quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Avenida Paulista


Horário de pico. Aceito tomar o café com... como é mesmo o nome dele? Tá, deixa pra lá. Starbucks. Eu nem gosto muito assim de café, nem de Starbucks, mas tudo bem. Fora que ele me interrompeu na biblioteca, logo quando estava no melhor momento: descanso nos estudos pra uma música. Tudo bem, tudo bem. É São Paulo. Um gole, três goles. Barulhinho do canudo denunciando que não tem mais nada. Tenho que ir, me despeço com desculpas que já está um pouco tarde, sendo que vai ser o dia que chegarei mais cedo na casa do meu tio. Mentiras sinceras me interessam... Bonequinho verde do pedestre. Passo na livraria e na farmácia. Não compro nenhum livro, minha lista do que tenho pra ler em casa já deve estar na casa dos 30. Compro cera nutritiva para as unhas - que nem tenho mais. Finalmente estou onde estou, sozinha, quase no final das minhas semanas mais estranhas do ano. Eu dei tudo que podia pra essa cidade. São Paulo me sugou, de alma. Fora meus pés cansados, minha cabeça cheia, meu corpo empoeirado. Ando rápido. Observo o skatista que quase me atropela com o som que dá pra escutar através dos fones, a gorda esperando (e comendo, claro) no ponto de ônibus, um casal se beijando melosamente nesse tráfego de humanos (o que eu acho bonito), o homem de terno e gravata, os prédios arranhando o céu, o casal desengonçado indie de mãos dadas, a moça do cabelo rosa, amontoado de gente quase invisível e eu... pequena, vestido azul, só olhando. Olhando como tudo funciona rápido aqui e o quanto gosto. Pensando no quanto estou confusa, com saudade, apaixonada e com medo. Gosto como todo mundo pode ser o que quer aqui. Há sempre espaço. Assustadoramente encantadora. O que assusta, me atrai. "Desculpa", esbarro num homem bonito. Sem querer, só pra deixar claro. Mal percebo, chego. O porteiro que acorda 4h da manhã abre o portão pr'eu entrar no apartamento. Eu sempre acordo mal humorada até ver o porteiro e lembrar que ele acorda 4h da manhã pra abrir o portão pra mim. Sorrio e ele acena... como bons protagonistas de uma cidade que só tem marionetes. E sonhos, e ilusões e imensidões e companhias perdidas. Sorte que eu encontrei alguém com quem almoçar. E tomar café.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Segundos de possibilidades

Ele tinha tudo que eu abomino e tudo que eu amo. Não soube em que focar. Eu só sei que ele salvou a noite com o primeiro diálogo, aquele em que eu não lembrei o seu nome logo quando fomos apresentados e caso errasse na terceira tentativa, ele me pedia o que quisesse. Mas eu acertei e eu que teria que pedir. O que pedir de alguém que acabei de conhecer? Perguntei, quase dizendo um gole de cerveja - que detesto - só pra não ser sincera demais. E aí ele me beijou depois do "isso". Alto, magro, rockeiro e poeta - dependendo do ponto de vista. Fora o nome lindo, que eu nem disse que já pensei em colocar no meu filho pra não ficar parecendo mentira de comédia romântica. Na verdade, eu só escrevi mesmo para não esquecer. Porque por alguns minutos ele foi o melhor possível amor de minha vida. Às vezes a gente tem que guardar essas coisas.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Desabafo

Uma vida inteira de gente te dizendo o que fazer. Eu só cansei de alguém querendo me consertar. Quero alguém pra gostar de mim. Assim.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Dia de chuva

Oi, 

há tempos não te escrevo nada. Aliás, não me lembro de ter sido tão direta assim alguma vez. Chove, agora. Eu permaneço imóvel, na janela, só observando o ritmo e sentindo cheiro de terra molhada. Lembra que estava chovendo quando a gente começou escrever uma música que nunca terminamos? Você tocava e eu cantava. Aí depois você fez sozinho, o que me deixou um pouco irritada, mas extremamente feliz. Lembra que você jogou um balde de água na minha cabeça e me rodou firme até eu ficar absurdamente tonta? Arriscamos molhar o cabelo, a pele, a boca. Sinto saudade de você. Desculpa, não você, você. Mas um você outro, mais perto e acessível, a quem essa carta poderia ser direcionada sem tantas entrelinhas e meios. Sinto falta mesmo é de gente como a gente, sabe? Que se entrega, se declara, se molha. Eu sei que estamos bens. Você aí, eu aqui e um pontinho de saudade saudável. Eu só queria dizer isso pra alguém que vai entender. Você sabe que eu sempre invento oportunidade, intenções e declarações que, eu juro, querem dono. Eu não pensei duas vezes em direcionar histórias pra você porque você também estava disposto. As pessoas precisam estarem dispostas. Eu só ando cansada desse tanto de talento e vida perdida. Desse medo de doer e doar que as pessoas têm. Desse medo de tomar chuva, borrar a maquiagem e a roupa. Gente com medo de abrir a janela, iniciar uma conversa e ser ignorado. Saudade de gente que se arrisca, como nós. De gente que quebra as regras, mas não as leis. Saudade dessa sua coragem, em corpos alheios, de pegar carona pra viajar pra ver alguém. Sinto falta dos sussurros, do segredo, da vontade de desbravar o mundo em segundos. Saudade do nosso amor urgente de primavera, com data de validade. Quero gente assim, que não disfarça saudade ou paixão. Gente que enfrenta gostos musicais diferentes e sotaques estranhos. Gente que só usa o "não" no vocabulário pra preservar o juízo. Observo a chuva, tão despretensiosa, que tenho vontade dessa serenidade depois de muita atitude. "A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.", escreveu João Guimarães Rosa. Ele é um dos meus escritores preferidos, já te disse? Tô com saudade mesmo é da parte de esquentar, entende? Ninguém quer abandonar o conformismo, desgrudar da rotina. Queria que algumas pessoas aprendessem com você. Porque é tanta vida, filme, livro, música (que não existem, ainda) querendo ser vividos que me dá uma agonia de desperdício. E não falo só do meu par romântico, digo também de se entregar aos compromissos pessoais e egoístas. Desse amor próprio que ninguém quer admitir, cultivar. Saudade de aprender a me amar, um pouquinho mais, cada dia. Saudade de gente que se permite. Espero que você esteja melhor do que sempre. Nesse quesito, de se entregar aos compromissos. Aprendi com você. Ainda temos que terminar isso, né?

Se cuida,
do seu amor exagerado,
Fernanda.

