domingo, 18 de dezembro de 2011

Querido Papai Noel


Desculpe o atraso. Com tanta encomenda de presente, e eu continuo deixando as coisas pra última hora, atrapalhando você, não é? Mas não se preocupe, só vou ocupar um tempinho do senhor com essa carta, porque o meu pedido não o ocupará tanto. Demorei esse ano pra escrever porque como o senhor deve ter visto, não tenho merecido muito presente. Esse ano me decepcionei, não sei nem onde enfiei a lista de ano novo, que não devo ter cumprido nem 1/3. Quase fiquei de recuperação, não estive muito com as pessoas que amo, e ainda esqueci a identidade pra fazer o vestibular. Fui irresponsável, desorganizada, desatenta e desastrada. Quebrei muitos copos e corações. Coração de mãe, amiga, amigo. Mas sofri, em compensação. Acho que aprendi metade da lição, pela dor. Cresci na marra, com muito choro contido. Fui amante nos dois sentidos. Tive conversas longas, desesperadoras e desconfortáveis. Até experimentei novos tipos de bebidas. Desastre. Decepção. Você sabe que eu queria um babyliss, alguns CDs, um longboard, uma máquina fotográfica, um relógio, um rímel, um óculos de sol, alguns livros e um amor, mas conquistarei isso através dos meus méritos, não se preocupe. Eu ainda preciso me perdoar, Noel, por isso, lá vai meu pedido: deixa eu ser a Mamãe Noel esse ano? Juro me esforçar, me comportar, me comprometer. Cuidando dos outros a gente se cuida, também... e como eu cantava no coral da escola, não a muito tempo atrás: "você vai ver como é legal brincar de dar presente nesse Natal... vai descobrir que dar é bem melhor que receber!". Claro que grande parte dos presentes não estão ao meu alcance, mas eu me esforçarei. É tempo de pensar nos outros, agora, como poucas vezes fui capaz de fazer esse ano. Pode, pode? Sabia que você ia deixar! Obrigada. Agora só preciso de pedidos e alguns duendes... O pisca-pisca não foi aceso, ainda dá tempo de desejar, seja lá o que for. E você, o que vai querer? 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Anjo

Você (ainda) me lê. Foi bom saber disso. E quem diria que minha caixinha de visitantes diria tanto... bastou uma cidade. Pouquíssimos habitantes. Não é possível que alguém mais lá tenha acesso ao meu blog, a não ser uma stalker sua louca da vida, o que eu acho pouco provável. Enfim, foi bom te "ver". Olhar pro lado e ler "Na rua, agora: 2 online". Eu e você. Como sempre deveria ser. Gostei de saber que ainda me acompanha, mesmo sem demonstrar. Aliás, não somos de demonstrar muito. Como um anjo, que eu prometi que ia ser seu, você ainda me acompanha invisivelmente. Não preciso ver pra saber... eu sei que você está aí, como sempre. Talvez responda uma ou outra mensagem atrasada, ou nem responda, mas está lá. Sempre esteve. De seu jeito disfarçado. Quis saber se ainda pensa em me escrever e como anda sua vida, seu coração, sua família. Tem coisas que invariavelmente se perdem com a distância e isso dói, um pouco. Saudade de te tocar, olhar nos olhos e contar meus dramas eternos e sarar com sua cara de tédio e uma frase começada com "ô Nanda...". Sinto falta de alguém que torne meus dramas pequenos e compartilhe metade dos problemas. Eu continuo sendo péssima em me socializar, assim como você. E detestando arrocha, odiando metade do mundo e quase acreditando no amor. E a ironia disso, é que eu, tão enjoada, ainda insisto em você e na nossa amizade torta. Se cuida, por mim. Sempre.

Doce loucura

Telhado de Paris - Zélia Duncan


Ela queria colo. Não era explícita, mas os amigos mais próximos sabiam que quando ela ficava quieta pedia muito mais do que quando gritava. Queria chorar... tinha dificuldade em lidar com os ductos lacrimais orgulhosos. Não só os ductos. Menina orgulhosa da cabeça à ponta do pé. Decidiu calçar a sapatilha de ponta, que estava abandonada e de lado na gaveta há exatas duas semanas. Se maquiou assim como a alma pedia: muito lápis preto, rímel preto e batom nude. Deixou a fita da sapatilha aparecer, rebeldemente e pegou a meia mais velha e confortável. E dançou... pra esquecer, pra sentir dores em outros lugares, pra se lembrar que ainda podia se equilibrar fisicamente. Ao som de Bach, ela se deixou levar. Subiu o máximo que pode pra se mostrar que  por mais que a gente tente, nem sempre tudo está ao nosso alcance, e às vezes não basta subir no seu máximo, é preciso de alguém que te carregue mais longe. Fez doer tudo, pra desconcentrar a dor do coração. Recebeu uns 3 comentários de que emagreceu... dessas dietas não propositais e que a tristeza tem o prazer de te deixar pior, mesmo magra. Então levantou a perna o máximo que conseguia, descobrindo que a cabeça ainda era mais alta. Sempre. Saltou imaginado-se leve, e de fato foi. Com a mão atenciosa, esmalte "dengo" e o dedo indicador a frente, se tocava pra dizer que era responsável por si, por seus prazeres, seus limites, seu fôlego. E isso era independente. Tentou bater o recorde de ficar quase flutuando só com um pé, e conseguiu, lindamente, como somente toda tristeza e intensidade seriam capazes de produzir. Presente. Respiração ofegante, suor disfarçado. Memória lutando pelos passos prontos, alma escolhendo o que fazer. Era só uma questão de desviar a atenção de si mesma. Olhar fixo e perdido por uma boa causa. Deixou as costas nua, com todas suas marcas e manchas de uma semana terrível. Trabalhou a cabeça, em se manter fixa sempre. Objetivo. Foco. Postura. Responsabilidade. Fita azul, 7 grampos, redinha preta, organização e perfeccionismo. Era ali, exatamente ali, que mudar e ser o que precisava ser fazia sentido. Era na ponta do pé, que ela era alta, como sempre quis. Equilibrada, tranquila e leve. Tudo apertado pra se mostrar perfeita. Ali ela se invejava. Respeitava seus limites, e tentava ir além sempre. Rodopiou numa pirueta dupla, tentando a sorte e caiu. Piruetas era seu ponto franco, pra lembrá-la que sempre tem algo a ser melhorado, e é preciso levantar. Queixo alto. Se olhou de novo no espelho, analisando cada poro fora do lugar, a olheira acumulada, a pele mais pálida, se apoiou na barra e chorou na última nota de "Jesus alegria dos homens". Feito cisne negro... dura e cheia de si. Pensou no astronauta, que de vez em quando ela enxergava quando ficava na ponta dos pés, mas faltava muito pra alcançá-lo, talvez isso fosse fisicamente impossível... ou talvez o confundiu com um cometa. Acha que preferia um cometa, a menina. Com os dois pés no chão, voltou pra realidade... sentia sede. Sede não só de água. Faltava muita coisa ainda. Respirou fundo pra sentir os dedos dos pés se mexerem, mais uma vez. Ainda queria colo. Ou massagem, cafuné, tanto faz. Suspirou e dormiu no primeiro piscar de olhos, no colchonete rosa de alongamento, sozinha. Era atração e platéia. Quem sabe sonhando o show não fazia sentindo... 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Para 2012

O homem disse que tinha de ir embora - antes queria me ensinar uma coisa muito importante:
- Você quer conhecer o segredo de ser um menino feliz para o resto de sua vida?
- Quero - respondi.
O segredo se resumia em três palavras, que ele pronunciou com intensidade, mãos nos meus ombros e olhos nos meus olhos:
- Pense nos outros.

O menino no espelho

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Bastidores


E acabou! Assim... quase 3 meses de ensaio específico, muita dor, choro, sorrisos, realizações pessoais, superação, força de vontade, amor, unha quebrada, "vida escolar atrapalhando minha vida de bailarina"... para uns 7 minutos no palco que valem totalmente a pena. Provavelmente, meu último ano de apresentação, pelo menos na escola Lorena Albuquerque. Despedida. 
Foi aí que eu aprendi, e venho aprendendo, superar minhas dores, vestir as músicas com uma linda coreografia, ignorar o grampo no lugar errado. Foi aí que eu descobri que não preciso ser uma Ana Botafogo pra ser chamada de bailarina. Aprendi ser mais leve... "leveza na dança, princípios na vida". Tentei superar meus limites de toda forma, e foi através da dança que eu aprendi que tudo que é bonito, dói. Por mais que não pareça. E pra chegar a ser bonito, demora. Lutas interiores, brigas com o corpo e aceitação. 
Tão tímida, inicialmente, foi nesse espaço que eu aprendi erguer o queixo e dizer, através de gestos, "agora é minha vez". Postura, independente de qualquer coisa. É preciso saber se posicionar. De cabeça erguida sempre. Sorria. 
Soube admitir que a dança não foi algo que nasceu comigo, mas que eu poderia desenvolver isso da melhor maneira possível, dentro dos meus limites humanos. Mesmo sem um "jeté" impecável, eu poderia desenvolver melhor meu equilíbrio, as piruetas ou saltos. Foi nesse palco que eu soube que era exemplo pras pequenas, pra minha irmã, pra minha prima, e ser exemplo é uma grande responsabilidade. 
Falando em responsabilidade, fui responsável pelas "Thinker Bells", turma de alunas de 7 anos mais ou menos... fiquei nervosa, briguei, sorri, dei broncas, coloquei no colo, levei ao banheiro, confiei nelas, e aprendi lidar com um "tia, eu não posso dançar porque eu estou nervosa, e ninguém dança nervosa". Sorri com a briga de amigas, que logo foi esquecida com um "amigas?", um abraço e promessas de amizade eterna. 
Brinquei de verdade ou consequência e me perdi sem a malícia, que não cabia ali, quando a primeira pergunta que devia responder era "é verdade que você gosta de verde?". E a mais absurda, um "é verdade que você é apaixonada por Tananan?". Equilíbrio e paciência vencidos. Descobri que pra saber, não basta saber, tem que viver. Na prática as coisas são muito mais pulsantes. Tem que estar lá, lado a lado, tocar. "Vai dar tudo certo", mesmo que não dê. Tive que fazê-las acreditar nisso, e pra isso, tive que acreditar plenamente. 
Ir além do que lhe foi proposto é sempre preciso e gratificante. Foi difícil convencer que o importante não é uma varinha quebrada, mas sim o que ela ainda pode fazer. Escutar "eu odeio todo mundo aqui", de uma criança de 7 anos, foi chocante, porque amor deve ser uma das poucas coisas que não se aprende. 
E já no final, nesse mesmo local da foto, mas com as cortinas fechadas, falei às meninas "agora é hora de agradecer... eu vou ficar aqui do lado de vocês, se esquecerem, é só me copiar, tá certo? Fala assim pra amiguinha do lado passar pra todas: bem bonita, mão na cintura e pés juntos", e já totalmente satisfeita e feliz, ao passar do lado de uma pequena, pra conferir, ela me pediu pra abaixar e disse quase no meu ouvido "você é muito linda". Não soube nem agradecer, mas dancei... para lá e para cá. E ela me copiou, como se fosse verdade. 

