quarta-feira, 29 de maio de 2013

Metade, platéia. Metade, canção.

Eu tinha que arrumar um lugar pra colocar todo o amor que as pessoas expulsam. Amor é exagero, é demais, requer atenção, tempo, dedicação. O coitado fica lutando para existir nesse mundo apressado, de gente que quer mais vantagens que merecimento. Tão espremido, e tão forte. Só quer um alguém para descansar a loucura. Da palestra do Alcoólicos Anônimos, o silêncio quebrado que me perdoe, mas não vou esquecer da conversa do padre, com um dos participantes: a gente tem 100 pontos de amor, se você pudesse distribuir, como seria? Depois de algumas tentativas de respostas, uma réplica: isso não se divide. Use-o completamente, quando estiver com quem ama. Só que o padre esqueceu de uma coisa importante: muita gente não quer 100 pontos de amor. As pessoas não estão dispostas. Dá trabalho, machuca, dói. Por isso danço, escrevo... para o amor ser o que ele quiser. Para, apenas assim, o amor ser Gigante, com letra maiúscula onde eu bem entender. Transbordar no corpo, nas palavras, na respiração contada e bem planejada. Na postura ereta, no cuidado com o pa de deux. Na improvisação, no passo, no que foi decorado e estudado. Assim, ele é uma eterna busca da perfeição, do aprimoramento, do cotidiano, do desejo de, da dor e da recompensa. O amor é completo com a gente, mesmo. E só na arte ele transborda... porque nenhum ser humano é capaz de suportar tanto amor assim, de graça.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Até que um dos dois se apaixonou...

(...)
- Amigos?
- Só tirar os benefícios...

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Proibida pra mim, no way...



Carrega uma placa chamativa no peito de "proibido estacionar". Preguiçosa, mas vive em movimento. Não deixa ninguém parar em seu território, mas cuida com carinho dos acidentes que vê no meio do caminho. Acolhe quem respeita a sinalização, e se encanta com os "pisca-alertas" de quem quer ficar só mais um pouquinho. Anda muito a pé, sem preconceitos, mas sem perder a piada - aprendeu a rir. Numa bicicleta, sente a liberdade de quem gosta de ir até o limite, e voltar quando quiser. Num skate, se arranha e faz pichação com o próprio sangue, que deixa escorrer livremente. Se controla nas placas onde encontra "PARE" para respirar sobre o tanto que acumula nessa estrada. E para ver quem e o quê passa. Seja até poeira, asfalto ou luz. Prefere ir de noite, e agradece os dias chuvosos. Distraída por observar muito. Sofreu alguns acidentes, mesmo com toda precaução. Talvez por isso organizou cones ao redor de si. Cones de gente que alerta, cuida, zela, protege. Costurada do avesso, tem poucas cicatrizes aparentes. 
Ela não sabe lidar com quem fica, por isso a alerta gritante antes da multa, que sempre vem em tom de uma sinceridade cruel. Até que por uma distração, percebeu que alguém apareceu por trás, fechou seus olhos e descobriu seu segredo: morria de cócegas. Deixou a placa cair e pela primeira vez não se preocupou em pegar... 

quarta-feira, 1 de maio de 2013

O mel e a ferida


Das mensagens...
14/02/2013 20:15
Ele: Você tem o dom de me deixar feliz logo que eu acordo... e isso é muito difícil
Eu: Mereço um prêmio
Ele: Escolhe um prêmio!
Eu: Quero uma massagem. Quando pudermos...
Ele: Vai no seu celular e escolhe um final de semana pra ganhar tua massagem.

Escolhido. E ele veio. Veio do mesmo jeito. Só mudou o cabelo e atualizou os desejos. Veio atrasando o relógio, deu novo significado ao tempo. Veio e mudou o dicionário. Literalmente significou poeticamente e "te adoro" foi "te gosto". Veio com gosto de morango, homem, vinho, mousse de maracujá. Veio lindo, como é. Veio forte, intenso e livre como somos. Apareceu preguiçoso, deixou a cama maior. Veio com rock e uma dança torta de forró. Veio grande, pra completar a Pequena que construiu e esta, se deixou ser criada. Veio fechar o trimestre do relacionamento sem nome, sem donos, mas com alguns endereços. Veio para ir embora, acumular saudade, reticenciar, realizar 3 desejos sempre insatisfeitos. Veio para dar sentido às velas verdes do banheiro, às unhas pretas e ao pó mágico. Veio príncipe, que abre a porta do elevador e aceita o jeito diferente de segurar e ajeitar as mãos. Veio com o riso fácil, as conversas leves, o sim na língua, nos braços, no olhar. Veio para inspirar a foto, o texto. Veio para aliviar a tensão, a saudade, curar a solidão. Veio para o dia nascer feliz, transformar o tédio em melodia. Veio para ensinar, aprender, manipular, usar, querer, fazer, ter, juntos. Veio para ser. E foi.