P.S.: É, às vezes eu me lembro quando chove... 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Aqui de passagem


E a vida vem, de mansinho, para nos provar que ela quem manda. Mesmo com a gente morrendo de tanta coisa e de tantos desejos. Meros espectadores. Engarrafamento, voo errado, semáforo demorado e nossa felicidade se esconde para uma outra hora. E lugar. Desencontros e esperanças esparramadas no chão. Choro lendo o cartão da amiga - que veio com cheiro e amor, menos presença - e lembro o quanto quero me encontrar. O quanto quero ser o que penso. O quanto queria que nosso maldito voo tivesse sido o mesmo só pra ter a mínima chance dele perceber que nos merecemos, que eu me importo, que a gente combina, mesmo que de longe. Combinar de longe já é grande coisa. Ou então só pra ver ele sorrir meio tímido e me chamar de algum nome que detesto e nem imaginar que só por isso vou explodir uma semana. Ou até mesmo pra saber que a gente pode se ver com mais frequência, se tudo der certo. Minha mãe liga. Ela não sabe que não posso falar poque ninguém pode me interromper nessas horas e reclama, enche o saco e me deixa estressada. Não entendo isso de serem sempre os filhos os compreensíveis. Compro um chocolate, mudo a música porque não quero lembrar o quanto gosto de Eduardo e Mônica, e escuto The Doors. Lembro do menino bonito do fim de semana com a blusa da capa do álbum. Vontade de ficar. Não quero mais ir. Aprendo, muda, que a hora de falar é quando você tem vontade, mesmo. Ninguém adia urgências faláveis. Vê só, nem sei mais o que dizer do jeito de Lady Gaga... Observo o homem de cabelo branco com chapéu na mão e tenho vontade de escutar sobre a vida dele. Mas todo mundo aqui ou está muito apressado ou tem muito tempo. Ele parece apressado. A bateria acaba e sobra espaço no coração e paciência na mente. Sei esperar. Abro o livro e fico enjoada na primeira frase. Estou voltando pra casa cheia. Cheia da barriga e de coisas estranhas, tipo borboletas no estômago sem explicação romântica. Trago a esperança de novas amizades, convites para um dia e o desespero de um mundo gigante. Compartilho histórias com quem não me obriga a fazê-lo. Começo a achar as coisas alcançáveis. Rezo pro futuro estar chegando. Durmo nas instruções do cinto de segurança. A história de amor do piloto com a aeromoça que me deem licença, mas agora eu vou viver.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Sobre signos

No meu bloquinho de formigas...

Fernanda:
Um desabafo: ODEIO CÂNCER!!! Que drama, mimimi.

Elena:
Um apelo: Mais Capricórnio para Ferna! Hahah 

Jéssica:
Uma figurinha: 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Silêncio



- Você tem andado tão calada... o que aconteceu?

(Tenho estado assim para não cuspir em cima desse moralismo barato imposto. Para não tropeçar no meio de suas palavras que pouco me importam. Tenho andado muda para não interromper dramas tão egoístas e importantes. Para não chorar contando que para alcançar alguma coisa tive que desistir de um dos meus maiores sonhos. Para não devorá-lo de um jeito tão medíocre. Para não ser escrota, puta, idiota. Calo-me para não expor tanta discordância. Para não gritar no meio do acorde maior da música preferida, nem escarrar verdades impróprias e arrogantes. Deixo os outros serem. Calada para não sair fogo quando eu falar. Para não morder, mastigar, triturar com os dentes. Para não rasgar o peito ao tomar o fôlego. Para não me desconcentrar no sétimo passo da dança, aquele em que ele me roda. Para não cair porque exagerei nos detalhes do olhar. Para não ser mal criada. E também porque as palavras não acompanham os pensamentos, assim eles são mais livres para existirem. Não digo nada para ir p'ro céu. Para evitar o sono no meio da segunda frase de horror. Nesse caso, palavras não mudam. Evito a saliva para manter o desgaste longe. A língua tem funções melhores. Suja, errada, errante. Sem sons é impossível arranhar os ouvidos. É por isso. O silêncio é mais confortável e sensato, agora. Assim eu escuto melhor.)

- Sei lá, acho que só estou cansada.

O que não deixa de ser verdade.

(...)

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Boa sorte

Ignorou a dor até o último minuto. Até pra doer era racional. Pra esquecer, se ocupou com o canto do passarinho, o problema dos outros, escutou a conversa romântica do casal, se desesperou com o choro do bebê, perdeu de vista o caminho da borboleta, se distraiu com um novo vício no celular. Disfarçou a lágrima com a mensagem que recebeu e o "boa sorte" de quem podia ser amor. Não foi por chatice, teimosia, e essa coisa de não gostar de quem gosta da gente. Esqueceu propositalmente o remédio, tirou o delineador no banho, reclamou com o olhar do corpo nu e quando, finalmente, deitou... doeu. Doeu completamente. Depois da euforia, permitia-se doer. Sua sorte era que não abria mão do sono. Mesmo que ele só chegasse depois que Marcelo Camelo convencesse que "tudo passa". Ia passar. Faltava pouco.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O vento

Nós, tão aliados e confiantes do vento, fomos traídos pelo próprio. Esse mesmo que carrega o ar, o mar, o amor. É sempre assim quando se quer brincar com forças maiores e invisíveis, já percebeu? Sempre nos passam a rasteira. O que me mata é essa impossibilidade de reação. Esta incerteza que não me deixa lutar contra isso. Este desespero de urgência que se aproxima e me deixa cada dia mais sem reação e calada. Tudo grita, tudo dói, tudo esparrama, se esconde, fica, foge. Dentro.

Tempestade, vendaval... tem piedade de quem...

Eu acredito em poucas coisas na vida. Uma dessas poucas coisas é a natureza. Deve ser isso que chamam de fé. Por muito tempo, eu achei que estava certa, convicta. Por um bom tempo, o vento no rosto só vinha para aliviar a tensão do calor. Agora, vejo-me arrastada por um caos embaçado. Nem eu sei o estrago que faz... a vida é curta pra ver. Eu não sei pra onde ir, nem com quem. O máximo que faço é preparar as janelas pra chuva, alongar os cílios. Acho tão pouco.

Juras se desfazendo e eu continuei, até aqui, segurando um certo laço com toda minha pouca força que resta. Lembra que o plano era ficarmos bem? Hora da despedida. Meu voo está começando, meu amor... e eu estou indo pra longe. De verdade, desta vez. Vou no vento e atrás dele. Pela primeira vez, minha casa não é alguém.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Dura

Só não queria que a vida me endurecesse tanto. Tão rápido.
E ardesse tanto. E não fosse tanto. E doesse tanto.
É que hoje eu vi um passarinho.
Quis tanto escrever sobre o passarinho...
O que dizer de um pássaro?

Passou.

domingo, 16 de setembro de 2012

O que eu diria se fosse você.


Ou o que eu diria se não fosse com você. 
Ou o que você diria se... 
Ou que a gente disse.

Diálogos.



- Eu queria tanto que você fizesse Economia...
- E eu queria tanto que você me beijasse... - com as memórias turvas, não lembra se falou mesmo. Mas ele beijou.

- Você continua com o mesmo cheiro.
- Esse é só pra você.
- No segundo encontro já pode dizer o nome do perfume? (tem ciúme dos seus perfumes, explica)
- Tá, eu me rendo... Pure Seduction.
- Você faz jus ao nome.

- Cuida de mim, é sério.
- Você tá feliz.
- Não mereço cuidado porque estou feliz?
- Por enquanto você tem se cuidado muito bem...
- Mas cuida.
- Tá, tô cuidando.

- Fala com ele!
- O aniversário tá chegando, então vai ter pelo menos um parabéns...
- Espero que tenha mesmo haha.
- Por facebook vale, né?
- Não né! Tem que ser pessoalmente + "tenho um presente pra te dar, quando tiver interesse em receber, me avisa" hahah
- Hahahaha. Mas eu nunca falei com o garoto, não.
- Então, você tem 8 dias (tempo que faltava pro aniversário) pra falar e criar intimidade.
- Porque afinal é mais fácil criar intimidade em 8 dias que em 8 meses... hahah
- Mas é claro. Tudo depende da sua disposição e força de vontade. Sob pressão é melhor, haha.
- Hahaha. Qual tal um recado no Facebook melhorzinho?
- Não!
- Pff.