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

(Ia ser só um tweet)

Você está lá vivendo a vida, quietinha, com o máximo de esforço, doando seu melhor, não deixando tempo pra futilidades, pensamentos bobos ou pessoas indevidas. Vivendo o que precisa. Se doando pra responsabilidade e aceitando as consequências disso. E aí você entra no MSN e se depara com uma mensagem offline, pra relembrar tudo aquilo que você tinha evitado.
Eu adoro mensagens offlines no MSN. É o tipo de notícia, aviso, recado, que não pode ser adiado pra quem está dando, mas pra quem recebe, não faz muita diferença o horário. É o tipo de mensagem que se diz "queria você online agora". É o passado atrasado pra quem recebe, e o presente urgente pra quem manda. É como quem diz "oh, tô aqui, pensando em você, saiba disso". É a covardia de não fazer algo pelo desejo, mas a coragem de mostrar que ele está vivo. 
É a urgência quase reprimida. É um texto que lembrou você. É uma saudade atrasada. Carinho recompensador, desculpa mal elaborada. Não pede resposta. É aquilo e ele/ela só queria que você soubesse. É o plim plim da idéia que precisa ser dividida rapidamente. Pergunta exclamativa "lembra de mim". Às vezes vem como "quando você puder... (me liga)". É quando eu puder. Pouco importa quem mandou, ele estará lá, esperando você poder. É o parabéns tímido de aniversário que não quis esperar outro lugar, outra hora, e teve que ser distante. É reticências que não pede continuação.
E hoje... às 11:23 alguém me disse:

"'Nunca notou que mulheres como eu não são fáceis de se ter? São como flores difíceis de cultivar. Flores que você precisa sempre cuidar, mas que homens que gostam de praticidade não conseguem. Homens que gostam das coisas simples. Eu não sou simples, nunca fui. Mas sempre quis ser sua. Você, meu homem, é que não soube cuidar. E nessa de cuidar, vou cuidar de mim. De mim, do meu coração e dessa minha mania de amar demais, de querer demais, de esperar demais. Dessa minha mania tão boba de amar errado.' Só lembrei de você."

sábado, 5 de novembro de 2011

Temporariamente offline

hoje minhas palavras estão de folga. elas estão meio cansadas, meio de saco cheio, meu léxico repetitivo, meus verbos gastos. minha boca está vazia, minha voz insolúvel na tua voz. tanto faz. foi estranho voltar aquela cidade. te busquei nas esquinas, na areia, na pracinha e num quadro expressionista muito borrado eu nos reencontrei. o mundo é cheio de lembranças, por isso o ar é tão denso e tudo pesa, cansa, é difícil respirar. a Terra está velha, acumulada de memória. era inverno. estávamos quentes. é verão. estou com frio. sou clichê. pra que escrever? o tempo não vai voltar, e parece que ignorei minha chance. por medo, por insegurança. por saber desde início que o fim estava logo ali. é inútil escrever. 


http://caleidoscopiomiope.blogspot.com/2011/10/i.html

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Doces ou travessuras?

(Escrevi ontem, mas tava com preguiça de digitar dois posts, então... vai um pouco atrasado, mas antes tarde que nunca, né. E tá um pouco diferente do que costumo e gosto de escrever, mas.)

Dia das Bruxas.
Resolvi ir lá em Seu Edmundo, só pra comemorar sozinha. Gosto dos costumes americanos e me importo muito com doces e travessuras. Incensos, abóboras, sais compridas, velas, santos e tudo no clima. Era minha primeira vez. Segui as regras: não cruzar nada e rezar pros santos gostarem de mim. Pensei na hipótese do amor fantasma, claro... mas logo afastei os pensamentos afirmando que meus objetivos eram outros.
Sentei em frente a Dona Sinhá, que era minha preferida. Ela perguntou como eu ia e eu perguntei o que tinha pra mim. Olhou pras cartas e fixou nos meus olhos. "Não, menina. Agora não. 18 anos". Aceitei, confiando nos pandeiros divinos.
Aí ele veio, uma criança. Ficou rindo de mim e me chamou pra brincar. Ofereci doces e lá se foi. Depois Dona Cinhá mudou a fisionomia... homem, velho, sabia reconhecer facilmente. Ele não quis doces. Sério, pediu minha mão.
- Minha filha, você é muito bonita.
- E se vê boniteza pela mão, Senhor?
- Se vê alma, pela mão, menina. Alma sua é bondosa. Iluminada.
- Obrigada?
- Não há de quê. Há verdade. (...) Tá com saudade, é?
- Talvez.
- Talvez não responde nada, moça. Mas não precisa responder.
- Não gosto de responder. Gosto de perguntar.
- Eu sei, eu sei. Tem alguma pergunta a fazer?
- Tenho muitas, mas quero fazer a certa.
- Então faça, menina, não pense tanto.
- Ele gosta de mim?
- Hahahaha, ô menina... você é engraçada.
- Tá vendo, aposto que escolhi a pergunta errada.
- Não, não.
- Não gosta ou não escolhi errada?
- Moça, você sabe.
- Não sei, Senhor. Por isso que tô aqui.
- Você vai passar de ano.
- Por que ele não gosta?
- Não vou responder... isso é coisa feia. Só posso responder coisa sua.
- Moço, ele não é meu, então?
- Ninguém é de ninguém, e você sabe que é a maior defensora disso.
- Às vezes eu quero alguém.
- Você quer a sensação de ter alguém.
- E não é a mesma coisa?
- Não, são coisas totalmente diferentes.
- Então me diz, vai. É ele?
- Você é menos sábia do que pensava. Claro que é!
- Mas isso não significa que ele goste, certo?
- Certo.
- E significa o quê?
- Talvez.
- Você não disse que talvez  responde nada?
- E você não diz que é nada?
- Você não sabe de nada. Tchau!
- Espera... afinal: doces ou travessuras?
- Travessuras, por favor!
- Você é estranha.
- Eu só respondi que quero travessuras, o que tem de estranho nisso?
- É que você é doce... e quer travessuras.
- Tá errado?
- Tá estranho.
- Por favor, me dá travessuras!
- Você é teimosa, hein... mas terá, terá.
Aí Dona Cinhá voltou toda sorridente. Pensei cá com meus botões... "se a conversa do velho for certa...", não há nada de certo nessa vida.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Pendências

Sabe aquilo que ficou mal resolvido e sempre volta com tudo quando você vê a pessoa? Pois é. Acontece sempre quando te vejo. Eu queria que fosse recíproco. Que você também quisesse isso só pra matar esse desejo de "e se". Eu não sei conviver com vontades.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

"Meu amor, se você for embora, sabe lá o que será de mim..."

Vitória da Conquista, 19 de outubro de 2011

Oi gata,

É engraçado quando te chamo assim e você olha como se lembrasse de alguém. Principalmente quando você se arruma caprichosamente para um encontro. Eu vou sentir uma falta absurda. Foram 10 anos. TPM juntas, noites vendo filmes de amor, companhia pra açaí, tristezas, alegrias, brincadeiras. Crescemos juntas e brincando de esconde-esconde, e ao mesmo tempo, com o maior cuidado e responsabilidade de você por mim, sendo que éramos quase iguais. Aprendemos juntas. Recebia broncas e ia te contar, toda tristonha e você também. Aí a gente sabia odiar e amar ao mesmo tempo, quase na mesma proporção. Eu não sei o que vai ser de mim sem você pra falar que tá difícil. Pra nós duas. Eu não sei o que vai ser de mim sem você, pra arrumar minha cama, assim de última hora, quando eu sempre saia correndo por algum motivo. Sem você pra fazer meu café de noites e noites insones. Não sei o que vai ser de mim sem meu braço direito, esquerdo e pernas. Meu coração. Minha desculpa, minha companhia, minha amiga, minha irmã. Não sei como agradecer até hoje quando eu chorei, chorei e você ficou lá comigo do meu lado. Não sei como agradecer quando pedi pra não contar pra minha mãe por EU ter te deixado doente (e não sei como me perdoar por isso) e você disse "desde quando eu te dedei aqui?". Eu sempre te tinha do meu lado e espero que tenha sabido mostrar como era recíproco. Apesar das brigas, apesar dos gostos totalmente diferente de músicas, apesar do trabalho que eu dava... eu não sei como agradecer, pedir perdão. Eu não sei como me lembrar de você apenas passando por minha vida. Você está em tantas lembranças. É claro que também lembrarei de você pra sempre. Viagens, Ibitira, você e seus casos, eu e meus casos, banho de mangueira, a outra casa, você me levando pra natação, você afogando na piscina (desculpa!), nossos sustos, você aparecendo grávida... Meu deus. Como dói dizer tchau pra você. Vou ter que aprender acordar sem te dizer "bom dia", vou ter que aprender estudar sem você me ajudar com os dramas e concordando como é difícil, vou ter que aprender viver sem sua música alta que eu reclamava. Fica, pode ter música alta. Vou ter que aprender viver sem seus chocolates, sem você vindo no meu quarto me contar do namorado e do amor e da vida e de Fernanda, sua filha. Não sei o que vai ser de mim sem você por perto pra me escutar e querer meu bem. Te esquecer, seria esquecer 10 anos de minha vida. É impossível isso. Você estará sempre comigo, Tica. Te pedir pra ficar seria de um absurdo egoísmo, porque eu sei o quanto você precisa ir, o quanto vai te fazer bem, o quanto esse ambiente tem te prejudicado. Então eu só te desejo o melhor, nessa vida. Muito amor, paciência, carinho, saúde, paz, tranquilidade. Que você seja feliz, e muito! Porque eu sei um pouquinho do quanto você sofreu e um pouquinho do quanto merece ser. Eu te adoro, tanto, tanto! E desculpa, não tenho mais força pra continuar escrevendo, apesar de você merecer e eu ainda ter muito o que falar. Mas eu sei que você guarda na lembrança tanto quanto eu. Vai ser mais difícil sem você. Mas a gente vai vivendo como pode... Se cuida! Já tô encharcada de saudade. E por nós não gostarmos de despedida, deixo debaixo da porta, com toda minha fé e vontade de que você viva bem.

Um beijo,
da pirracenta que mais gosta de você nessa vida,
Fernanda.

