terça-feira, 29 de maio de 2012

"seitas estranhas proclamam que o teu destino ainda não se cumpriu"



(foto do lindo do meu tio Gabriel Delano)
"Céu de Brasília
Traço do arquiteto
Gosto tanto dela assim
Gosto de filha música de preto
Gosto tanto dela assim"

Eu não quero mais visitar Brasília. Não quero mais foto de turista. Não quero viver tão longe do Senado. Não quero ter que correr e chorar porque não deu pra ver todo mundo que gostaria. Não quero ser mera espectadora daquele céu de um dia. Quero rotina no Parque da Cidade, quero domingos na Biblioteca. Quero sentar perto da fonte e ficar observando a dança das águas até esquecer que estou atrasada pra universidade. Quero fazer um poema novo sobre pessoas novas, sentimentos novos e cidades novas. Quero visitas na república, kitnet ou apartamento de dois quartos. Quero entender as ruas largas e os esconderijos de quem nunca vê ninguém. Quero pagar um real pra ficar na biblioteca do templo da LBV e ler meu livro predileto. Não quero ter que me explicar, arrumar mala, acumular frio na barriga. Quero o "boa viagem" de lá pra cá. Quero cantar o hino no hasteamento da bandeira e morrer de calor no Sol. Quero os passos de minha madrinha e as fotos do meu padrinho. Quero passear por vitrines caríssimas e continuar achando o mundo mesquinho, estranho e hipócrita. Quero pagar muito caro num sorvete pra comemorar. Quero indie rock ao vivo. Quero ser a melhor cliente da lojinha de camisetas que fica próximo a torre. Quero entender Renato Russo de perto. Quero ônibus lotado e lago vazio. Quero me lembrar todos os dias que a UnB foi uma das minhas maiores dores (e alegria). Quero me perder, ligar pra minha mãe e dizer "não entendo os pássaros daqui". Não quero mais tanta prova. Não quero mais olhar pro lado pra atravessar a rua. Quero passarelas e músicos pedindo um trocado. Não quero mais ser interpretada. Quero ver pessoas bonitas e metidas. Quero ter um bar legal pra ir. Quero morrer de saudades do mar. Quero que essa cidade seja meu cenário. A trilha sonora é comigo. Quero explicar que isso é muito além de me prender, de fugir e que eu não sei explicar. Quero encontrar Lucas no pior dia da semana, sair pra comer Mc e xingar todo mundo que conhecemos. Quero ver Camila e finalmente, poder ir com ela, em algum lugar com classificação 18 anos, sem morrer pra entrar. Quero sair com Wanwan e dizer que a gente agora pode sair sempre, mesmo que eu só vá vê-lo nos recitais de piano. Quero me arrepiar numa ópera. Quero ligar pra Felipe ir me buscar porque tá chovendo e amar porque está chovendo. Quero ver Hian num mês difícil e lotá-lo de dramas pessoais. Quero passear com Thamirys. Quero ouvir meu pai reclamar do clima e reclamar que eu não vou me adaptar, também. Quero um emprego e uma tatuagem, e não ligo se precisar acordar 5h da manhã (mentira). Quero que minhas irmãs se apaixonem por minha comida, mesmo que eu só saiba fazer brigadeiro. Não quero mais 61. Quero parar pra assistir um jogo de basquete numa quadra qualquer e perguntar o nome do cachorro da minha vizinha. Quero tirar uma foto da árvore amarela. Quero assistir a final carioca no Píer e ver Móveis Coloniais de Acaju. Quero ser caloura da @whoisophia e ter coragem de conhecer outras arrobas tão, anonimamente, queridas. Quero falar que talvez ela estivesse um pouco errada, mas que eu ainda continuo achando um dos melhores textos que já li. Quero passagens aéreas mais baratas e fáceis. Quero ficar mais perto de São Paulo. Quero comemorar com Thiago porque a gente conseguiu. Quero logo, antes que eu mude, antes que eu tenha dúvida de novo, antes que eu desista, seja tarde ou eu tenha uma ataque cardíaco. Quero rir do excesso e falta ideal que eu acho que é Brasília. Quero participar disso. Quero uma placa de carro do distrito (mesmo que seja só a placa, rs). Quero conhecer o bendito Cine drive-in. Quero contar um segredo, pra alguém, na parede da Catedral. Quero colecionar realizações de desejos. E por fim, não quero ter que fechar a mala pra quatro dias...