- Conversei um tanto com minha mãe agora, sobre muitas coisas. Tô apaixonada por minha mãe. E apaixonada por você também! Sempre haha
- Hahaha, essas declarações vindas de você assim do nada até desconfio, haha, mas amo seu jeito surpreendente. Eu sempre do mundo, mas sempre te amando. Já me conformei já em tê-la como minha pé de valsa, haha. Te amo!

- Não me morde!
- Desculpa, haha.
(...)
- Você tá mordendo de novo... não esquece.
- "Tem beijo que parece mordida..."
- Perdoada.

- Vi um livro e quase comprei pra você.
- Qual?
- "Como se purificar"
- Hahaha, não quero isso!
- Vou te dar. E outro de yoga.
- Preciso do de yoga.
- Só né? Sei...

- O filme só não é muito bom porque tem pouco tempo de duração.
- Tudo que é bom dura pouco.
- Hahaha
(De fora: - Ela é pior...)
(De dentro: - Ela é a melhor!)

- Eu vivo expulsando as pessoas de mim... E não tenho tempo de amadurecer, cuidar, como ele tá fazendo... deve ser por isso que me sinto tão só. Porque não deixo as pessoas me conhecerem ou gostarem de mim a ponto de me fazer feliz. As pessoas não sabem como se comportar comigo... e com ele só foi. Ele meio que forçou isso, mas tô aprendendo. 
- Esse "deixa as pessoas ficarem" ao invés de trabalhar nele, acredite naquela frase de Bob Marley que o vento tira, sendo nosso, ele traz de volta. As pessoas são efêmeras. E só pra transparecer seu texto de "Luto" que me marcou tanto, deixa as pessoas se eternizarem, mas se eternizarem em você. E elas vão.

- Now you're big girl and you will be more feminine as you are. All the best for you, linda.

- Would you like to marry with me?
- Of course! Haha
 

(...) 
- Vamos marcar pra chorar com filme triste um dia desses (e fingir que a culpa é do filme...). "Agora vem os girassóis do fim do ano..." pelo menos. Tá acabando... não vamos perder a vontade de nos entregar ao compromisso de realizar nossos sonhos. Se cuida.
- Recompensas. Obrigada pela conversa! 
 E se cuide também. Vamos aguentar, viu?! Almost done. Move on.

- Quero ver o mar, mas não com as pessoas que vejo todo dia...
- Mas as pessoas que você vê todos os dias são seus amigos...
- Ou não.

- Qual era seu brinquedo favorito quando você era pequena?
- É pra perguntar pros pais, meu amor...
- Ou responsáveis.
- Sou sua responsável? Haha
- É.
- Bicicleta.
- Ainda é seu preferido, né?
- Não cresço.
- Você é gigante e nem sabe.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Gabriele

Gabriele entrou assustada no bar que sempre achou muito bonito e nunca teve oportunidade de ir. Esperou por muito tempo um convite, uma roupa, uma ocasião perfeita, uma comemoração. Decidiu que ia entrar aquele dia mesmo. Sozinha. 23:12, olhou no relógio, só pro caso de precisar escrever depois. Porque apesar de ter tatuado Caio Fernando (e chorar todos os dias por isso) dizendo "Não há nada a ser esperado, nem desesperado", sempre esperava. E desesperava.

Sentou no banquinho do bar, "1930", e decidiu que ia paquerar o garçom. Tinha uma leve atração por garçons. Principalmente garçons novos, tatuados, altos e carecas. Pediu uma bebida chamada "Sex & The City", uma mistura de tequila com coisas gostosas. Bonita e cara. Sentiu falta de um homem pra escolher algo mais forte pra ela. Tocava um som parecido com blues e o garçom nem olhou pros seus olhos. Não se importou. Distraída, brincava com as gotinhas do copo.

Olhou pra cantora. Cabelo meio raspado, voz meio rouca e o resto dos componentes da banda homens charmosos, provavelmente socialistas rebeldes que abandonaram a faculdade. Não entendia mais esse povo e começou a concordar com Criolo: "as pessoas só estão perdidas". A cantora deu uma piscadinha e ela decidiu brincar de gostar. Gostava mesmo era de gente.

21 anos. Primeiro aniversário sozinha. Desligou todos os celulares, não entrou nas redes sociais. Segundo ano na faculdade. Finalmente estava começando ser. Não que fosse muito, mas pelo menos descobriu que era só isso, mesmo. E que nunca ia parar de procurar mais. Cansada. As lágrimas começaram a escorrer sem pedir permissão. 21 anos. Sozinha, num bar.

Intervalo da banda e foi se exibir no piano de cauda no cantinho. Coldplay. Dedos gritaram na tecla e ao terminar, longo sussurro de palmas. Com os olhos embaçados, voltou a se concentrar no outro copo. Coração batendo forte diante tantos desconhecidos. Apreciava a sensação.

Até que ele levantou, sentou-se do seu lado e disse: "Pra quem foi a música?". "Pra mim. Hoje é meu aniversário e Coldplay é uma das minhas bandas preferidas". "Plágio é feio". Bufou. Não gostava muito de quem não gostava de suas bandas prediletas. Sua filosofia era música. Se quer dormir comigo, péssima maneira de abordagem, pensou. Reparou nele e pensou sua irmã dizendo "você tem essa mania de achar feio bonito né... sua cara". Cabelo bagunçadinho, com barba por fazer. Não deu conversa. O menino levantou e foi ao piano.

November rain.

"Essa foi pra você. Hoje é seu aniversário e Guns N' Roses é uma das minhas bandas preferidas."

Com os olhos cheio de lágrimas percebeu que foi o melhor presente da vida dela. Everybody needs somebody. Sorriu e manteve a conversa por 4 horas e  mais um pouquinho. Contou do amor velho, do novo, e do de sempre. Contou sobre as sua teorias malucas e ele riu quando ouviu ela dizer sem parar algo mais ou menos assim: "O que seria o amor se não deitar na grama pra procurar desenho nas nuvens? Ou fazer da pupila do outro um espelho? Ou não aguentar de saudade e quebrar as regras femininas de conquista? Ou ele assistir espetáculo de ballet e ela de luta? Ou fazer nada e achar o silêncio muito bonito? Ou bater de brincadeira usando a desculpa que tapa de amor não dói? Ou isso que faz parecer qualquer coisa/outro imbecil?..."

"Seria sexo. Tem lá suas vantagens também..." E os dois riram como se a noite fosse infinita. E o amor também.

Nascer do sol. Novo ano. Novas conquistas. Novos desejos.

Agradeceu pela noite e se despediu. Beijo lento como em toda cena de amor tranquilo. De pessoa de 21 anos em paz consigo e com os outros.