P.S.: Nunca doeu tanto escrever. E eu nunca tinha chorado tanto por alguém. Sinta-se privilegiada, porque só pode ser amor.
P.S2.: Eu ainda te quero comigo, cuidando dos meus filho... quem sabe seja com a pessoa que você disse na carta, hahaha. Mas eu não vou ficar triste se você for morar com Júlia, eu sei que você gosta mais dela, haha... eu te ligo, um dia e sinto muita falta, hoje e sempre. Construímos eternidade.

sábado, 15 de outubro de 2011

Tanto faz

Essa semana consertaram o ar-condicionado da sala. Conflito. Hoje brigaram (ou brigamos?) todos sobre ligar ou desligá-lo. Sou uma das chatas que mete o dedo no "turn off" na hora do intervalo pra ninguém me gritar. Tempo bonito, passarinhos cantando, sol leve e metade da sala querendo frio e escuro.
Eu não gosto do ar ligado sem necessidade e defenderei isso até a morte. Um bando de idiotas encapotados falando palavrões por fazerem os outros sentirem frio me irrita profundamente. Gente, além do lindo tempo, ar condicionado engorda.Você gasta menos calorias porque não aumenta a temperatura corporal... Pff. Inútil. Palavrões e meninos gritantes sempre ganham.
Chamaram a coordenadora e votação. 15 queriam ligado e 16 desligado. Ganhamos. As provocações continuaram com palavrões e até "mulheres não deviam votar". Fácil ignorar. Mas quer saber o que mais me irritou? Os 8 ou 10 que ficaram sem votar. Os "tanto faz". Um vai ter que ganhar, então por que diabos não levanta a mão pra um lado? Se não for por você, pelo outro.
Por mais que seja uma votação "inútil", são nessas pequenas coisas que se vê a sociedade. Quem é "tanto faz" sobre um mísero ar na sala de aula, imagina o que será sobre política? São essas pessoas que pagam R$3,50 por uma multa porque tanto faz quem ganha ou perde (porque vai continuar a mesma porcaria pra ela), tanto faz morango ou chocolate, tanto faz o aborto, tanto faz a legalização da maconha, tanto faz escolher.
Pra mim, não. Não tanto faz. Escolha um lado consciente de suas causas e consequências. Escolha x ou y. Mas escolha. Se não por você, pelo outro, porque nem sempre algo vai nos beneficiar ou prejudicar, mesmo. Não fique no meio porque isso faz de você ou pessoa mais ou menos. Pra mim, pessoas mais ou menos são piores que pessoas menos. Apenas escolha. Escolha alguém. Escolha algo. E lute por isso até ser a maioria, quando envolver terceiros. Ou até ser absoluto, quando for só você. Porque quando os bons se calam, os péssimos ganham. E ser bom vai muito além de não fazer o mal. Comece levantando a mão pra um lado.

Win

Saudade do gosto de vinho... aquele barato, que você experimentava e cuspia em minha boca... e eu fingia que não gostava só pra você não saber que éramos iguais. E olha como a vida costuma ser engraçada... quando eu falei de relacionamento aberto, você quis um fechado comigo. Sem terceiros. E cantamos, dançamos, sentimos. Hoje, senti saudade do gosto de vinho...

terça-feira, 11 de outubro de 2011

"Se for preciso eu sumo..."

Choveu. Chovi. Parece que o tempo entrou de acordo com meu estado hoje, pra tudo ser perfeitamente lindo. Andei pela rua daquele jeito de quem dá passos morrendo de vontade de voltar correndo a qualquer hora, sabe? Do jeito que quanto mais se aproxima, mais o coração aperta e os pensamentos bagunçam. Do jeito desgraçado de amor pelo outro. Jeito sem orgulho. Jeito desengonçado. Jeito que não quer ir, apesar da curiosidade. Meu celular também não ajudou... colocou logo Ana Carolina nos meus ouvidos, assim, sem nem pedir licença pro sofrimento. E eu chovi com chuva. Esperar. Esperando. Sei lá, eu não sei mais o sentindo disso. Palavras continuam ficando mais que tatuagem. Doendo também. Difíceis de desfazer. Não sei. Aliás, só eu sei. Só eu sei o quanto agonio, o quanto fico nervosa, angustiada, diferente de mim, longe de mim, engraçada, estranha, agoniada de novo. Gente que me intimida e exige alguma atitude de mim são as que mais me afastam. E por injustiça do destino, as que mais me amam. Continuei andando, observando os pingos caindo no meu braço. De repente, não adiantou nada... Sorri aliviada, pensando unicamente em mim, dessa vez. Quantas vezes nos esforçamos pra nada? Quantas vezes dói sem nenhum reconhecimento? Quantas vezes fazemos calada com vontade de gritar pro mundo? Quantas vezes nos renunciamos e dizemos "não" morrendo de vontade de "sim"? Quantas vezes vale a pena? Foi por você que eu quis hoje... mas foi pensando em mim, no seu lugar. Eu sei o que é estar aí. Acho que é uma das poucas vezes que entendo tanto... a única diferença é que eu sempre fui um pouco mais controlada. Talvez eu precise aprender perder o controle, ainda. Guiar minhas pernas pra algo que a alma não quer é o mais difícil.

domingo, 9 de outubro de 2011

Tripudiável vazionazol de amorcaína

É sério, eu lutei contra meu próprio falso anti-senso comum mas todos os meus tapas na cara só demonstram a veracidade das palavras de Bukowski: "Amor é uma espécie de preconceito". A gente ama o que é preciso, o que nos faz bem, o que é conveniente. Eu vou um pouco mais longe. Além disso tudo, amor é reciprocidade. Amo minha família, meus amigos, meus estudos. Agora, quero meu amor romântico.


Daqui: http://pequenosafetos.blogspot.com/2008/08/tripudivel-vazionazol-de-amorcana.html

sábado, 8 de outubro de 2011

"Me dê a mão, vamos sair, pra ver o Sol..."


Hoje sentei na varanda pra ver o Sol. Comigo, sentaram-se um bando de passarinhos no fio do poste. Corri pra pegar a máquina, mas só deu tempo de pegar esse urubu, aí. Eu tive tanta inveja dos passarinhos hoje. Sentar no meio fio pra ver o sol se pôr, olha que coisa linda. Eu não sei qual explicação os cientistas dão pra eles saírem juntinhos 17:30, mas eu acredito que foi pra ver o Sol, que hoje pedia tanto companhia e silêncio. Como eles bem fizeram. Quando voltei, não estavam mais. Assim como eu. Sempre saindo assim que acaba o espetáculo. Pra refletir sozinha. Voando em bando, mas refletindo só. A semana acabou lindamente bem. Com tudo voltando pros eixos, se encaixando. Sol se pondo. Passarinhos voando. Eu pensando. E não é que tudo que parece uma confusão imensa assim, de repente, volta pro lugar? O Sol nunca vai deixar de se pôr porque eu quero. Só sei agradecer por isso. E o mais bonito de tudo, sabe o que é? É que o nosso Sol ainda é o mesmo. E ah se eu fosse passarinho... 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Vazio

O pior é minha consciência disso: não é atração física (já que quase nunca estamos fisicamente juntos), não é prazer aos momentos que passamos juntos (não temos tanto assim para ser isso), não é amizade (apesar de ser mais), não é história, química, física (no máximo arte ou filosofia, mas essas matérias sempre foram desvalorizadas)... é nada. Nunca seremos nada.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Namoradinho de portão


(Eu sei que cada um tem seu tempo de oitava série... umas meninas antes (talvez a maioria) e outras depois. Mas a oitava série a que me refiro é a primeira série do amor.)

Na minha época de oitava série, eu tinha algumas amigas mais velhas. As melhores eram mais velhas. As que tinha vontade de contar as coisas e ouvir estavam entrando na faculdade ou no terceiro ano. Alguns amigos, também, mas nunca confiei muito nesse tipo de amizade, então... deixa pra lá. Hoje, percebi como a vida tem até sua lógica. 
Há algum tempo eu me perdi delas. Passaram. Não porque brigamos... os contatos foram ficando cada vez mais raros, só isso. Há muito eu vinha me questionando sobre o que aconteceu comigo e com minhas relações afetivas, no geral. E hoje eu soube: só foi preciso. 
Os assuntos delas não cabiam mais nos meus... agora era faculdade, trabalho, enquanto eu ainda tinha muito o que enfrentar. Embora conseguisse sustentar uma conversa tranquilamente por horas sem me incomodar, as prioridades, estilo de vida e rotina não combinavam com o meu. 
Acho que cresci muito com os erros delas, com as atitudes, relações. Tenho experiência de sobra (vivida por elas e absorvidas por mim) até daqui uns dois anos. Não sei se isso foi bom. Isso me tornou alguém mais desconfiada e fria... apesar de crer muito ainda na pessoas. Na oitava série, eu já sabia o que viria. Fiquei armada, preparada, desde cedo. Não sofri muito por não me permitir muito. Histórias de amor só em livros de ficção, que amava e continuo amando. E olhe lá, porque ainda prefiro os de historinha em que a menina é rebelde, o menino irônico ou canalha. 
E não é que hoje eu sou a amiga quase no terceiro das meninas da oitava?! Pelo menos, sou a confiança de alguns segredos... e eu tenho achado tão bonito, sabe? A ingenuidade, a chatice dos pais... coisas que pouco tive. A vontade de viver, o achar bonito ele passar o intervalo com você, o coração aceleradinho com o toque no celular. E aí é que soube que agora é minha hora de ser minhas ex amigas. Quer saber o que eu faço? Eu alimento a ilusão isso. Porque vai passar, mas elas não precisam saber disso. A gente só precisa saber que vai passar as coisas ruins... porque tá existindo agora, e é lindo, e parece ser pra sempre. Então, deixa ser pra sempre enquanto é tempo de ser. Deixa elas acreditarem que um "eu te espero" é de verdade. Porque quando elas descobrirem que não é verdade, nem mesmo vão querer que a esperem... 
Hoje descobri que amor bom é amor de oitava série. Desses de namoro de portão. De desespero e poucos beijos. E aperto de mão... só agora tô descobrindo com minhas pequenas o valor de andar de mãos dadas. Só agora tô aprendendo a ser ingênua pra não as tornarem aprendizes de mim e perder uma das fases mais bonitas... a de acreditar.  