domingo, 27 de maio de 2012

Luto

Meu peixe morreu. Vou sentir falta de saber que tem um ser vivo respirando comigo no mesmo lugar todas as noites. Mesmo que em um mundo bem menor que o meu. Quantas vezes não quis me afogar naquele aquário, também... e aposto que se ele fosse peixe gente, ia querer trocar de lugar comigo. Só tínhamos uns aos outros, mesmo com linguagens, tempo, idade e tudo diferente. Éramos da gente. Eu o alimentava, em troca de mais uma distração, ocupação. Limpava sua casa, pedia pro Bob Esponja te cuidar enquanto eu não estivesse. A gente não quer acreditar na morte. Nunca quer. Mas se tem uma coisa que acredito, é que morte é eternidade e aqui, passagem. E ele se eternizou. De repente, suas nadadeiras pesaram demais e alma ficou levinha. Alma leve é quase felicidade. Mas o que mais me doeu foi seu nome... que eu nunca dei ou sempre trocava. Lembra que eu disse que seu nome podia ser o dos meus amores e quando você morresse meu amor atual era o que seria pra sempre? Eu quase chorei por isso. Porque não sei mais o que é amor. Ou nunca soube. Ou talvez aprendi um tempo, mas achei que estava enganada depois. Lembrei da última pessoa e tive que me confirmar: mas amor não é beijo íntimo, não é? E ninguém se mexeu. Você deitado com a boca aberta e eu com a garganta presa. Me deu uma vontade danada de pegar o telefone e dizer "meu peixe morreu... e aposto que vou ficar uma semana pensando sobre meu amor atual-eterno que eu disse que deveria ser o nome dele, e agora?". Aposto que meu ouvinte não ia entender nada. Ou fingir que não entendeu e me fazer explicar cada vogal; provavelmente. E lá ia eu contar mais uma versão da mesma história. Continuo cheia de drama, de vontades, de reclamações e de vontade de mudar o mundo. Continuo querendo ser Deus pra ressucitar meu peixe e dizer que ninguém que eu gosto pode me deixar primeiro. Ninguém que eu gosto muito deve ir embora, porque isso é tão raro. E ninguém que eu gosto muito pode se eternizar, porque dói. "Não foi você que disse que nas melhores histórias alguém morre no final?", talvez meu ouvinte perguntasse. Só meu peixe sabe o que eu responderia.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

"Que perder seja o melhor destino"

Eu não sei mais o que fazer de mim. Com essa vontade de querer explodir o tempo inteiro. Com a falta de reciprocidade, com o excesso de carinho, com o excesso de vontade. Não sei mais o que fazer da gente. Com "gente" incluindo amigos, famílias e amor. Não sei. Só não queria me sentir tão responsável por tudo. Só não queria ser tão responsável por tudo. Saudade de ser leve. Minha dureza agora transborda até pelos olhos. Dura e fria. Conselho pra dormir, fazer, doer. Tem que doer mesmo. Eu só queria que doesse com alguém grande e bonito segurando minha mão o tempo inteiro. Eu só queria que doesse suportando a alegria dos outros. Tenho me sentindo suja, errada. Qualquer coisa é motivo pra chover, também. Pelo menos tá frio e tá indo. Pelo menos tá doendo. Sinal de que tô viva, não é? Sinal de que alguma parte precisa mudar. Quem dera eu não soubesse o que era. E quem dera (não) dependesse só de mim.

Sempre acaba

- É uma pena que tenham lhe roubado seu maior amor do mundo.
- Mas sabe qual nossa sorte?
- Qual?
- Tenho um pequeno amor do mundo gigante.
- Eu sei. Mas eu também sei que não é o suficiente pra você... apesar de ser pra mim.
- Bem, é o que tem pra hoje né? rs
- É o que tem pra sempre. Mesmo que você não acredite muito nisso.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Colecionando

Se você soubesse os diálogos que guardei teria mais cuidado com a próxima palavra.

sábado, 5 de maio de 2012

"Vai chover, vai chover desilusão"

Abri o piano, cuidadosamente, tirei o paninho vermelho e dedilhei qualquer coisa. Senti falta de quando uma música saia facilmente. Senti falta de me expressar, de alguma forma. Senti o excesso sobre os ombros e inventei uma música nova. A escala musical, e tudo bem. Ainda sei onde fica o dó. Lá. Minha dor aqui. Faltou conversas, pessoas, lágrimas, lista de música decorada. Desilusão. Falta de forças e abraços pra repor. Sei lá, sabe. No fim só nos resta seguir em frente, mesmo. Mas não deixa de ser cansativo, dolorido, difícil. "Keep calm and carry on" foi o que alguém me disse no meio de um abraço. Só tenho isso pra acreditar. Que seja suficiente.