"Não vai me dar seu telefone?"
"Me dê o seu. Eu te ligo"

Gabriele nunca ligou.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Blue


(Aspas da migs linda: Letícia)

Eu não sei explicar essa preservação. Não sei nem se o nome é esse. Desaprendi usar as palavras. E me expressar através dela ou fora, por mais que precise. Não sei porque insisto, mesmo que quase inconsciente, em não deixar as pessoas se aproximarem. Não sei de onde vem essa frieza aparente, quando na verdade choro com qualquer solo de guitarra muito bonito.
Eu juro que não queria exigir tanto das pessoas. Ou esperar tanto das pessoas. Acho que esperar é mais correto. E na verdade, odeio esperar. Só queria ser mais tolerante quando no fundo sou sincera demais, (quase) amarga. Só acho que o mundo me desiludiu o bastante para acreditar em historinha de amor. Por mais que ame, muito e sempre. "Você não deixa as pessoas se aproximarem"...
Sabe o que é? Só tenho medo. De cativar e ser cativada. Acabei sendo convencida pelo Pequeno Príncipe, mesmo... Tá bom pra melhorar. Assim tem espaço pra todo mundo e muito pra mim. Eu não sei lidar com isso de paixão, amor, permissão, sem ser louca, e consequentemente, afastar o outro de mim. E doer, doer, doer. Não tô disposta. Quero estudar, que é dolorido, também, mas um pouco mais certo, e me divertir quando preciso. Menos uma cobrança.
("Não é gelo. Parece que você carrega um iceberg aí dentro". Engano. É mar. Gelado e azul... de vez em quando agitado e outras vezes muito calmo. É raro o convite para um banho, mas de vez em quando acontece. Limpo e conservado. Talvez ainda. É enorme, cabe muitos, mas tem poucos. O que acontece é que ele foge do controle quando alguém especial aparece. Maremotos. E haja coração.)
"Não sei o que aconteceu com você depois de Fulano" (...) "Tá bom, teve algo com M, B e V também, mas...". Não é culpa deles. Ou dele. Talvez dos livros ou filmes ou essa coisa que a gente carrega no coração, garganta ou mente. É difícil me apaixonar, mesmo... mas é só medo. Não quero colecionar mais frio na barriga, por agora. Não quero ser um peso. É só que acho muito difícil isso de relacionar. Pra isso o outro tem que tocar. Fundo. Em vários sentidos de "quê" e "onde", entende?
Eu queria ficar... mas ninguém convence e ninguém tem culpa. Queria de verdade que alguém fosse especial por mais de um mês... mas no vigésimo quinto dia a pessoa já acabou com o estoque de frases feitas bonitas. Ninguém completa meus diálogos melhor que minha imaginação. Ou passado. Ninguém conta o número de beijo por conversa, pra ser descontado depois. Ninguém mais usa cachecol. Ninguém é alto o suficiente, e nem falo (só) de centímetros. Ninguém tem bom gosto musical. Ninguém tem um sobrenome que combine com o nome do meu filho. Ninguém tem uma tatuagem que me deixe curiosa. Ninguém mais sabe sorrir, olhar e dar valor a isso. Eu sei que se eu não permitir vou ser o ninguém de várias pessoas. Mas... se esforça pra entender sozinha(o)? Explicar isso é muito dolorido, difícil, confuso e complicado.
Olha, quando aparecer, serei da pessoa, como fui de alguns poucos. Só acho que isso não vai mudar com um beijo ou uma conversa a mais. Ou é ou não é. Chances, chances. As pessoas tem que valorizar a primeira. Já me dei chances demais pra saber que não é por isso que  vou mudar. Por enquanto. Amor é fácil... assim como eu. Pena que raro também. Facilitaria se alguém concordasse comigo.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

SMS. Sinto muita saudade.

Saudade. Daqui e de palavras. E de tempo. Saudade de fazer cartas. Oficina do diabo, até, sinto falta. Saudade de me arrepender... Tô aprendo lidar com a rotina, o auto controle e muita disciplina. Tomara que dê certo. Pelo menos ainda tenho tempo para algumas mensagens. É o que tem salvado esse turbilhão de movimento e trabalho quase fordista a que tenho me submetido. Poesia do dia a dia.

"Mande um sinal de vida de onde estiver, dessa vez..."

J: ele é lindo e riu da sua situação, amou. ele falou sem eu nem dizer nada, só contando da história: "essa sua amiga tem o que ela quer, na hora que ela quiser" umbeijo haha
F: nem é. mas quando é, eu não quero. "ah, bruta flor do querer...". fala que desse jeito ele que me tem quando quiser. fácil...
J: "ela tá me desafiando. falei dela, não de mim. difícil..."
F: hahaha. bem melhor.
J: o que destrava ela não fala!
F: pra destravar só tocando... sabe-se lá o quê e onde.
J: "tocando... quando ela vem aqui?"

A: topa um cupcake no villa cake mais tarde? só pra atravessar agosto... :)

J: ainda nos surpreendemos com você "e eu como sempre..."

L: bom dia, florzinha de agosto!

G: dá um crédito maior pra ele...
F: trocamos bactérias e salivas! quer crédito maior que esse? haha
G: hahaha

M: tava difícil pra sentar do seu lado, fofa.

V: lembrei de você hoje. como vai?
F: que saudade!
(...)
F: se eu não passar em nada desejável, vou fazer cursinho em São Paulo.
V: você também? vamos fazer cursinho juntos!
F: vamos morar juntos! haha. minha proposta é melhor.
V: vamos! bem melhor. se você se acostumar com minha tarantula de estimação...
F: tarantula? a gente podia criar um gato, ao invés disso.
V: revezaremos na cozinha então, rs.

F: tô num dilema. queria alguém como você pra me ouvir, mas tenho que sair agora.
C: ligue-me, se for o caso.
F: agora você gosta de falar no telefone?
C: não, mas atendo se me ligar.
F: nem eu, mas eu ligo.
C: certo, então :3

I: "Não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade" ;)

V²: quero só ver quando você vai enfrentar a estrada pra me ver

B: sociologia tá gigante, princesa de rua.

F²: sonhei com você.
F: sonhou quê? Ouunn...
F²: você me ligava falando assim "se você não vier hoje nem fala mais comigo". aí eu buscava você em um prédio e a gente ia no pontão comer e ficava conversando corta e a gente tava tipo numa praça conversando, aí não lembro mais.

Nem dá pra ser triste assim... tenho pessoas  lindas. Obrigada por salvarem esse mês. E essa vida. Quanto aos meus escritos, minhas palavras só mudaram de endereço e caracteres. Estou aprendendo lidar com números. Mas eu volto... sempre volto.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

SMS

Eu: "Vou sentir saudades"
Fofa: "Só dele?"
Eu: "Não, de você também"
Fofa: "Mais de mim então! Ele foi consequência... homens sempre são".

Foi. Consequência de impulso e desejos. Consequência de permissão, amor próprio e uma liberdade estranha. Consequência de deixar se conhecer. Consequência de uma viagem quase forçada. Consequência de medo e coragem numa mistura afrodisíaca. Consequência de uma curiosidade absurda. Consequência de troca de olhares focados, diante dezenas de pessoas. Consequência da vontade de dançar música junina com tão poucas opções, na minha seleção. Consequência de amar homens de cachecol. Consequência de um São João esperançoso. Consequência de uma amiga descoberta. Consequência de show brega e gente carente. Consequência de mim com vontade de ser a melhor. Vou sentir saudades...

domingo, 17 de junho de 2012

Ácida

É só impaciência com vontade de "deixa estar". É preguiça de transformar "não" em "sim". É muito esforço para reconhecimento que não é imediato. É muita pressa. É pensar nos outros forçadamente. É mãos atadas, pés descalços e vontade de deixar as dores do dia anterior, de tanta dança, só doerem... É vício na hora errada e desejos no ano errado. É um auto controle chato de controlar. É necessidade de tatuagem, música e sono. É vontade repentina de uma bebida muito forte. Pode ser ciúmes, paixão ou brincadeira. É vontade de não acreditar e acreditar. É desejo de escutar um "parabéns" pelo motivo mais idiota. É vontade de ligar sem ser má interpretada, ou não ligar e não ser cobrada. É consciência pesada e castigo-próprio. É muito mais que isso, mas não me faça explicar... deixa eu ficar...