domingo, 25 de setembro de 2011

Presente


Vitória da Conquista, 25 de agosto de 2011

Pra mim, é como se fôssemos uma alma unindo dois corpos. É forte. É um laço. Não quebra e não substitui.
Outra verdade, é que eu não sei começar uma carta, ainda mais de feliz aniversário, não queria seguir os clichês, principalmente sendo pra você. Iluminada. Minha excentricidade. Um desatino. Por meio, dessa carta, ocuparei pelo menos quinze minutos do teu tempo pra dizer o quanto eu te amo e dizer o quanto eu queria gritar pro mundo as coisas maravilhosas que lhe desejo. Você sabe que não lhe desejo as coisas apenas por desejar, há muito, meus desejos em relação a você foram sempre de corpo e alma.
Quero aproveitar para tentar expressar o que você é pra mim, se for possível. 
Já disse que não pode ser caracterizada por palavras, mas é algo além da impulsividade que me fez escrever pra você. É como se as palavras gritassem pro papel. Fossem para ele, e mesmo sem sentido expressassem algo forte por você daqui de dentro.
Cansei de escrever coisas grandes. Mas, acho que ainda assim não consigo não estrapolar. Apesar de ser bonito, cansa e perde a graça. Seu aniversário é motivo de comemoração de tudo. Tudo de lindo, tudo doce e muitas felicidades. Quero estar com você ao seu lado nesse dia pra sempre. Quero "noventar" com você. Não sei expressar, não tem como demonstrar a sua importância para mim, apenas digo que amo. Amor mais que tudo. Um amor que sustenta tudo. Defeitos, dias-não-legais, sentimentos feios, sensações estranhas, chatices, distância, todo esse tipo de coisa. Enfim, eu te amo. 
Hoje, ratifico tudo o que vivemos e acrescento que poucas amizades se deterioram. Algumas pessoas conseguem deixar marcas irremovíveis tão profundas que se agitam, de uma maneira tão frenética, que me pego sorrindo por saber que você é uma certeza minha. Você, Nan, é dos meus dias. Eu poderia descrever conversas, risadas, internas, tristezas, dúvidas, arrependimentos compartilhados. Mas só a gente sabe, o que realmente temos uma com a outra. Só de olhar sabemos do nosso sentimento fraterno de irmandade. Todas as descrições seriam insuficientes perto do que você me transmitiu e do que me ensinou, com uma certeza: voe. Às vezes em vez de vôo vem à queda, mas não se preocupe quanto à isso, se acontecer vou estar aqui pra te tirar do chão. Eu tô dizendo isso porque sei o que me ensinou. E sei que outros sortudos poderão vir a aprender. Tenho certeza que já lhe disse isso, de uns tempos pra cá, ando tendo muito dejavu, e eles me despertaram a comodidade de considerar uma pessoa especial, se ela consegue fazer com que eu lembre da minha infância, posso estar caindo de sono, mas resisto e fico conversando com você, é como se eu estivesse no colo da minha mãe nas festas resistindo ao sono porque não queria perder um detalhe. 
Primeiro, agradeço por ter deixado eu entrar no seu mundo, por me mostrar um lado agridoce e surpreender com as coisas mais doces da vida. Agradecer, porque eu nunca pensei que pudesse ter alguém presente, que compartilhasse comigo os desejos de ter tais experiências, compartilhar os pensamentos, as certezas, as dúvidas e que tudo isso servisse de exemplo pra mim. Porque parte da minha maturidade foi reconstruída por me espelhar e me ver nas suas experiências, nas suas vivências e nas suas palavras. Agradecer pela sua admiração, o respeito e o carinho que se tornaram sentimentos imutáveis em relação a nós duas e é assim que a gente leva uma a outra, pra sempre.
Por mais que o obrigada seja uma palavra decretando agradecimento, se pararmos pra pensar... "obrigado"? Obrigado, não. Ninguém é obrigado a fazer nada pra ninguém. Portanto, sou grata. Grata pela sua existência. Grata por realizar meus desejos, por estar comigo em momentos em que eu me senti maravilhada. Sou grata por ter você em minha vida. Acho que nem se eu procurasse no melhor dicionário da língua portuguesa, acharia um adjetivo, cá pro meu conceito pra descrever Fernanda.
Fernanda não é dessas. É ela. Chega com sua alma leve e intensa. Não suga suas energias, repõe. Te intriga, por todo o mistério. Mostra o lado menina-moça. Um na hora do drama, o outro, marcante pelo batom vermelho. Mulher demais. Canalha demais. Não, canalha canalha. Ca-na-lha, ela sabe. Curtidora nata do seu mundo. Escreve com o vigor de uma mulher. E diz tudo com convicção. Depende da proposta, pra ser mulher de aposta. Tem como resposta, uma delícia de risada. Sonha em desbravar o mundo. É amante de (...) quentes. Tem gosto de brigadeiro. Dona moça que até de outrora, vira chuva. E mais! Um conselho pra você, ande sempre com uma bússola ou um dicionário, porque nem pra bom entendedor, meia palavra de Fernanda basta. Fernanda é única. Fernanda é uma ventania de madrugada. Chega, derruba tudo. Deixa pedaços, leva pedaços. Deixa saudade. Esta, eterna. Eterna que você não sabe onde começa e onde termina.

Amo e quero pra sempre comigo. 
O que de justo for para a sua pessoa, sempre.
Abrace a vida, se despenteie, ande o mundo e ame, ame além do que a carne frágil pode suportar, isso faz bem pra alma.

PS.: Toda essa carta foi escrita ouvindo música francesa. Hoje, agora a noite, o céu, está lindo, estrelado, sem nuvens, com o preto dando lugar a um forte azul. A noite do seu aniversário!


(Obrigada de novo! Só você sabe o quanto é recíproco e verdadeiro... e ela esqueceu de assinar o nome! haha, como pode? Mas então, a dona dos cachos mais lindos do universo: Juliana Pithon)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Querido Diário

Eu fiz um texto só com o diálogo da aula de Relações Humanas, mas achei tão pessoal que vou contar assim, mesmo... Depois de várias mini dinâmicas, a proposta era ir conversar com uma das pessoas que sentava mais longe de você na sala. Fiquei com Caio. Pedi pra gente se sentar em frente a árvore linda e conversamos. A conversa fluiu tão bonita. Falamos sobre cuidar, sentir falta e tocar. Lembrei de quando fui cuidada e quase não tive momentos em que cuidei. Na hora do "sentir falta" quase chorei... tantas pessoas fazem falta. Quando Caio disse que todo mundo foi embora da minha vida e eu queria fugir enchi os olhos d'água. Perguntei se podia chorar e ele não deixou. Seria constrangedor, também. Ele me falou da família, das irmãs, da falta. Na hora do toque, demorei. Eu não deixava muito as pessoas me tocarem. Descobrir isso me tocou. O professor respeitou meu silêncio, eu meus pensamentos e Caio minha liberdade... no fim, nos abraçamos, e disse "esse toque foi importante pra mim, viu? obrigada". Acho que Caio se surpreendeu comigo... eu com ele, também. E comigo. Devíamos sentar mais perto. E quer saber? Eu acho até que amo demais... desculpa aos responsáveis por esse sentimento, se nunca soube direito como demonstrar. É que de tanto transbordar, eu deixo cair... ao invés de pegar um balde e regar as flores. Preciso aprender, ainda. Aceito ajuda de graça.

Traição, romance, amor e lance


O quarteto no carro. Bagunça e verdade ou consequência. Escuro e funk. Traição. O som tocou "quem já traiu levanta a mão". Três mãos levantadas. Faltava uma. Era a minha. "Bem, eu só fui a 'amante'...", disse tímida. Na verdade, estava sendo. Isso não me envergonhava, apesar de talvez dever.
Nunca consegui enxergar a imagem de "amante" como algo negativo. Tudo bem que não é totalmente positivo, mas o que quero dizer é que talvez "a outra" seja a de verdade, a não amante, a oficial, a namorada das redes sociais. A partir do momento que o homem "sustenta" a relação com uma amante, a oficial passa a ser outra. Passa a ser mentira, desconfiança, desigualdade, falta de reciprocidade. Enquanto a amante é a cura, o refúgio, o certo. No ponto de vista dos três envolvidos, claro. Tem gente que prefere honestidade, na relação. Eu nunca acreditei muito nisso... então, prefiro ficar do lado da sinceridade. Onde os desejos são mais limpos, a liberdade mais solta e as verdades mais esclarecidas. Por mais que doa.
Além disso, eu amo o nome. Amante. A-man-te. Repete assim, entre dentes, de batom vermelho. É sexy. Segundo o dicionário, pessoa que ama. Amante é só alguém que por algum acaso, não cabe na vida da pessoa. Chegou um pouco atrasada. A cama já estava arrumada, já era dia e um espermatozoide já havia se encontrado com o óvulo. Mas ela fica... ele fica... e haja reticências.
Acho que as amantes merecem perdão... Afinal, (podem me matar): "amar não é pecado".

domingo, 18 de setembro de 2011

Pista de dança

De jaqueta de couro, Weslei era o mais desengonçado. Brega, brega, brega. Era o tipo de menino que queixava na tora, puxava pelo braço e seguia feliz com o toco... Ia até o chão e fingia que estava só. Pouco se importava. Maria observava incomodada. Weslei era o pior, não sabia combinar nem uma blusa, e de jaqueta de couro. Quem ainda usava jaqueta de couro em aniversários que não fossem dos anos 80?! Além de Weslei, tinha Patrícia. A que descia até o chão e atraia os olhares. Formaria um ótimo par com Victor, o playboyzinho que sabia de cor todas as coreografias. De todo o tipo, percebia como a pista aumentava à medida que as músicas que mais detestava começavam a tocar. Maria não entendia a combinação. DJ = eletrônica, tenda de forró = forró, show de axé = axé. O mundo era todo errado e na pista de dança tocava até frevo. A menina levantava nas melhores músicas, mas isso não durava 2 ou 3 minutos e voltava se sentar. Sozinha. Era em lugares como esse que ela sabia que são pessoas como Weslei que são as mais felizes. E quando já tinha quase desistido de si mesma, leu no guardanapo que veio com seu coquetel de morango: "ironia é a pessoa mais bonita da festa ser a mais triste". E riu, pela primeira vez na noite...

Ducharme,

Espero que você goste do seu sobrenome tanto quanto eu. Charmoso. E espero que goste de Biologia, também, é ruim não gostar da aula, além disso, é estranho como os rumos da conversa mudam. Pelo menos essa aula chata e o rumo da conversa são os motivos da existência dessa carta. Adoro cartas. Mas, enfim... eu queria falar mesmo era de gostos.
Esses dias, Sofia, tive uma conversa estranha, mais ou menos assim (eu vou recortar a parte importante pra você): "Você é doida." (foi ele que falou, o menino) "Sério? Então por que você quer ficar com uma doida?" "Porque eu gosto de gente doida. Doida é uma desgraça mesmo.".
É verdade, pequena. Gosto é uma desgraça. Apesar de toda graça (desculpa o trocadilho), não se iluda. Gostar traz responsabilidades e dores. Além disso, a possibilidade de encontrar alguém que você goste muito e também goste de você muito quase na mesma proporção é muito difícil. E mesmo que encontre (há os sortudos... ou não), não basta gostar, mesmo que o gostar seja maior que você.
Não confunda os gostares, meu amor. Cada um tem seu tempo e motivo pra gostar do outro. Às vezes é preciso conquistar, mas depois de feito, é quase de graça. Gostar de mãe e pai também machuca, principalmente com as conversas que insistem em dizer que "são para o seu bem". Gostar dos amigos, também.
Exigir que alguém goste de você às vezes parecerá muito necessário, mas não o faça, muitas vezes isso afasta e assusta as pessoas. Se tiver na idade quando ler isso, vou dar um conselho que não devia, mas aprendi com Caio Fernando e acho que funciona: beba. Mas não muito. E saiba a hora, também. Por mais que queira gritar, colocar no avião no céu, não o faça. Pode explodir comigo se precisar. Muitas vezes precisamos explodir com alguém. Espero que aprenda escolher as pessoas certas. (O que eu ainda não consegui, eu acho.)
Meu professor de literatura (eu gosto muito de professores, apesar de não demonstrar. Não demonstro muitos gostares, Sofia... e nem sei se isso é bom) falou numa das aulas tão bonitas dele o que muita gente fala: "a gente não escolhe de quem gostar". Eu discordo. Quem eu gosto eu escolhi cuidadosamente para abrigar esse sentimento. Claro que seria mais fácil gostar de pessoas mais fáceis, mas eu não quero. Porque essa pessoa, dona do meu maior gostar, que é dona das características que procuro e me fazem gostar de alguém. Portanto, escolha. Escolha ciente de corpo e alma (mesmo que a balança despenque às vezes mais pro corpo, ou vice-versa). Escolha a dedo. Escolha quem te faz bem. Escolha quem merece, quem é de verdade.
Eu escolhi. Foi uma das escolhas mais difíceis que fiz. Porque eu sei que ia doer menos fazer outras escolhas. Meu problema é a teimosia, Sofia... Escolhi assim... sem entender, mesmo e continuar gostando. É difícil, pequena. É uma desgraça, mas pode ser muito engraçado...

