domingo, 26 de setembro de 2010

Química, física e história.

Eu não quero. Juro. Eu já sei das coisas imprestáveis. Já sei, já sei. E mesmo que soe péssimo, eu também não presto. Um pouco. Não tão quanto você. Mas enfim. Já decidi.
Não olho mais nenhum contato virtual. Me prometi. Continuo indo pros lugares, porque não vou deixar de fazer nada. Só não paro de escrever, porque você merece um péssimo texto. Além disso, sempre vou precisar escrever.
Eu só tenho vergonha ainda porque não é fácil lidar comigo dizendo não e meu corpo gritando sim. Sempre achei a alma maior que o corpo. Mas já nem presto mais atenção quem tá dizendo o quê, afinal, é tão carnal.
Eu sempre tô fugindo e você sempre aparecendo no meio da minha fuga. E prometo que não é querendo. Eu sei que é puro egoísmo dar valor a um mero corpinho de uns 50 quilos, do que se importar com o seu. E com sua alma pedindo todos os corpos do mundo com mais centímetros de bunda, peito, coxa. Além da série de coisas que envolve uma partida e aquilo de aproveitar tudo o tempo todo.
Acho péssimo as pessoas quererem aproveitar tudo e todos. Talvez, egoísmo de novo. Se enjoar, um dia, talvez... porque tem muitas formas de aproveitar. Mas que se dane. Você que sabe. E eu odeio isso. Porque na verdade, você não sabe, mas deveria saber.
Falando em saber... me desculpa. De verdade. Não tenho culpa da dopamina e da feniletilamina me traindo. Vou ver o que faço com elas. Mas é tão difícil se concentrar em duas coisas opostas ao mesmo tempo.
Não vou mais pensar. E só de pensar em não pensar já estou pensando... é só que os segundos até resolverem abrir a porta da minha casa são eternos e eu nunca sei o que fazer com eles. Nem o que fazer com você. Nem comigo.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Podíamos ser...

Eu podia te ligar, te levar chocolates e mandar uma mensagem de boa tarde, porque ninguém manda mensagem de boa tarde. A gente podia ver o pôr do sol e sair de mãos dadas na madrugada. Podíamos nos esconder, brincar de fazer cócegas e apostar. A gente podia tomar banho de piscina e se beijar onde ninguém jamais beijou. Inventar, descobrir, cuspir... Essas coisas. Eu podia pegar o céu pra você, só pra gente conversar sobre ele mais de perto. Podia roubar flores e olhares. A gente podia se olhar pra sempre. Quem sabe, tirássemos umas fotos e conversar sobre o mundo. A gente podia ser eterno e ternos por alguns dias. Aquilo de “perder algum tempo, sem perder a vida inteira”, sem pedir nada em troca, só por não ter nada nem ninguém mais interessante por perto. Podíamos nos perder, sofrer, rir de chorar e vive-versa. Você podia me mandar "Para uma menina com uma flor" e fingir que foi você que escreveu, aí eu podia dizer espontaneamente "esse menino homem da pele preta não está me deixando dormir sossegada" e a gente podia rir pra sempre das nossas besteiras. Podia escrever milhões de textos e só mandar um horrível, pra no final, você dizer que eu falo demais. E eu ia me odiar por isso. A gente podia até morrer de raiva e só nos desculparmos com um beijo de três mil horas. Quem sabe a gente pudesse inventar mares e surfes. A gente podia subir no prédio e olhar de lá a cidade inteira. Podíamos até ouvir nossas bandas predileta juntos, na grama ou nas nuvens. Você podia me contar o que pensou, fez. Eu podia te ouvir. Você podia me perguntar como foi a aula, a prova, os últimos dias. Eu podia mentir e dizer que fui bem. Você podia não acreditar. Podíamos inventar sabores, misturar as cores, nos misturar. Um dia a gente podia até voar, fugir, voltar, morrer de vergonha. Se você cansasse, a gente podia sentar no meio fio ou na escada e ficarmos sem dizer nada, apenas ouvindo nosso silêncio aconchegante. Podíamos fazer uma fogueira ou um piquenique. A gente podia lanchar nosso carinho. Assistir um filme ruim, só pra não assistir. Comer brigadeiro, ser brigadeiro. Sair nas ruas e pegar o primeiro ônibus que encontrar só pra sair do tumulto. Calar a boca desse povo chato que me deixa vermelha constantemente. Querer seus olhos pra sempre. Você podia querer os meus também. E no fim, eu podia até gostar. E você também. Mas não posso, não podemos... porque "você só sabe amar a Maria Henriqueta..."