.
Não confunda os gostares, meu amor. Cada um tem seu tempo e motivo pra gostar do outro. Às vezes é preciso conquistar, mas depois de feito, é quase de graça. Gostar de mãe e pai também machuca, principalmente com as conversas que insistem em dizer que "são para o seu bem". Gostar dos amigos, também.
Exigir que alguém goste de você às vezes parecerá muito necessário, mas não o faça, muitas vezes isso afasta e assusta as pessoas. Se tiver na idade quando ler isso, vou dar um conselho que não devia, mas aprendi com Caio Fernando e acho que funciona: beba. Mas não muito. E saiba a hora, também. Por mais que queira gritar, colocar no avião no céu, não o faça. Pode explodir comigo se precisar. Muitas vezes precisamos explodir com alguém. Espero que aprenda escolher as pessoas certas. (O que eu ainda não consegui, eu acho.)
Meu professor de literatura (eu gosto muito de professores, apesar de não demonstrar. Não demonstro muitos gostares, Sofia... e nem sei se isso é bom) falou numa das aulas tão bonitas dele o que muita gente fala: "a gente não escolhe de quem gostar". Eu discordo. Quem eu gosto eu escolhi cuidadosamente para abrigar esse sentimento. Claro que seria mais fácil gostar de pessoas mais fáceis, mas eu não quero. Porque essa pessoa, dona do meu maior gostar, que é dona das características que procuro e me fazem gostar de alguém. Portanto, escolha. Escolha ciente de corpo e alma (mesmo que a balança despenque às vezes mais pro corpo, ou vice-versa). Escolha a dedo. Escolha quem te faz bem. Escolha quem merece, quem é de verdade.
Eu escolhi. Foi uma das escolhas mais difíceis que fiz. Porque eu sei que ia doer menos fazer outras escolhas. Meu problema é a teimosia, Sofia... Escolhi assim... sem entender, mesmo e continuar gostando. É difícil, pequena. É uma desgraça, mas pode ser muito engraçado...

Eu já gosto de você... e nem explicar.
Se cuida,

Nanda.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Fone de ouvido

Deitou-se ao lado da minha cadeira, como um convite pra escutar música. Ele sabia como se aproximar. Quase dos mesmos mundos, ele sabia que me perdia com um fone, mas por ironia da vida, era só assim que sabia chegar. Ele só se aproximava me afastando. Com um fone, tinha consciência do tanto que eu não era dele, do quanto eu ficava com o olhar perdido, do quanto eu era só. Escolheu a música cautelosamente, como se fosse uma novidade, me mostrou uma voz doce feminina cantando que alguém era o presente de Deus. Nunca tinha escutado. Breguinha, mas que me fez abaixar a cabeça. Talvez a música fosse o que que ele queria me falar, não entendi direito, e nem me preocupei em fazê-lo, também. Depois de alguns minutos, um homem cantou que ela devia mudar de planeta pra esquecê-lo. Mais uma vez pensei se ele sabia de mim. Ele me assustou ao me tocar. Começou com um carinho de leve, na cabeça, como se aceitasse e dissesse "tudo bem, tudo bem". Eu sei que você me quis, aquela hora. Assim como eu sei que seus pensamentos também não se concentravam apenas em mim com o fone. E eu sei que você respeitou. Respeitou tudo que eu não sabia dizer. Respeitou eu não te querer. E aí eu vi o que você escreveu no meu All Star: "fria". Assim mesmo, de caneta BIC e letras tortas. Eu nem me preocupei em reclamá-lo, só queria me desculpar. Talvez no fundo você saiba do que eu me lembrei... mas obrigada por tentar me fazer esquecer.

domingo, 11 de setembro de 2011

Dinâmica (ou sei lá o quê) do ancião

(Reclamando pra Shell que as pessoas não me conheciam e não sabiam apontar meus defeitos, ele me deu a seguinte proposta: escrever uma carta para mim como se eu tivesse 70 anos... e o que eu diria pra mim hoje. Achei ótimo, porque ninguém te conhece como você mesma... além dos 70 anos minha visão ser mais adulta, mas minha. Então, lá vai. Aliás, não sei nem que tempo usar na carta... mas)