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Jeito manso


A gente não suporta barulho que não seja provocado por nós. 
A gente podia compôr uma música. 
Eu começo. Dedilha-me.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Vermelho

- O que me deixa mais feliz é o que mais te dói. Você não acha um tanto injusto?
- Pelo menos você tá feliz.
- Um dia você ainda vai estar só comigo... de alma.

Quanto mais eu conheço gente mais eu volto pra ele. Não vou usar "você" dessa vez. Não quero mais uma carta jogada na gaveta. É só uma historinha boba pra quem quiser ouvir. Não importa quem queira ouvir, eu quero contar. Sobre ele, não você. Eu me apaixono de vez em quando (de vez em quando mesmo), até descobrir que a pessoa é nerd demais ou romântica demais ou alternativa demais ou canalha demais pra mim. Não estou reclamando. Sempre amei nerds, românticos, alternativos e canalhas, mas só não me encaixo nisso. Não inteiramente. Não sei definir esse tanto de vida que carrego e o mundo vive pedindo definições. A gente tem que pertencer a alguma coisa, lugar ou crença. Apesar de ter sido feita de laços de muitas cores e tamanhos, sempre acho que meu grupo é feito de duas pessoas: eu e ele. Grupo sem nome porque não tem o que explica. É só aquele lugar que você gosta de quem você é. Lugar onde você fala besteira e tá tudo bem. Lugar onde alguém se parece um pouco com você e você não se importa de ser. Cansei dessa montanha russa de coração, misturada com viagens e provas e frio na barriga e responsabilidade. Só queria um lugar pra ficar quietinha, um lugar pra descansar o olhar totalmente a vontade. Ele sabe que quando fico em silêncio digo muito mais. Era isso: tinha muita coisa pra dizer.

terça-feira, 29 de maio de 2012

"seitas estranhas proclamam que o teu destino ainda não se cumpriu"



(foto do lindo do meu tio Gabriel Delano)
"Céu de Brasília
Traço do arquiteto
Gosto tanto dela assim
Gosto de filha música de preto
Gosto tanto dela assim"

Eu não quero mais visitar Brasília. Não quero mais foto de turista. Não quero viver tão longe do Senado. Não quero ter que correr e chorar porque não deu pra ver todo mundo que gostaria. Não quero ser mera espectadora daquele céu de um dia. Quero rotina no Parque da Cidade, quero domingos na Biblioteca. Quero sentar perto da fonte e ficar observando a dança das águas até esquecer que estou atrasada pra universidade. Quero fazer um poema novo sobre pessoas novas, sentimentos novos e cidades novas. Quero visitas na república, kitnet ou apartamento de dois quartos. Quero entender as ruas largas e os esconderijos de quem nunca vê ninguém. Quero pagar um real pra ficar na biblioteca do templo da LBV e ler meu livro predileto. Não quero ter que me explicar, arrumar mala, acumular frio na barriga. Quero o "boa viagem" de lá pra cá. Quero cantar o hino no hasteamento da bandeira e morrer de calor no Sol. Quero os passos de minha madrinha e as fotos do meu padrinho. Quero passear por vitrines caríssimas e continuar achando o mundo mesquinho, estranho e hipócrita. Quero pagar muito caro num sorvete pra comemorar. Quero indie rock ao vivo. Quero ser a melhor cliente da lojinha de camisetas que fica próximo a torre. Quero entender Renato Russo de perto. Quero ônibus lotado e lago vazio. Quero me lembrar todos os dias que a UnB foi uma das minhas maiores dores (e alegria). Quero me perder, ligar pra minha mãe e dizer "não entendo os pássaros daqui". Não quero mais tanta prova. Não quero mais olhar pro lado pra atravessar a rua. Quero passarelas e músicos pedindo um trocado. Não quero mais ser interpretada. Quero ver pessoas bonitas e metidas. Quero ter um bar legal pra ir. Quero morrer de saudades do mar. Quero que essa cidade seja meu cenário. A trilha sonora é comigo. Quero explicar que isso é muito além de me prender, de fugir e que eu não sei explicar. Quero encontrar Lucas no pior dia da semana, sair pra comer Mc e xingar todo mundo que conhecemos. Quero ver Camila e finalmente, poder ir com ela, em algum lugar com classificação 18 anos, sem morrer pra entrar. Quero sair com Wanwan e dizer que a gente agora pode sair sempre, mesmo que eu só vá vê-lo nos recitais de piano. Quero me arrepiar numa ópera. Quero ligar pra Felipe ir me buscar porque tá chovendo e amar porque está chovendo. Quero ver Hian num mês difícil e lotá-lo de dramas pessoais. Quero passear com Thamirys. Quero ouvir meu pai reclamar do clima e reclamar que eu não vou me adaptar, também. Quero um emprego e uma tatuagem, e não ligo se precisar acordar 5h da manhã (mentira). Quero que minhas irmãs se apaixonem por minha comida, mesmo que eu só saiba fazer brigadeiro. Não quero mais 61. Quero parar pra assistir um jogo de basquete numa quadra qualquer e perguntar o nome do cachorro da minha vizinha. Quero tirar uma foto da árvore amarela. Quero assistir a final carioca no Píer e ver Móveis Coloniais de Acaju. Quero ser caloura da @whoisophia e ter coragem de conhecer outras arrobas tão, anonimamente, queridas. Quero falar que talvez ela estivesse um pouco errada, mas que eu ainda continuo achando um dos melhores textos que já li. Quero passagens aéreas mais baratas e fáceis. Quero ficar mais perto de São Paulo. Quero comemorar com Thiago porque a gente conseguiu. Quero logo, antes que eu mude, antes que eu tenha dúvida de novo, antes que eu desista, seja tarde ou eu tenha uma ataque cardíaco. Quero rir do excesso e falta ideal que eu acho que é Brasília. Quero participar disso. Quero uma placa de carro do distrito (mesmo que seja só a placa, rs). Quero conhecer o bendito Cine drive-in. Quero contar um segredo, pra alguém, na parede da Catedral. Quero colecionar realizações de desejos. E por fim, não quero ter que fechar a mala pra quatro dias...