Eu já gosto de você... e nem explicar.
Se cuida,

Nanda.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Fone de ouvido

Deitou-se ao lado da minha cadeira, como um convite pra escutar música. Ele sabia como se aproximar. Quase dos mesmos mundos, ele sabia que me perdia com um fone, mas por ironia da vida, era só assim que sabia chegar. Ele só se aproximava me afastando. Com um fone, tinha consciência do tanto que eu não era dele, do quanto eu ficava com o olhar perdido, do quanto eu era só. Escolheu a música cautelosamente, como se fosse uma novidade, me mostrou uma voz doce feminina cantando que alguém era o presente de Deus. Nunca tinha escutado. Breguinha, mas que me fez abaixar a cabeça. Talvez a música fosse o que que ele queria me falar, não entendi direito, e nem me preocupei em fazê-lo, também. Depois de alguns minutos, um homem cantou que ela devia mudar de planeta pra esquecê-lo. Mais uma vez pensei se ele sabia de mim. Ele me assustou ao me tocar. Começou com um carinho de leve, na cabeça, como se aceitasse e dissesse "tudo bem, tudo bem". Eu sei que você me quis, aquela hora. Assim como eu sei que seus pensamentos também não se concentravam apenas em mim com o fone. E eu sei que você respeitou. Respeitou tudo que eu não sabia dizer. Respeitou eu não te querer. E aí eu vi o que você escreveu no meu All Star: "fria". Assim mesmo, de caneta BIC e letras tortas. Eu nem me preocupei em reclamá-lo, só queria me desculpar. Talvez no fundo você saiba do que eu me lembrei... mas obrigada por tentar me fazer esquecer.

domingo, 11 de setembro de 2011

Dinâmica (ou sei lá o quê) do ancião

(Reclamando pra Shell que as pessoas não me conheciam e não sabiam apontar meus defeitos, ele me deu a seguinte proposta: escrever uma carta para mim como se eu tivesse 70 anos... e o que eu diria pra mim hoje. Achei ótimo, porque ninguém te conhece como você mesma... além dos 70 anos minha visão ser mais adulta, mas minha. Então, lá vai. Aliás, não sei nem que tempo usar na carta... mas)

Oi pequena-eu-aos-17-anos,

É difícil falar com a gente. Eu reconheço isso. Às vezes dói muito admitir alguns defeitos, outras qualidades e principalmente os sentimentos. Vou começar falando dos sentimentos, porque eu sei que é o que mais te faz pensar atualmente. Na verdade, sentimento é tudo que nos move. Fernanda, eu sei que você não gosta muito quando te chamam assim, mas o assunto agora é sério. Não seja tão orgulhosa, isso não vai te levar a lugar algum. A não ser uns meros 70 anos não muito aproveitados. Peça desculpas, reconheça seus erros e mude. Não faz mal mudar só porque sua mãe sabe que você precisa. Aceite mais os conselhos de sua mãe. Tenha paciência, eu sei que você já tem muita, mas cuidado com essa urgência de pessoas logo. Não dá pra entender muito por agora, mesmo. Reconheça isso mas não torne um problema, aceite. Não exiga das pessoas o que elas não estão prontas para oferecer, cada um tem seu tempo de amadurecer, de amar... eu espero realmente que o seu tenha batido com o de quem você queria. Para de sentir inveja. Tenta se enxergar como uma conhecida, e reconheça suas qualidades, sua sorte, sua vida, sua família, seus amigos. Dê mais valor a quem gosta de você, por mais que você não goste tanto, aprenda reconhecer que você conquistou aquela pessoa, então isso também é sua responsabilidade. Se esforce pra não sofrer antecipadamente. Durma direito e estuda mais. Seja mais persistente nos seus desejos, não desista fácil. Se conheça mais e permita te conhecerem, você não sabe o quanto tem gente que precisa desse seu equilíbrio de emoção e razão. Doe seu juízo, de vez em quando, tem gente que vai precisar e você também precisa perdê-lo. Invista no que você é boa e confie. Confie na vida. Não seja tão teimosa, aprenda escutar os outros. Vê se adianta as coisas. Não perca a esperança, menina. Acredite nas pessoas e não se esqueça de rezar antes de dormir. Tenha mais malícia com os velhinhos e faça o bem. Cuidado com o que e com quem se importa, ninguém merece tornar proridade na nossa vida... somos nossas. Não reclame tanto... faça algo pra melhorar o que reclama. Faça mais. Ame mais. Queira mais. Se cuida sempre. Tenha sempre esse cuidado em se olhar. Diga o que sente, você vai se libertar e descobrir que a vida passa rápido demais pra guardar coisas tão bonitas... Não me deixe ser uma velha com arrependimentos do que não fiz. Cuide da sua saúde e mantenha o corpo, por favor. Eu sei que agora é tudo demais e parece infinito e que você vai sofrer pra sempre, mas acredite no tempo, ele sabe quando ser.

Uma mordida de leve, como você tanto gosta,
do máximo que consegui ser aos 70 anos,
futura-você-velhinha.

P.S.: Se dê uma férias do que tem em excesso aí nos pensamentos. Você ainda tem muito o que viver.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Samba a dois

"Sexo verbal -faz- meu estilo..."

É, não resisti... datas me marcam. Agora tô aqui sem saber o que faço com esses pensamentos indevidos. Desculpa... é só que não aguentava não dizer que sonhei o dia inteiro. Acordada. O que é bem pior, já que tenho devia ter total consciência e domínio sobre meus sonhos. Não teve jeito. Porque ainda preciso gravar o cheirinho da sua nuca. Preciso ir no céu - mesmo que seja da boca - e chupar as estrelas mais doces e longes que conseguir. O fato é que eu ainda quero aprender novos malabarismos e equilíbrios. E eu não consigo isso sozinha. Quero dançar e ser chuva. (Se é que alguém entende isso de ser chuva...) Hoje eu quis absurdamente não falar nada no escuro. Ser infinito. Ser tato. Usar segunda pessoa do plural. Admito, assim, com as bochechas rosas, mesmo. Hoje me deu vontade de ir na rua comprar meias novas - ao invés de um conjunto de lingerie. Hoje quis acordar o arrepio e descobrir. Quis descobrir minha alma e me cobrir de cobertor. Quis cantar baixinho "brincar no seu corpo feito bailarina" e inaugurar um Blog novo pra contar a novidade. Admito até que pensei em flores... nos sentidos mais profundos que são capazes de ser. Queria uma floricultura inteirinha na porta de casa. Quis inaugurar minha cama nova que ainda nem chegou. Samba a dois. Ou rock, eletrônico... tanto faz. Talvez quisesse mesmo era compor. Composições são bonitas, íntimas e únicas. Pensei no nervosismo e na quebra dele. Te(n)são. Pensei até me perguntar do que seria capaz... até onde e com quem. Nos últimos minutos, lembrei que precisava de alguém. Ou talvez estivesse pensando o tempo inteiro... E aí vesti-me de novo... de poesia barata, de juízo, de razão. Acordei com saudade.

sábado, 3 de setembro de 2011

Você, cabelo, boca e tudo


Maria Henriqueta o olhou, sem saber responder a pergunta... não sabia se contava a verdade. "Você bebeu?" foi o que Carlos perguntou. "Sim", falou num impulso, sem pensar. Carlos não a julgava por isso... e sabia que ela ficava extremamente mais sexy bebendo. Ela tinha um jeito natural e único de segurar a taça de vinho com as unhas pintadas de preto... e o cabelo dela crescendo, agora já aguentava um nó por mais de uma hora. Ele não entendia a menina. Queria deixar o cabelo crescer, mas o deixava preso num nó. O pescoço à mostra pedindo mordidas e o nó no cabelo pedindo pra ser bagunçado, solto, misturado. Sentados na cama, ela continuou "eu não fiquei bêbada... você sabe que eu sou difícil. Para tudo". Ele riu, completando charmosamente "Para tudo e todos?". Ela adorava ele assim, completando seus espaços vazios. "Nem para todos". "Para quem é fácil, por exemplo?". "Para alguns". "Você não tá sendo fácil para mim". Ela encostou devagar, ficando a dois dedos de sua boca. Fechou os olhos e procurou coragem. Abriu, e ele continuava olhando sua boca. Até que sem saber como, e de quem foi a iniciativa, estavam sentindo os gostos das línguas, acordando o arrepio. Começou tranquilo, e ele se deixou levar. Ele a prendendo pelo cabelo, ela brincando com as mãos. Intensidade. Ela tirou a blusa e aí ele viu a tatuagem. Perto do seio esquerdo. Um ótimo lugar. Não era pra qualquer um... quem tivesse chegado até ali era realmente especial. Ele não sabia que era o primeiro a ver, depois do tatuador. Ela sorriu, numa mistura de riso e gemido, por finalmente a tatuagem fazer sentido. "Você é linda", ele falou quando já estavam completamente nus. Aliás, quase completamente, porque Maria Henriqueta não havia tirado as meias. Doeu tudo nela. Absurdamente. Mas faria triplicamente de novo. Ela escreveu no corpo dele, assim, por tato, mesmo, com as unhas quase cravando a pele: "c a n a l h a".  Não soube se ele percebeu. Seguiu as regras, que para ela, era descumprindo as tradicionais. Toda ao contrário a menina. Se doaram, porque aprenderam a ser de si próprios antes. Maria vestiu-se e disse "só achei justo você ser o primeiro... por nós". Ele olhou pra ela daquele jeito de quem desembrulha uma obra prima e continuou olhando... até ela parar na porta e sumir leve. Como se flutuasse com a blusa de renda mostrando parte da barriga. Dessa vez que não se despediu, foi a que mais demorou de voltar.

domingo, 28 de agosto de 2011

Breathe


"2 am and I'm still awake, writing a song
If I get it all down on paper
It's no longer inside of me, threatening the life it belongs to
And I feel like I'm naked in front of the crowd
Cause these words are my diary, screaming and loud
And I know that you'll use them, however you want to"

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Parabéns, eu!

Parabéns pra mim por 17 anos e um dia de existência, não por ter essa idade, mas por ter feito o meu máximo pra ser feliz. Acho que estamos todos em busca dessa tal felicidade. Deve ser uma das poucas coisas que nos faz continuar vivos. Esperança, também. E o que eu desejo pra mim, a partir de ontem, não é especificamente juízo, saúde, homens, dinheiro, beijos, sorte. O que eu quero é persistência. Persistir nos meus sonhos, nos meus desejos, nas minhas pessoas, na minha vontade de viver, no meu querer de ser livre. Persistir nas minhas prioridades. Vou persistir no amor, também. Pena que o meu não mora em você.