Oi pequena-eu-aos-17-anos,

É difícil falar com a gente. Eu reconheço isso. Às vezes dói muito admitir alguns defeitos, outras qualidades e principalmente os sentimentos. Vou começar falando dos sentimentos, porque eu sei que é o que mais te faz pensar atualmente. Na verdade, sentimento é tudo que nos move. Fernanda, eu sei que você não gosta muito quando te chamam assim, mas o assunto agora é sério. Não seja tão orgulhosa, isso não vai te levar a lugar algum. A não ser uns meros 70 anos não muito aproveitados. Peça desculpas, reconheça seus erros e mude. Não faz mal mudar só porque sua mãe sabe que você precisa. Aceite mais os conselhos de sua mãe. Tenha paciência, eu sei que você já tem muita, mas cuidado com essa urgência de pessoas logo. Não dá pra entender muito por agora, mesmo. Reconheça isso mas não torne um problema, aceite. Não exiga das pessoas o que elas não estão prontas para oferecer, cada um tem seu tempo de amadurecer, de amar... eu espero realmente que o seu tenha batido com o de quem você queria. Para de sentir inveja. Tenta se enxergar como uma conhecida, e reconheça suas qualidades, sua sorte, sua vida, sua família, seus amigos. Dê mais valor a quem gosta de você, por mais que você não goste tanto, aprenda reconhecer que você conquistou aquela pessoa, então isso também é sua responsabilidade. Se esforce pra não sofrer antecipadamente. Durma direito e estuda mais. Seja mais persistente nos seus desejos, não desista fácil. Se conheça mais e permita te conhecerem, você não sabe o quanto tem gente que precisa desse seu equilíbrio de emoção e razão. Doe seu juízo, de vez em quando, tem gente que vai precisar e você também precisa perdê-lo. Invista no que você é boa e confie. Confie na vida. Não seja tão teimosa, aprenda escutar os outros. Vê se adianta as coisas. Não perca a esperança, menina. Acredite nas pessoas e não se esqueça de rezar antes de dormir. Tenha mais malícia com os velhinhos e faça o bem. Cuidado com o que e com quem se importa, ninguém merece tornar proridade na nossa vida... somos nossas. Não reclame tanto... faça algo pra melhorar o que reclama. Faça mais. Ame mais. Queira mais. Se cuida sempre. Tenha sempre esse cuidado em se olhar. Diga o que sente, você vai se libertar e descobrir que a vida passa rápido demais pra guardar coisas tão bonitas... Não me deixe ser uma velha com arrependimentos do que não fiz. Cuide da sua saúde e mantenha o corpo, por favor. Eu sei que agora é tudo demais e parece infinito e que você vai sofrer pra sempre, mas acredite no tempo, ele sabe quando ser.

Uma mordida de leve, como você tanto gosta,
do máximo que consegui ser aos 70 anos,
futura-você-velhinha.

P.S.: Se dê uma férias do que tem em excesso aí nos pensamentos. Você ainda tem muito o que viver.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Samba a dois

"Sexo verbal -faz- meu estilo..."