domingo, 27 de maio de 2012

Luto

Meu peixe morreu. Vou sentir falta de saber que tem um ser vivo respirando comigo no mesmo lugar todas as noites. Mesmo que em um mundo bem menor que o meu. Quantas vezes não quis me afogar naquele aquário, também... e aposto que se ele fosse peixe gente, ia querer trocar de lugar comigo. Só tínhamos uns aos outros, mesmo com linguagens, tempo, idade e tudo diferente. Éramos da gente. Eu o alimentava, em troca de mais uma distração, ocupação. Limpava sua casa, pedia pro Bob Esponja te cuidar enquanto eu não estivesse. A gente não quer acreditar na morte. Nunca quer. Mas se tem uma coisa que acredito, é que morte é eternidade e aqui, passagem. E ele se eternizou. De repente, suas nadadeiras pesaram demais e alma ficou levinha. Alma leve é quase felicidade. Mas o que mais me doeu foi seu nome... que eu nunca dei ou sempre trocava. Lembra que eu disse que seu nome podia ser o dos meus amores e quando você morresse meu amor atual era o que seria pra sempre? Eu quase chorei por isso. Porque não sei mais o que é amor. Ou nunca soube. Ou talvez aprendi um tempo, mas achei que estava enganada depois. Lembrei da última pessoa e tive que me confirmar: mas amor não é beijo íntimo, não é? E ninguém se mexeu. Você deitado com a boca aberta e eu com a garganta presa. Me deu uma vontade danada de pegar o telefone e dizer "meu peixe morreu... e aposto que vou ficar uma semana pensando sobre meu amor atual-eterno que eu disse que deveria ser o nome dele, e agora?". Aposto que meu ouvinte não ia entender nada. Ou fingir que não entendeu e me fazer explicar cada vogal; provavelmente. E lá ia eu contar mais uma versão da mesma história. Continuo cheia de drama, de vontades, de reclamações e de vontade de mudar o mundo. Continuo querendo ser Deus pra ressucitar meu peixe e dizer que ninguém que eu gosto pode me deixar primeiro. Ninguém que eu gosto muito deve ir embora, porque isso é tão raro. E ninguém que eu gosto muito pode se eternizar, porque dói. "Não foi você que disse que nas melhores histórias alguém morre no final?", talvez meu ouvinte perguntasse. Só meu peixe sabe o que eu responderia.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

"Que perder seja o melhor destino"

Eu não sei mais o que fazer de mim. Com essa vontade de querer explodir o tempo inteiro. Com a falta de reciprocidade, com o excesso de carinho, com o excesso de vontade. Não sei mais o que fazer da gente. Com "gente" incluindo amigos, famílias e amor. Não sei. Só não queria me sentir tão responsável por tudo. Só não queria ser tão responsável por tudo. Saudade de ser leve. Minha dureza agora transborda até pelos olhos. Dura e fria. Conselho pra dormir, fazer, doer. Tem que doer mesmo. Eu só queria que doesse com alguém grande e bonito segurando minha mão o tempo inteiro. Eu só queria que doesse suportando a alegria dos outros. Tenho me sentindo suja, errada. Qualquer coisa é motivo pra chover, também. Pelo menos tá frio e tá indo. Pelo menos tá doendo. Sinal de que tô viva, não é? Sinal de que alguma parte precisa mudar. Quem dera eu não soubesse o que era. E quem dera (não) dependesse só de mim.

Sempre acaba

- É uma pena que tenham lhe roubado seu maior amor do mundo.
- Mas sabe qual nossa sorte?
- Qual?
- Tenho um pequeno amor do mundo gigante.
- Eu sei. Mas eu também sei que não é o suficiente pra você... apesar de ser pra mim.
- Bem, é o que tem pra hoje né? rs
- É o que tem pra sempre. Mesmo que você não acredite muito nisso.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Colecionando

Se você soubesse os diálogos que guardei teria mais cuidado com a próxima palavra.

sábado, 5 de maio de 2012

"Vai chover, vai chover desilusão"

Abri o piano, cuidadosamente, tirei o paninho vermelho e dedilhei qualquer coisa. Senti falta de quando uma música saia facilmente. Senti falta de me expressar, de alguma forma. Senti o excesso sobre os ombros e inventei uma música nova. A escala musical, e tudo bem. Ainda sei onde fica o dó. Lá. Minha dor aqui. Faltou conversas, pessoas, lágrimas, lista de música decorada. Desilusão. Falta de forças e abraços pra repor. Sei lá, sabe. No fim só nos resta seguir em frente, mesmo. Mas não deixa de ser cansativo, dolorido, difícil. "Keep calm and carry on" foi o que alguém me disse no meio de um abraço. Só tenho isso pra acreditar. Que seja suficiente.

sábado, 21 de abril de 2012

Marketing + Botafogo = amor.

A estrela é origem. As estrelas são destino. Observar estrelas é diferente de ver estrelas, que é diferente de ter estrela, que é diferente de ser estrela, palavra forjada em fogo, matéria prima da vida, que mutante, muda o brilho, embalada elo verbo.
Injustamente limitada pelo seu número de pontas, o seu conteúdo e luz são matéria prima do infinito. É isso. O infinito é feito de estrelas, que por sua vez, com a licença da ciência, é feita de sonhos, fogo e emoções.
Para os que duvidam que estrelas são feitas de sonhos, fogo e emoções, destacamos uma, sagrada, visível a olho nu, recém chegada a esse palacete, e que é a única matéria que, a despeito de manufaturada, é força da natureza nascida da energia de um encontro.
O encontro de histórias nascidas de conquistas, tecnologia, gols, golaços, compromissos, lágrimas, moda, técnica, saltos, elegância, heróis, costumes, gritos e silêncios reverentes. Um encontro histórico de marcas, referências de excelência e glórias, que concebeu uma estrela de primeira grandeza, com lugar cativo na constelação imortal do futebol: o uniforme oficial do Botafogo de Futebol e Regatas.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

- Fica comigo.

- Eu estou, como sempre estive.
- Você entendeu.
- Não.
- Não entendeu ou não fica?
- Não fico, menino.
- Por que?
- Não insista, você sabe que eu ficaria, se quisesse.
- Mas você quer.
- Eu não vou.
- Por que?
- Porque eu não lembro a última vez que a gente ficou e eu não quero alimentar essa lembrança. Porque eu não sei mais como é e tenho medo de gostar muito da sensação. E de você. Porque eu sempre tenho vontade de te beijar, e se for bom, só vai piorar. Porque já tenho vícios o suficiente. Porque eu sei as consequências disso, e apesar de muitas boas, não quero enfrentar as ruins. E porque eu não quero ter um último beijo pra lembrar.
- Então que seja o primeiro.
(...)
- Tava com saudade de você.
- A gente não tem jeito.
- Ou a gente não perde o jeito? rs
- Talvez nos perdemos pra nunca perder a emoção de mais uma primeira vez.
- E mais um primeiro beijo.

Que, um dia, sejam incontáveis.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Me diz

Tava precisando saber qualquer coisa nova sua. Nem precisa ser bonita, nem grande, nem importante. Podia até ser um "nasceu uma pinta nova em mim", "quero um cachorro" ou "estou com cabelo branco". Não queria que parecêssemos tão esgotados, mesmo que estejamos...



Só pra saber mesmo, nasceu alguma pinta nova em você?

segunda-feira, 9 de abril de 2012

"Com açúcar, com afeto": seu cafuné.