Dos meus presentes... "que você viva o quanto quiser e nunca se canse de querer". Eu ia escrever tanto sobre isso, tanto, tanto... mas não sei. Escrever quando der vontade seria uma boa ideia. Não importa onde, quando, com quem... escreva, Fernanda, escreva. Pra não se perder quando alguém te perde. 

Tá desorganizado, isso que dá.

sábado, 20 de agosto de 2011

Traição

Parei. Os cabelos bagunçados e a barba mal feita me fizeram parar. Além da blusa branca. Troquei uns olhares, mas fui confundida. Não, não. Tá, tudo bem. Não faz mal, não mata. Só morde. Mas quem não gosta de uma mordida? Já era. E quando olho pro lado: ela. Nós duas beijamos ao mesmo tempo. Naquela música. Quanta ironia pra uma só hora. Ela com o menino que me fez parar. Eu com o que me parou a dança. E Jota Quest gritando a música que pedia lembranças. Tive o impulso de procurar um celular, mas o que me parou não deixou. Dane-se. Então continuamos, assim nessa poesia torta sem fim...

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sobre meus destaques...

Tenho aprendido a destacar o que merece destaque. O negrito uso para os trocos que minha mãe deixa comigo, os sorrisos que saio catando na rua, as ligações inesperadas que sempre vem como um sopro, as conversas fora de hora, os arrepios provocados quando alguém encosta um pouco mais perto, os segredos, quando vejo alguém bonito que não sei se me sinto alegre ou com inveja, um beijo na bochecha, um céu colorido, as apresentações de ballet no asilo. 
Sublinho os elogios e críticas. Não coloco em negrito pra não engrandecer. Nem em itálico pra não diminuir. Mas sublinho, porque é bom quando alguém reconhece algo. E é bom se enxergar pelos outros. E quando te enxergam de uma forma que você não é, e a fonte é confiável, é bom sublinhar pra rever como os outros te veem. Sublinho pra mudar, deixar, ver, chorar, rir. É uma forma de dar atenção à mim e aos que se importam (mesmo que negativamente). Também sublinho o que preciso reler. Ou o que precisa ficar. 
O itálico é meu preferido. Usado em ocasiões especiais e raras. Enfeito de itálico tudo que me estremece um pouco além do normal, tudo que faz meus batimentos cardíacos serem mais rápidos, tudo que deixa meus ductos lacrimais orgulhosos despencar. Tudo que eu escrevo e deixo na gaveta é em itálico. Minha letra não é o itálico que eu gostaria e não puxei de minha mãe, mas eu faço as situações serem. Itálico são as letras todas juntinhas, todas deitadinhas umas nas outras, deitando carinhosamente na próxima... além disso, parecem querer final, parecem estar sempre a frente do que realmente estão. Eu faço parte da grande parte que acha que o amor é urgente. Itálico parece querer chegar logo. É em itálico que eu me permito. É do itálico que sinto mais saudade. É em itálico que me apaixono. E choro... 

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Deixa...

Não sei definir o quanto odeio essa semana. Sempre escrevo mais. Choro mais, quero mais, canso mais e faço mais. "Esperar a inspiração, o momento perfeito, a ocasião perfeita, o insight ou o que quer que seja tem me feito não conseguir fazer mais nada." Não tem nada a ver essa frase aqui no meio, eu sei. Eu odeio ser assim. E o pior que só lembro quando já sou. Dói. Eu, que gosto das coisas tão organizadas aos meus olhos, não sei organizar aqui dentro. Depois de 16 anos, ainda não sei medir o quanto fico cada vez pior quando deixo as coisas pra última hora. Sei lá. Tô retada comigo... por não ter capacidade pra fazer mais isso, por uma coisa que eu própria causei. Agora fico me exigindo, querendo o mesmo resultado, sabendo que é impossível. Talvez eu tenha descoberto meio tarde que não tem isso de momento perfeito, inspiração blablablá. É preciso inventar. E é preciso criar coragem, força, persistência, fé, energia - muita energia! -... pedir pra papai do céu ou qualquer ser que dê isso sem jogar uma piada por cima. É preciso amor. O que eu tenho feito comigo? Com os meus sonhos, dependentes unicamente de mim. Os meus desejos, os meus propósitos, a minha vida. Sempre mais pra lá do que pra cá. Aonde vamos parar? Já mudei. Cuidar do meu jardim... 

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Papel de parede

Enjoei da minha foto no papel de parede do meu celular... eu, sentada na poltrona da livraria lendo, com um dos meus vestidos prediletos. Não lembro qual era o livro, mas achei tão minha cara a foto que ficou por um bom tempo lá. Tem gente que não vê sentido em usar a própria foto no celular, mas acho que adquiri um ótimo amor próprio. Então, acontece que hoje acordei com vontade de mudar. (Mentira, eu não acordo com vontade de nada, só de dormir mais... mas durante o dia bateu o desespero de trocar.). Eu não gosto da câmera do meu celular, e quase fui pega de surpresa pela péssima foto que encontrei no surto de *preciso mudar de foto*. Eu lembro dele tirando, e eu sei o quanto é ruim a câmera do meu celular... em relação à foto mesmo, e em tirar foto. A foto tava torta, com pedaços e engraçada. Não demorei pra salvar. E aí eu senti saudade. Me perdoe pelos "saudades" sempre ditos por você primeiro. Mas só foi hoje mesmo que eu quis escrever e dizer que foi lindo, que fez falta, que deixou foto e música. O celular me obrigou a cortar a foto pra caber. Eu achei um absurdo, tentei de todos os ângulos cortar a foto já cortada e eis o que sobrou: meu pé, seu braço e entre isso papeis e música. Nessas horas que eu entendo que "uma imagem vale mais que mil palavras". Era pedaços da gente num pedacinho de tela. Foto feia, poesia bonita. Era meu pé gelado pedindo suas mãos quentes, seu braço... Foi meu pé o primeiro passo, foi quando quis ir pra trás e você me puxou. Foi quanto te abracei de longe e você não hesitou no abraço demorado entre meu pescoço. Meu pé dançando e suas mãos pra cima. Foi isso que ficou. Foi aquela foto. Meu pé frio... Suas mãos quentes... Minha dança e sua música. E entre a gente papeis... papeis onde a gente coloca o que toca. Nós, que nos tocamos tanto! Nossa letra. Composições, declarações e chuva. Guardo como se fosse sempre. E ah, você é um péssimo fotógrafo!

domingo, 7 de agosto de 2011

...e eu, o que faço com esses números?...

365 dias, 8760 horas e cerca de 525600 minutos... e eu estava entrando na festa que eu mal sabia o que me esperava. Eu, que nem gosto de datas e números, fiz questão de saber essa e agora me vejo perdida com tantos algarismos. Eu, que adoro matemática e coisas exatas, não sei o que fazer com esses. Pensei em doar, jogar fora, guardar numa caixinha, deixar multiplicar, diminuir, juntar, saber se pareceu menos ou mais, querer que tivessem sido completos todos ou ficar agradecida pelas reticências... mas não sei mexer em números que não dependem só de mim. De qualquer forma, acho que bagunçamos eles bonitinhos e se fizeram pequenos em alguns momentos. Nunca importa quanto tempo passou longe, pra mim sempre parece que nos vemos ontem. Lembra que disse que odeio aniversários? Mas é uma contradição me importar com datas que considero importantes. E você sabe, o que é importante me toca, e o que toca é escrito. Então, cá estou... pra dizer que tem um ano que você sorriu com a mesma cara de cachorro sem dono e safado e disse meio sorrindo "gosto de brigadeiro". Lembro que quando tocava I Gotta Feeling eu disse pra gente ficar mais um pouquinho na boate e quando acabou levantamos e fomos pro sofá branco. É estranho te contar o que você também viveu, numa versão muito mais feminina e dramática, aposto. Mas é minha versão. E quando eu torno isso exposto pra você, é nossa. Eu só acho estranho como as coisas seriam se eu não tivesse ido. Nós dois de penetra. Mas eu fui. E foi lá o começo da gente. Foi lá a primeira vez que você olhou pro nada e foi misterioso e safado ao mesmo tempo. Foi lá que minha orelha foi mar, meu ouvido guardou sussurros e meu rosto foi vergonha diante tantas pessoas conhecidas. Foi há um ano que alguém decidiu passar a festa inteira comigo e eu gostei da sensação. Foi há um ano que escrevi um texto pensando em você e recebi o primeiro comentário pornográfico da minha vida blogosférica. (E é claro que eu morri de vergonha e apaguei). E eu fiquei com medo. Foi a primeira vez que eu fui na Lua, sem nem saber, ainda, que você era astronauta. Foi há um ano que foi lindo, que foi início, que foi assim... Parabéns pra mim que te aguentei tanto! Hahahah. E pra você, principalmente, que soube me fazer ficar tanto... eu, que sou de ir de tudo e todos. Você soube me contradizer. E desses números, deixo pra você, o que conquistamos juntos: liberdade, respeito, amizade, carinho, saudade e reticências... Espero que um dia a gente dê pra elas tudo que criamos e só o silêncio disse. 

sábado, 30 de julho de 2011

Fragilidade

Somos tão frágeis. Às vezes isso me incomoda. Eu, que sempre quero estar tendo o controle das coisas. Aí o corpo começa a gritar porque alguma coisa não está certa na alma. É hora de se deixar cuidar, ver quem vale a pena, chorar baixinho, parar pra pensar porque a cabeça tem pesado tanto, beber mais água, adiar os planos inadiáveis, dormir na cama com os pais, sentir falta. Acho que é amor lembrar de alguém pra precisar ficar um pouco melhor. Seja fisicamente ou interiormente. É que quando adoecemos, lembramos que existe morrer. E a gente tenta sobreviver, puxando as pessoas assim, pelo pensamento. Mas soube que Tylenol também cura, de vez em quando. Traz pra mim?

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Pra mim: Fernanda

Dias demoram pra passar
Sem você o coração aperta
Juro já não sei o meu lugar
Vivo em uma mentira encoberta

A esperança de poder te ver,
é o que eu me anima a continuar
O escuro me aquece e a tv
Só me faz lembrar de te amar

Imagino a gente de novo em uma cama vazia
Onde só a luz da lua nos conduzia
A fazer o amor que a Deus eu pedia
A conduzir a flor do teu corpo à magia

Poder viajar de novo em meus sonhos
E parar no momento em que te beijei
Um cemitério, lua linda, se não me engano
És a inspiração de amor que tanto sonhei

Quem sabe ainda existe um pouco de mim em você
E esse pouco te faça pensar que não sei te esquecer
E que a lua que iluminou o nosso amor não venha a morrer
No último verso da carta, por esta poder dizer,
Que se isso for um conto de fadas
Meu final feliz tem que ser você!