É, não resisti... datas me marcam. Agora tô aqui sem saber o que faço com esses pensamentos indevidos. Desculpa... é só que não aguentava não dizer que sonhei o dia inteiro. Acordada. O que é bem pior, já que tenho devia ter total consciência e domínio sobre meus sonhos. Não teve jeito. Porque ainda preciso gravar o cheirinho da sua nuca. Preciso ir no céu - mesmo que seja da boca - e chupar as estrelas mais doces e longes que conseguir. O fato é que eu ainda quero aprender novos malabarismos e equilíbrios. E eu não consigo isso sozinha. Quero dançar e ser chuva. (Se é que alguém entende isso de ser chuva...) Hoje eu quis absurdamente não falar nada no escuro. Ser infinito. Ser tato. Usar segunda pessoa do plural. Admito, assim, com as bochechas rosas, mesmo. Hoje me deu vontade de ir na rua comprar meias novas - ao invés de um conjunto de lingerie. Hoje quis acordar o arrepio e descobrir. Quis descobrir minha alma e me cobrir de cobertor. Quis cantar baixinho "brincar no seu corpo feito bailarina" e inaugurar um Blog novo pra contar a novidade. Admito até que pensei em flores... nos sentidos mais profundos que são capazes de ser. Queria uma floricultura inteirinha na porta de casa. Quis inaugurar minha cama nova que ainda nem chegou. Samba a dois. Ou rock, eletrônico... tanto faz. Talvez quisesse mesmo era compor. Composições são bonitas, íntimas e únicas. Pensei no nervosismo e na quebra dele. Te(n)são. Pensei até me perguntar do que seria capaz... até onde e com quem. Nos últimos minutos, lembrei que precisava de alguém. Ou talvez estivesse pensando o tempo inteiro... E aí vesti-me de novo... de poesia barata, de juízo, de razão. Acordei com saudade.

sábado, 3 de setembro de 2011

Você, cabelo, boca e tudo


Maria Henriqueta o olhou, sem saber responder a pergunta... não sabia se contava a verdade. "Você bebeu?" foi o que Carlos perguntou. "Sim", falou num impulso, sem pensar. Carlos não a julgava por isso... e sabia que ela ficava extremamente mais sexy bebendo. Ela tinha um jeito natural e único de segurar a taça de vinho com as unhas pintadas de preto... e o cabelo dela crescendo, agora já aguentava um nó por mais de uma hora. Ele não entendia a menina. Queria deixar o cabelo crescer, mas o deixava preso num nó. O pescoço à mostra pedindo mordidas e o nó no cabelo pedindo pra ser bagunçado, solto, misturado. Sentados na cama, ela continuou "eu não fiquei bêbada... você sabe que eu sou difícil. Para tudo". Ele riu, completando charmosamente "Para tudo e todos?". Ela adorava ele assim, completando seus espaços vazios. "Nem para todos". "Para quem é fácil, por exemplo?". "Para alguns". "Você não tá sendo fácil para mim". Ela encostou devagar, ficando a dois dedos de sua boca. Fechou os olhos e procurou coragem. Abriu, e ele continuava olhando sua boca. Até que sem saber como, e de quem foi a iniciativa, estavam sentindo os gostos das línguas, acordando o arrepio. Começou tranquilo, e ele se deixou levar. Ele a prendendo pelo cabelo, ela brincando com as mãos. Intensidade. Ela tirou a blusa e aí ele viu a tatuagem. Perto do seio esquerdo. Um ótimo lugar. Não era pra qualquer um... quem tivesse chegado até ali era realmente especial. Ele não sabia que era o primeiro a ver, depois do tatuador. Ela sorriu, numa mistura de riso e gemido, por finalmente a tatuagem fazer sentido. "Você é linda", ele falou quando já estavam completamente nus. Aliás, quase completamente, porque Maria Henriqueta não havia tirado as meias. Doeu tudo nela. Absurdamente. Mas faria triplicamente de novo. Ela escreveu no corpo dele, assim, por tato, mesmo, com as unhas quase cravando a pele: "c a n a l h a".  Não soube se ele percebeu. Seguiu as regras, que para ela, era descumprindo as tradicionais. Toda ao contrário a menina. Se doaram, porque aprenderam a ser de si próprios antes. Maria vestiu-se e disse "só achei justo você ser o primeiro... por nós". Ele olhou pra ela daquele jeito de quem desembrulha uma obra prima e continuou olhando... até ela parar na porta e sumir leve. Como se flutuasse com a blusa de renda mostrando parte da barriga. Dessa vez que não se despediu, foi a que mais demorou de voltar.