Deitei na cama e te pensei. Na verdade, quando você disse que precisava de um cafuné o texto já surgiu quase pronto de algum lugar do Universo. Pensei em dormir, ouvir música, beber água, dançar, assistir televisão, mas não tinha jeito... tinha que te fazer cafuné nem que tivesse que inventar um novo meio de transporte. Tinha que te cuidar, de alguma forma. Nem sei porque, mas tinha. Comecei deitando carinhosamente sua cabeça no meu colo. Cabeça pesada e com dores. Deixei você repousar tudo ali. O cansaço acumulado, o estresse, a impaciência, tudo isso muito gritante e sem nome que você sentia. Fiquei só te olhando, enquanto você descarregava o excesso sem culpa. Enquanto não sobrava mais espaço pro "foda-se" impaciente. Enquanto você ainda não tinha certeza se achava meu colo meio duro, acolhedor, ou os dois. Era só silêncio. Talvez uma música baixinha de Vinícius. Aí eu te toquei, acordando todas as células boas do seu corpo, te lembrando dos seus músculos esquecidos, do seu corpo desleixado e da sua mente cansada. Devagar, deixava meus dedos divagarem na sua cabeça. Te lembrava fios de cabelo esquecidos, demorava um pouco mais na nuca, cantava mentalmente. Você já quase completamente entregue ao sono, lutava pra não perder mais um fogo de artifício. Sua mente totalmente entregue em mim, e minhas mãos, parte preciosa de qualquer mulher, somente suas. Já sem motivo pra timidez, deixei meus dedos passearem pela sua bochecha, a barba mal feita, as rugas que surgiam no sorriso disfarçado. Leve massagem facial e sopro nos lugares certos. Como uma mágica, num suspiro indesejado, finalmente adormeceu... e sonhou com o resto.

sexta-feira, 30 de março de 2012

O que não é dito é lembrado

Acredite, os melhores escritos não são ditos. Às vezes nem escritos. Tão pouco expostos. Minhas melhores palavras são sussurros, propostas indecentes, destinatários errados. É tudo que não pode, não deve, não. Meus melhores textos estão onde tem a plaquinha "Proibido" e a gente vai fundo. Vai fundo, discretamente. Coloca até um tanto de livro em cima pra sufocar, disfarçar. O que não é visto, não é lembrado, já diz o ditado. E o que não é escrito, não é visto. Portanto, os melhores sempre serão segredo. As melhores frases sempre ficam presas entre quatro paredes, quatro ouvidos e uma boca. O melhor texto é quando não é preciso falar, é quando de tão grande e intenso, se sente, sem nenhum "a". É a explosão explícita. Ou então é a solidão de quando todos foram embora mas a música ainda não parou de tocar. É o mais íntimo, o mais dolorido, o mais sincero. Aqui, eu só escrevo os restos. O resto de tanta (falta de) vida e (excesso de) sentimento. Escrevo o que fica arranhando pra ter dono. E que se não tiver, deixa que alguém crie um. Faço por prazer, besteira, amor. No fundo, eu sei é que a minha caixa de papéis coloridos ainda tem muitas coisas indizíveis. Coisa que não se admite, não se pede, não se escreve, mas existe... existe.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Vamos morar na Lua?

Hoje o céu estava tão bonito que se eu fosse poeta escreveria um poema, com umas 12 ou 15 palavras , dessas que ficam na memória da pessoa o dia inteiro, dizendo o quanto eu queria te dar ele de presente. Mas tudo que eu quero dizer parece grande demais pra caber em versos rimados. De qualquer forma, se o fizesse, começaria mais ou menos assim: "Hoje o céu estava tão bonito..." Eu sei que você ia amá-ló. Talvez até gostasse um pouco de mim por ter te apresentado o infinito mais lindo que já vi na minha vida. Sabe quando você vê algo e imediatamente pensa em alguém? Não sei porque você foi o primeiro. É que era tudo tão bonito que talvez você amolecesse seu coração e sensibilizasse com alguma nuvem. Talvez até tivesse vontade de compor uma música, nem que seja só no batuque. Se eu te dissesse um "oi" sob aquele cenário valeria a pena toda minha vida. Mais bonito ainda seria meu primeiro "Eu te amo" e você ia me olhar com a pupila dilatada e eu achar que era "eu também", mas nunca teria certeza. Na tela, o sol estava indo embora e só despontava as estrelas mais fortes, as mais brilhantes, as que vem em primeiro lugar. Aquelas que pedem licença pro sol pra dizer que a noite tá chegando e agora é a vez delas se mostrarem brilhantes. As nuvens que ficaram, cinzas, alaranjadas e rosadas pareciam brincar de esconde-esconde. Eu juro que se acreditasse em Deus pedia pra embrulhar de presente pra você. Ou então pra pausar o tempo num tempo suficiente pra você ver e sorrir, também. Nem corri pra pegar a máquina dessa vez, pra não perder um movimento sequer. Foi tudo muito intenso, (e)terno e lindo, como só a gente poderia ser, se não fosse mais um movimento da Terra.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Eu não vou me adaptar

"Ela falou que você estava mudada, não gostava de mais nada..." foi assim que começou uma discussão hoje sobre diferentes pontos de vista, diferentes gostos e má interpretações. Eu gosto de muitas coisas. Muitas mesmo. A única diferença é que eu não tenho necessidade de compartilhar isso, até porque muitas vezes ou sou ignorada (por um gosto incomum) ou levam na brincadeira. Infelizmente, eu não estou satisfeita com muitas pessoas que ando convivendo e não preciso fingir que gosto. Não preciso fingir que gosto pra chamar a atenção ou conseguir as coisas que quero. Eu nunca gostei de nada. Nada do que a pessoa se referia ou gostava. Agora só não faço mais questão. Porque eu aprendi, um pouco tarde, que talvez a certa seja eu. Eu, que vivi 17 anos nessa vida me achando a pessoa mais errada de todas, agora me aceitei. Assim mesmo. Aceitei ser a minoria. Aceitei gostar de coisas estranhas e pessoas, também. Só não aceito desrespeito e mal educação. Pelo menos não perto de mim. Então, enquanto ainda tiver a liberdade de ignorar, reclamar ou me expor, irei. Caso esteja errada, fica na responsabilidade do tempo, que me ensinou há poucos dias: eu, que muitas vezes quis ser normal, me mudei pro que sempre fui.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Andei contando.

93284209 coisas que deram errado e não eram pra dar nos últimos dois dias.  
4783989 pontadas de cólica na barriga hoje.
29832019 lágrimas ontem e hoje. 
32187312837 estresses ontem.
743202444612 saudades. 
104 coisas pra fazer.
12 músicas.
3 abraços.
1 beijo. 

Orgulho, teimosia e egoísmo.

Trabalhemos nisso.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

"...tenha a fineza de desinventar"

Eu passei a festa inteira toda chata. Procurando motivos pra ir embora ou ficar, dando atenção pra minha unha, fingindo sorrisos. Quase não dancei, pouco comi e nem podia chocolate pra me salvar. E aí, quando convenço todos a irem embora por mim, encontro o motivo, na porta da saída, que me faz querer ficar: você. Champanhe do lado, lágrimas nos olhos e sozinha. Sabia que daria um bom texto. De repente, eu me senti muito pequena e ridícula por estar odiando aquela festa, porque você, por menor que seja o motivo, tinha justificativa pra chorar, e por mais que clichê que soe, eu ainda acho que grandes garotas choram. Eu não tinha visto nada mais bonito nessa noite. Nem a cerimônia do casamento, nem os velhinhos no altar, me fizeram encher os olhos d´água. Foi você que me fez querer ficar em pé lá do seu lado e saber o que houve. E querer contar estrelas e a gente morrer de rir, até você esquecer porque chorava e eu esquecer de perguntar. Talvez bebida, talvez escolhas, talvez dúvidas, talvez vontade, talvez nada. Não sei lidar com as tristezas alheias... com a minha, até que temos uma convivência quase diária e bem, mas a alheia... Não se chora só de tristeza, eu sei, e você disse. Mas numa festa de casamento, com um champanhe do lado e cara de tristeza: alegria não é. Desculpa, você é péssima mentirosa. Porem, foi muito romântico justificar que foi a cerimônia... acho bonito pessoas que se emocionam com isso, porque eu, particularmente, não vejo graça. Não sei o que foi, não sei se "Fica bem" melhora, ajuda ou piora. Mas eu prometo, no abraço que te dei, eu deixei um tanto do meu melhor. Espero que nossos corações tenham feito bom papel e a paz tenha chegado onde deveria. No fundo eu sei que só consegui recolher uma lágrima, que veio junto com um fio de cabelo. Desculpa. Sou péssima com isso.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Enrolada...