(Não vou colocar o autor porque... bem, pra vocês não roubá-lo de mim. Mas é lindo, não é? Fico extremamente feliz em receber poemas, porque adoro lê-los, mas sou péssima escrevendo. Obrigada de novo!)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Blue valentine

Não tenho suportado casais de namorados. Sério. Tô com nojo. Eu sei, eu sei. Podem me odiar, me bater, espancar, me achar a mais fria do universo... mas deixei de acreditar em fidelidade e essas coisas que um namoro pede. Tenho nojo do que os casais escondem. Tenho nojo da omissão e das mentiras. Tenho nojo desse compromisso sério descompromissado. Parecem tão status de Facebook, Orkut e sociedade. E ainda recriminam relacionamentos abertos... Admito que meu sonho é ter um relacionamento aberto. Talvez essa seja a época do "ficando". É liberdade com responsabilidade isso. Todo mundo quer namorar sem estar pronto pra tal. (E até eu, às vezes.) Só enxerga-se amor. O amor atrapalha tudo, aliás. Nos achamos donos do melhor sentimento do mundo e talvez isso justifique ficar com alguém. Mas não, gente, não justifica. Porque homens vão querer outras, você vai sentir falta de sair e aproveitar com os amigos, você vai trair, vai brigar, vai passar horas com o travesseiro pensando, vai deixar de estudar, vai ficar doente quando acabar, vai achar que é pra sempre, vai se decepcionar, vai quebrar tudo, vai começar a gostar de sertanejo. Vai se distanciar de tudo e todos, vai mudar sem perceber e admitir até a morte que não mudou nada. Tudo bem que há quem aceite isso e continua assim porque o amor vence barreiras, distâncias e essas ladainhas que esse sentimento nos convence. Tudo bem que talvez eu ainda não conheça a vida. Tudo bem... eu só queria dizer que não tenho suportado casais de namorados.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Composições

Assim que cheguei em casa fui tomar banho. Foi difícil te lavar de mim. Cheiro, marcas, lembranças vindo à tona... Senti falta do brinco já tarde e sorri pelas lembranças embaralhadas e quase certeza que tinha sido essa (lembrança) que você levou pra casa. Relembrei os diálogos enquanto a água caia devagar. Quis te agradecer por ter me permitido viver algo que não sabia o quanto precisava. Cantarolei sozinha brincar no teu corpo feito bailarina... Quis escrever eternamente, mas me calei... dessas coisas intensas que te calam porque não há palavras que caibam. Senti saudades antecipadamente e não soube me comportar diante a velha rotina batendo na porta. E eu presa - até Deus sabe quando - ao fim de semana, que não quer desgrudar de mim. "O melhor" como você disse e eu confirmei com um sorriso. Disse tantos sins sorrindo, aliás... Lembrei do primeiro beijo no cemitério e quis não esquecer as sensações que aquilo me causou. Tentei de mil formas inventar um jeito de eternizar nossos minutos e nossas 5093283 conversas, mas me dei conta de que já estava eternizado desde o momento em que demorei mil anos e não consegui colocar sua frase em nenhum parágrafo sequer... aquela que envolvia corpo e Lua e eu disse entusiasmada "escreve, escreve", já pensando no meu futuro texto. Talvez eu não tenha conseguido nenhum texto pra ela porque você escreveu em mim e não há como transcrever isso em papel algum. Pelo menos, ainda não descobri... o que não é tão ruim, porque assim as coisas se tornam só minhas. Nossas. Lembra que me pediu pra ensiná-lo a ler (bons livros)? Como hei de ensiná-lo se quem teve que aprender a ler suas digitais fui eu? Você desenhou no meu corpo e deixou marcas cravadas... e eu tive que (re)aprender a ler meu corpo, minhas verdades, meu juízo e liberdade. Enquanto a água descia e molhava, pensei no "amor inventado" e gostei da minha memória disso, com nós como atores principais cantando "Exagerado". Teve espaço pros segredos de liquidificador no pé do ouvido e seu show particular (bem melhor, admito) de perto. Se pudesse teria feito o mesmo por você, mas você sabe que ainda tenho muito o que aprender. E nessa conversa que já perdemos a conta de qual seja, te beijo no olho, pra você não esquecer de mim.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Choque

Tudo que tocava nela, doía. Se recobria de energia e não parava quieta, ocupando todos os horários do dia, pra não ter tempo de sentir o peso que carregava. Se distraia fácil. Se deixava ser cuidada pelos outros, mas reclamava com um só fiozinho fora do lugar. Perfeccionista chata. Poucos encostavam nela... os choques eram variados. Às vezes bom, outros ruim. O ruim mesmo foi o menino que grudou e não conseguiu soltar. Mas pior foi o único que não levou choque com ela. Agiu com a maior naturalidade. Ela até hoje pensa no mistério que ele carrega. Vai ver é boneco de lata sem coração. Imaginação bonita a da menina. Colorida. Acho que ela sabe esconder tristeza. De qualquer forma, quando ela fica quietinha assim pensando no nada, eu já sei: alguém tocou e machucou. Menina perigosa. Machuca ela própria e os outros... talvez seja uma forma de se proteger. Só aprendeu a se vestir, assim. Quem é que vai despir?

Valor, juízo, escritos...

(Sabe quando você se descarrega escrevendo algo? Foi isso. E depois recebi um abraço cheio de perdão, amor e carinho de uma das amigas de uma das frases... foi lindo, rs.)

As pessoas ultimamente tem me questionado sobre minhas atitudes. "Você não devia ter feito isso", "Não digo nada" (E todos sabem da minha teimosia...), "Você não está se dando valor". E vou parar por aqui, porque essa do valor foi a mais dolorida. Aliás, o que é se dá valor? Acho que as pessoas têm uma noção errada de se valorizar. Meu objetivo com o que escrevo (ou escrevi, especificamente) não é conquistar alguém. É me conhecer, conhecer meus sentimentos, tirar da cabeça e tentar organizar fora. "Assim fulano nunca vai te querer". Eu sou a que mais tenho consciência disso. Eu, por exemplo, odeio pessoas como eu. Mas continuo fazendo não é pra alguém me querer. Faço por mim, pra satisfazer minhas vontades. Não serei hipócrita em dizer que não espero um reconhecimento, mas esse não é meu objetivo inicial. Eu não escolhi escrever, eu preciso e mostro porque acho meio injusto tanta coisa só pra mim. Assim como tem gente que precisa sair, tem gente que precisa dançar... eu preciso escrever. Talvez seja minha forma de perder o juízo, que também é tão questionado. E aí vem mais uma vez a questão do valor... parece que para algumas pessoas se dar valor é virar freira e não permitir que alguém lhe toque. A diferença é que aprendi também dar valor, além do corpo, aos prazeres, as vontades, aos sentimentos, ao que sinto. Que valor é esse que vocês tanto me exigem em mostrar querendo que eu esconda tanta coisa que sobra em mim? Dar valor à omissões o mentiras não me parece certo. E o valor à verdade, a sinceridade consigo mesma? Mas vai ver que no fundo eu nem seja tão ajuizada... e só valha um centavo, mesmo.

domingo, 3 de julho de 2011

Desabafo para Lopes

(De minha viagem à São Paulo, e horas na livraria Cultura, a coisa mais produtiva: comecei e terminei de ler Divã por lá mesmo. É um livro que gostaria muito de ter. E deu uma pena não poder riscar ele inteirinho pra reler minhas marcas, depois. Mas como li ele por lá mesmo, gastei o dinheiro com livros que não li ainda, obviamente. Só peguei emprestado o Lopes da Mercedes... mas quem quiser me emprestar ou dar o livro eu aceito, também. Tem até 25 de Agosto pra fazer as economias.)

O último mês foi difícil, Lopes... Deixei as obrigações de lado pras amadas férias. Quero dizer, se é que um recesso de 15 dias pode ser chamado de férias. Tive que fazer muitas renúncias e escolhas. Mais renúncias que escolhas, admito. Eu fiquei com medo das influências. Às vezes a vida exige tanto que cresçamos na marra. Puxa pelos cabelos e exige uma atitude nova sua. E você se cobra e cansa de quem te cobra, também. Talvez seja amor, Lopes... essa cobrança que eu tanto odeio. Talvez eu nem saiba amar. Talvez é só drama. Mas o que eu mais queria mesmo era liberdade pra ser quem eu quero. A gente sempre depende de fulano. Eu gosto de depender apenas quando escolhi depender. Essas dependências involuntárias me machucam. Recebi broncas por motivos que talvez nem concorde, ainda. Quis coisas. Adiei um tanto de tarefa e cavei um buraco de pensamentos. Sempre os pensamentos... poucas soluções, pra ser sincera, mas reconhecer os erros já é um começo. com saudade mesmo é de ser feliz, Lopes. De ficar feliz, tomar banho de chuva e escolher minha melhor roupa pra ficar dentro de casa. Eu cansei desse intervalo gigante entre duas felicidades e eu sei que ele só vai embora quando eu resolver isso. E eu quero pular, porque eu não sei. De verdade. E olha, eu pensei muito. O problema é que eu discordo de quase tudo, entendeu? Mas se tá doendo é porque tem alguma coisa errada. Então talvez eu deva concordar. Ai, Lopes... eu sempre falo, falo, falo e me convenço de que estou certa. Sou orgulhosa ao extremo. A gente não muda por ninguém, mesmo... só e unicamente por nós mesmos. Sei lá, tem um sol bonito, hoje é dia de feijoada e eu tinha até um tanto de motivos pra ficar feliz, mas acontece que não estou. Porque as coisas tristes sempre sobrepõem as boas. Infelizmente. machucada do lado de dentro. Dessas verdades que saem arrancando tudo, sabe? E nem tem a ver com meninos, dessa vez, acredita? Pois é, talvez eu esteja mesmo evoluindo. Claro que a gente lembra deles pra aumentar o drama, mas não é o principal motivo. É difícil, Lopes... acho que nunca mais vou rir igual.

terça-feira, 14 de junho de 2011

- O que custa me amar?

Ele perguntou como se fosse fácil, assim mesmo. Quanto custava amá-lo. Caralho. Foi a primeira coisa que pensei. Se fosse pra responder em números, não sei quantos zeros cabem no infinito, mas pra ser mais precisa, tentei colocar em sílabas: custa minha incerteza, minha vontade diária e reprimida de te ligar e perguntar como está, o que está fazendo e com quem, custa meus sonhos que não vão muito além de você, custa minhas cartas que sempre arrumam um jeito de te enfiar no meio, custa lembranças inconscientes ao passar na nossa calçada ou ver algo que você gostaria, custa meu tempo vendo coisas que te agradam só pra conhecer um pouquinho mais, custa meu coração acelerado ao te ver, custa a minha contagem regressiva pra te ver sorrir de novo, custa noites perdidas só pra não perder a oportunidade de saber um pouco mais, custa uma Lua inteira sem dono, custa sorrisos na mesa de jantar, custa bochechas rosas, custa minhas mãos perdidas pedindo um pedacinho do seu braço, custa meu olhar procurando o seu, custa a vida de muitas borboletas - que são mortas no meu estômago, tadinhas -, custa minha melhor roupa que sempre uso por você, custa minha criatividade pra te ver feliz, custa minha alma desgastada, custa músicas, custa noites olhando pro teto, custa olhar o celular de minuto em minuto, custa o meu jeito sem graça por falar seu nome sem querer em alguma conversa, custa verdade, liberdade, carinho, carência, argumentos, confiança, saudade... custa tanta saudade, custa prazer, desespero, custa isso. E se pra você isso é como nada, me avisa, por favor, porque pra outro alguém pode ser tudo.

