quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Avenida Paulista


Horário de pico. Aceito tomar o café com... como é mesmo o nome dele? Tá, deixa pra lá. Starbucks. Eu nem gosto muito assim de café, nem de Starbucks, mas tudo bem. Fora que ele me interrompeu na biblioteca, logo quando estava no melhor momento: descanso nos estudos pra uma música. Tudo bem, tudo bem. É São Paulo. Um gole, três goles. Barulhinho do canudo denunciando que não tem mais nada. Tenho que ir, me despeço com desculpas que já está um pouco tarde, sendo que vai ser o dia que chegarei mais cedo na casa do meu tio. Mentiras sinceras me interessam... Bonequinho verde do pedestre. Passo na livraria e na farmácia. Não compro nenhum livro, minha lista do que tenho pra ler em casa já deve estar na casa dos 30. Compro cera nutritiva para as unhas - que nem tenho mais. Finalmente estou onde estou, sozinha, quase no final das minhas semanas mais estranhas do ano. Eu dei tudo que podia pra essa cidade. São Paulo me sugou, de alma. Fora meus pés cansados, minha cabeça cheia, meu corpo empoeirado. Ando rápido. Observo o skatista que quase me atropela com o som que dá pra escutar através dos fones, a gorda esperando (e comendo, claro) no ponto de ônibus, um casal se beijando melosamente nesse tráfego de humanos (o que eu acho bonito), o homem de terno e gravata, os prédios arranhando o céu, o casal desengonçado indie de mãos dadas, a moça do cabelo rosa, amontoado de gente quase invisível e eu... pequena, vestido azul, só olhando. Olhando como tudo funciona rápido aqui e o quanto gosto. Pensando no quanto estou confusa, com saudade, apaixonada e com medo. Gosto como todo mundo pode ser o que quer aqui. Há sempre espaço. Assustadoramente encantadora. O que assusta, me atrai. "Desculpa", esbarro num homem bonito. Sem querer, só pra deixar claro. Mal percebo, chego. O porteiro que acorda 4h da manhã abre o portão pr'eu entrar no apartamento. Eu sempre acordo mal humorada até ver o porteiro e lembrar que ele acorda 4h da manhã pra abrir o portão pra mim. Sorrio e ele acena... como bons protagonistas de uma cidade que só tem marionetes. E sonhos, e ilusões e imensidões e companhias perdidas. Sorte que eu encontrei alguém com quem almoçar. E tomar café.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Segundos de possibilidades

Ele tinha tudo que eu abomino e tudo que eu amo. Não soube em que focar. Eu só sei que ele salvou a noite com o primeiro diálogo, aquele em que eu não lembrei o seu nome logo quando fomos apresentados e caso errasse na terceira tentativa, ele me pedia o que quisesse. Mas eu acertei e eu que teria que pedir. O que pedir de alguém que acabei de conhecer? Perguntei, quase dizendo um gole de cerveja - que detesto - só pra não ser sincera demais. E aí ele me beijou depois do "isso". Alto, magro, rockeiro e poeta - dependendo do ponto de vista. Fora o nome lindo, que eu nem disse que já pensei em colocar no meu filho pra não ficar parecendo mentira de comédia romântica. Na verdade, eu só escrevi mesmo para não esquecer. Porque por alguns minutos ele foi o melhor possível amor de minha vida. Às vezes a gente tem que guardar essas coisas.