Enrolava. Uma mecha de cada vez. Sem pressa. Era dia de colocar em prática uma das suas principais características. En-ro-lar. Até falava devagar, quase se orgulhando, mas sabia das vantagens e desvantagens de tal verbo. Não por acaso, adorava a frase "temos todo o tempo do mundo..." de uma de suas músicas preferidas, ironicamente chamada "Tempo perdido". Perdia tempo, mas não se importava em adiar a arrumação dos livros jogados na cama. Alguns até dormiam com ela. Enrolava pra amar, porque achava necessário e importante. Gostava de escrever em terceira pessoa sobre si mesma porque achava que o impacto era menor. Se enrolava entre linhas. Se enrolava entre espaços ou falta de. Fisicamente, ficava de conchinha e interiormente se escondia como caracol. Enrolava a verdade, mas não mentia... era só falta de coragem de encarar as consequências de deixar pra depois. Enrolava. Enrolava a linha, pra costurar corações; a fita da sapatilha, pra conseguir se equilbrar; a fita de rádio que herdou dá avó, pra sentir. Enrolava pra escrever porque na última hora é sempre quando todos os sentimentos não tem medo de aparecer. Achava sincero. Mais uma mecha de cabelo. Pensava enroladamente nele. Bem devagar pra o sentimento ser sustentado até o final. Enrolada na toalha fazia uma declaração de amor ao vento. Cobria a alma e se enrolava de proteção, através de muita oração. Proteção. Pura reticências, tinha sempre algo a ser dito e algo que não foi dito. Enrolava as palavras. Enrolou o beijo, deixou durar. Enrolou a saudade e confundiram com embrulho de presente. Presente quase grego, enrolou o elogio... não por não gostar, mas por  avaliar cuidadosamente o quanto gostou e saber qual será o tom de voz pro "muito obrigada". Enrolava todas ligações do mundo, porque odiava falar ao telefone, mas se esforçava pra melhorar. Tudo devagar e ainda tinha coisa que passava despercebido. Enrolava a "desculpa" porque essa era difícil de sair de dentro da alma sinceramente. Mas uma coisa sobre a menina enrolada era certa: tinha o maior cuidado em não enrolar as pessoas. Segundo ela, só pode se enrolar  pessoas em abraços apertados e gigantes, sejam duplos, triplos ou infinitos. Enrolar pessoas não parecia justo. Talvez por isso, depois de tanta enrola, ela queria mesmo era dizer: "não me deixa enrolada". E no papel enrolado no bolso, ele encontrou: "Desenrole meus cachos, meu juízo, meu status, minha toalha. Desenrole sua paciência. Desenrole meus segredos. Desenrolo seus desejos. Desenrolemos o tempo..."

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

E você volta pra me ler como se eu tivesse que dizer alguma coisa sempre... e o problema é que eu tenho. E eu volto pra te ver como se você tivesse que ser visto o tempo todo... e o problema é que não tem. Não tem.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

I miss you

Quando vim pra cá tive saudade dos meus amigos de casa, da família, de Lucy. Quando estava aqui, senti saudades quando viajei o fim de semana e alguns amigos daqui não puderam. Quando voltei, morri de saudade do que ficou no fim de semana. E agora, juntou tudo e resolveu doer um pouquinho, no meio de tantos sorrisos. Já tô quase voltando e isso assusta. Mas como diria meu professor daqui, de fotografia: "It's not real life. It's ilusion.". Deixa eu sonhar, deixa. Porque pela primeira vez eu quero estar muito acordada. Porque pela primeira vez eu acho que era assim que deveria viver. Acumulando saudade. Palavra intraduzível. E linda. Pela primeira vez pareceu ser certo. Vou sentir falta. Já sinto.

- One French Vanilla, please.
- With sugar?
- And love.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Nunca tive medo de altura

Tive que ir muito alto para descobrir o que estava extremamente perto: o mundo é muito grande e eu ainda tenho muito amor para dar e receber. Da CN Tower a gente pode ver o quanto somos pequenos, o quanto nossos problemas não mudam nada no mundo, o quanto eu queria mostrar o que eu estava sentindo e dizer: foi pra isso que eu subi aqui. Último andar, 8 dólares a mais pra descobrir que não é isso que eu quero. Isso que eu achava que eu queria. Era só um pozinho embaçando a vista. Eu quero o mundo. Foi lá em cima que eu descobri que há coisas e pessoas melhores pra mim, com cerca de trezentos e sete milhões de oportunidades de acontecer... talvez tenha sido Deus soprando no meu ouvido, já que fisicamente estávamos mais perto. Eu soube que é tão pouco o que sinto diante tanto movimento... e principalmente, que é tão mais pouco pros envolvidos, que deixa estar. Ainda tem muita coisa pra acontecer, muitas pessoas pra virem... porque as que foram, foram. Talvez por escolha própria, expulsão ou cansaço. Arranhei meu nome no céu, fiquei na ponta dos pés e escrevi nas nuvens. As estrelas guardaram meu segredo em troca de esperança. No fim das contas, eu não sei mais quem você é, mas pouco importa, porque eu sei que eu só sou alguém num dos lugares mais altos do mundo. Quem precisa de detalhes? De cima eu tive certeza: quero ir mais longe. Mais alto. Mais bonito. Mais feliz. Mais.




Agora é minha vez!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Na estacao...

(Sorry, não tenho acento, tentei consertar o máximo com a péssima verificacao de ortografia do Blogger, mas...)



St. Clair Station

(cerca de 8:32 pm)

Acabei de dar duas moedas para o menino tocando violão estacão... dia cansativo e provavelmente não vai ser legal chegar em casa muito tarde, mas eu gosto disso e confesso que foi a salvacao mais linda dos últimos dias. Como se dissesse "olha, você esta sentindo o que esta vendo?". Tinha tempo que não havia parado pra escutar musica, talvez eu só esteja sensível o suficiente por causa disso. Talvez tinha esquecido a sensacao, ou talvez estava precisando do meu Moleskine. Tenho preguica de entender o que ele esta cantando, mas eu gosto do ritmo. Vontade de arte, amar e dançar a dois com alguem aqui. Estacao vazia, mas lotada de mim e solidão. Saudade de casa. Não pensei que sentiria falta, já que muitas vezes achei que não tivesse raízes profundas, mas eu sinto. Na caixinha do cantor, umas moedas esparramadas, que nada se comparam ao seu talento. Fico pensando porque ele veio pra cá, sendo que e bom o suficiente pra tocar num ótimo bar. Segunda a noite...  he`s crazy. Estou aprendendo pensar em inglês. Adoro esse tipo de gente. Vontade de ir la, abraca-lo e dizer "obrigada por isso. Você e lindo.", mas isso não e visto com bons olhos na atual sociedade. Saudade. Ele esta me lembrando que sinto saudade e que tenho sido feliz... Acho que preciso ir.

(Nova pagina no Moleskine:)

"HELLO STRANGER,
THANK YOU!
YOU WERE THE BEST PART OF MY DAY, I HOPE SOMEONE CAN DO THE SAME FOR YOU ONE DAY."




Rasguei e coloquei na caixinha do violão, junto com mais algumas moedas. Não foi o suficiente. Ainda não sei como agradecer por paz.