Pequena,

Fui visitar vovô esses dias e quis te escrever dessas pequenezas da vida. Desculpe o atraso, fiquei repassando o sentimento todo dia, pra não perder a delicadeza do momento, espero que consiga.
Sua mãe me ligou, no mesmo dia (datas são só datas, espero que você não se apegue a isso, porque eu não me apego e não lembro rs)... desconfio muito de que você escute nossas conversas, mas vou te relembrar, já que você provavelmente só vai ter acesso a essas cartas, daqui uns anos. Ela me elogiou das fotos que fiz do casamento, disse que o álbum estava muito bonito e agendou uma viagem pra gente. Fiquei tão feliz, Sofia... Vivo dessas esperanças. E as fotos, espero que você se encontre nelas. E me encontre, também. Tem muito do fotógrado nas imagens.
Mas como ia dizendo... (preciso parar de me perder assim...) fui visitar vovô. Ele estava tão bonito pintando a placa pra colocar no estacionamento da padaria, que aposto que você ia se apaixonar por ele. Ele é desses de filme, sabe? Que corre atrás da gente pra brincar, esconde nas cortinas pra dar susto e ainda fala poesia! E fisicamente, tem bigode, barba e careca... deita no chão, faz cosquinha na gente e dá aquela risada gostosa. Eu quis tanto que ele tivesse a mesma energia que teve comigo pra brincar com você.
Acho que você vai ter uma infância diferente. Carioca... até soa bonito. Canção de Chico, Sofia, coisa fina, delicada, assim como você, pétala verde, ainda. Você vai ser dessas que passeiam no parque da cidade de bicicleta. Mas isso não vai tornar menos bonita sua infância, aposto que terá muitas surpresas, também.
Estou adiantando as coisas, pequena. Me perdoe por te jogar o mundo assim na cara, tão cedo, deve ser essa minha mania de viver logo e sempre. Vou ser mais cuidadosa da próxima vez. E juro que saberá disso na hora certa.

Cuida da mamãe,

Nanda.

Por amor ou euforia?

Antônia estava encostada na parede e Pedro olhava, achando tão sexy... como ela podia deixar o pescoço à mostra naquele frio? E os cabelos bagunçados daquele jeito... Pensava em alguém que tinha conhecido há poucos dias e Pedro olhava. Depois de se recompor observando seus movimentos sutis, ele foi até ela. De blusa de manga petra, e a barba por fazer, a imprensou na parede, entre os braços, sem tocar. Ela olhou e sorriu, adorava quem a encarava assim, sem o menor pudor. Desconcentrada com os pensamentos e as faíscas saindo dos olhares dele, escorregou pela parede e sentou no chão. "Levanta", Pedro reclamou usando o imperativo, mas ela sabia que ele não ia ligar se continuasse sentada. Pirraçou por um bom tempo, até ouvir "eu não vou te beijar". E nessa hora, ela levantou como num impulso. Era brincadeira de ter prazer. Ela encostou no seu ouvido, e sussurrou "só por euforia" e ficou brincando de encará-lo também, com toda sua coragem. Talvez ninguém entenda isso de algo ser mais íntimo que um beijo, mas Antônia sabia tão bem... porque não existia no mundo quem a olhasse daquele jeito, quem ficasse com a boca a um milímetro da sua e não beijasse, quem arrepiasse todos seus pelos só respirando perto do seu pescoço, quem olhasse tão sério pra sua boca. Era a proposta mais indecente do mundo. Era a recusa mais difícil. E aí ela perdeu, e o beijou, acabando com todo encanto. Ela sempre acaba. E mordeu, como só ela sabia. Pedro amava o fato dela não conseguir resistir. Pobre Antônia, mal sabia que já era amor.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Heartbreaker

Dessas perguntas que calam o mundo pra você se escutar. E você percebe que nem se conhece tanto, e nem é tão dura quanto parece... Com todas as letras, quis saber se machucou meu coração. Sinceridade. E, pra variar, fui tanto reticências. Mas dessa vez, não pra ele inventar o que quisesse pra mim, nem com ar de mistério. Era vazio. Cenas no cérebro. E interrogação. Machucou, Fernanda? E aí me dei conta que precisava responder e não sabia. Não tinha motivos pra ter machucado, me fez bem e deu todos os avisos antes. E eu sempre fui assim, cuidadosa, com esse órgão. Revisto ele com camisa de força sempre que posso. Mas por que eu demorava pra responder? Talvez foi isso: mordeu e assoprou. Mas o sopro veio com tantas coisas bonitas, que esqueci a dor. Acho que é isso. Tenho quase certeza.

domingo, 29 de maio de 2011

Kiss Me

Tomei banho escutando o meu cantor mais sexy. No escuro. Poucas pessoas tem noção de como essas coisas me fazem bem. Peguei todo aquele meu amor que tava virando montanhazinha pra ninguém e me dei. Aproveitei o meu amor. Coloquei no volume máximo, eu que nunca gostei muito e me entreguei pra mim. Existe forma mais bonita de se amar? Lavava cada célula, assim, sem pensar em muita coisa... só nas pessoas que me perderam, nos que não souberam dar valor, nos que me acharam coisas que não era, nos que me quiseram o que eu tinha repugnância... e pensei no quanto cresci. Me enxuguei cuidadosamente e fui para o quarto descalça. Cabelos molhados, não muito compridos. Não me preocupei em secar e depois de um tempo, notei as leves ondas. E eu, que nunca passo nada pra dormir, demorei um pouco mais me olhando no espelho. Pensei estrategicamente sobre minhas tatuagens e onde ficaria cada uma. Ignorei a mini listrinha entre a cintura e o quadril, escolhi meu melhor creme, acendi o abajur e passei devagar. Borrifei o perfume nos lugares mais estratégicos e abri a gaveta de pijamas. Escolhi o da calcinha com a blusa de manga comprida que me deixava incrivelmente mais bonita. Pensei nas coisas fora do lugar no meu quarto e deixei... conseguia me encontrar na minha bagunça e o ambiente, se parecia comigo. Sim, eu, tão organizada. Arrumei a cama pra dois e dormi sorrindo, depois do boa noite pra quem estava do meu lado: a esperança.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Me aqueça

(Dessas coisas que a gente escreve e reza pra que nenhum parente no mundo saiba o endereço do seu Blog. Tudo culpa do frio esse texto. Juro. Mais ou menos ficção. Mais ou menos.)

Deitei ao seu lado e fechei os olhos. Vou falar algo que não sei se devia, mas deitar ao seu lado é sempre convite pra carinho. E você sempre entende. Fechei os olhos e esperei. Fazia frio. Suas mãos tocaram levemente minhas costas e eu abri um sorriso do lado direito da boca. Desses que não se quer admitir, mas que aprova muito bem a situação. Você estava distraído e eu completamente atenta aos seus movimentos. Escrevendo isso mentalmente. Suas mãos não são uma das minhas preferidas, admito. E eu odeio sua unha roída. Sério, você devia deixar crescer, deixar eu cortar de vez em quando. Inverteria os papeis por você, se quisesse... eu que nunca cortei minhas unhas, mas descobri que sou melhor que meu pai, e só o deixo fazê-lo pra sentar no colo dele e ouvir as histórias. Mas enfim... suas mãos zigue zagueavam nas minhas costas. E de tanto falar no fim do mundo, talvez eu quisesse que acabasse assim. Em paz. Você tem carinho tímido. Mas eu, como diria Monique, "gosto de carinho selvagem". O problema é que você sempre me deixa com gosto de quero mais. E aí eu sempre deito de novo esperando mais. É só por isso que volto. E você sempre entende. Depois de ler minhas costas toda, assim, em braile, foi pra nuca. Quase fingi que dormia, mas nem sei se você prestava atenção... foi quando todos meus pelinhos do braço se levantaram pra te ver. Talvez fosse o frio, mas eu vou te dar esse presente: muito provavelmente eram suas mãos grandes, ressecadas e com as unhas roídas. Pensei em te falar alguma coisa, muitas coisas, na verdade, mas pra não me perder nas palavras, nem interromper nada, preferi o mais seguro. Fiquei em silêncio. Seus dedos começaram a enroscar nos meus cabelos e eu só sabia gostar um pouquinho de você. Me virei pra te olhar e a gente ficou conversando com os olhos. Eu bem mais que você, eu acho. Conversar com os olhos é tão bonito, mas talvez eu tenha me perdido nos seus, puxadinhos, e esqueci de dizer obrigada. E a gente nem se beijou. Desculpa pelo egoísmo, mas é que eu precisava daquilo e não queria - desculpa de novo -, que sua saliva nos sujasse. Peguei nos seus cabelos, e encostei no seu peito mas perdoe a fraqueza... meu egoísmo não me deixou ir muito além. E suas mãos, e seus olhos, e suas costas e sua nuca só são lembranças de outras mãos, olhos, costas e nucas mais bonitas.

sábado, 21 de maio de 2011

Boom!


Todo dia meu mundo acaba. E começa. Deixa um tanto de pergunta e responde poucas. Todo dia escolho algo ou alguém pra fazer meu mundo valer a pena. E todo dia algo ou alguém acaba me deixando triste.
No meu mundo vive minhas pessoas. As que eu escolhi pra morar nele. Não sei se elas sabem o quanto são importantes. Algumas, talvez.
Ouvi uma história, um dia desses, dentro do meu mundo, que todos os mundos iam acabar. Muitos mundos acabam diariamente e ninguém vê... mas todos os mundos de vez causam um certo desespero nas pessoas.
Foi o maior auê no meu mundo. É preciso acabar pra confirmar o que sempre existiu? Comecei a me perguntar o que muitos também se perguntavam: Você está com quem quer? Quem você quer também te quer? Se não, você desistiu ou lutou? Vale a pena? Você está sendo feliz? Ou tentando. Está na faculdade dos seus sonhos? Está alimentando seus sonhos corretamente? Deve desculpas a alguém? Explicação, sim ou não... Quer terminar ou começar? Você amou, ama? Perdoou? Temos tão pouco tempo...
Uma agitação só. Estrelas cadentes tiveram que ser refabricadas pra tantos pedidos que surgiram de última hora. Tantos desejos que deixaram a desejar. Tantas pessoas que deixaram passar... Gente pegando carona nos cometas pra se mudar. Outros, ficaram vendo o sol. Gente rezando, amando, querendo. Teve até quem decidiu regar a planta. Silêncio.
Boom. Estamos vivos! E o que fazemos com as interrogações no ar? Temos pouco tempo, mas temos tempo. Temos tempo de sermos o que queremos. Não é fácil, mas finge que é o último dia. Um dia desses, vai que é. Com quem queria estar? O que queria fazer?

(E aí o mundo acabou.Como sempre acaba: eu sozinha, acordada, com os cobertores e a madrugada. TV ligada.)