terça-feira, 31 de maio de 2011

Heartbreaker

Dessas perguntas que calam o mundo pra você se escutar. E você percebe que nem se conhece tanto, e nem é tão dura quanto parece... Com todas as letras, quis saber se machucou meu coração. Sinceridade. E, pra variar, fui tanto reticências. Mas dessa vez, não pra ele inventar o que quisesse pra mim, nem com ar de mistério. Era vazio. Cenas no cérebro. E interrogação. Machucou, Fernanda? E aí me dei conta que precisava responder e não sabia. Não tinha motivos pra ter machucado, me fez bem e deu todos os avisos antes. E eu sempre fui assim, cuidadosa, com esse órgão. Revisto ele com camisa de força sempre que posso. Mas por que eu demorava pra responder? Talvez foi isso: mordeu e assoprou. Mas o sopro veio com tantas coisas bonitas, que esqueci a dor. Acho que é isso. Tenho quase certeza.

domingo, 29 de maio de 2011

Kiss Me

Tomei banho escutando o meu cantor mais sexy. No escuro. Poucas pessoas tem noção de como essas coisas me fazem bem. Peguei todo aquele meu amor que tava virando montanhazinha pra ninguém e me dei. Aproveitei o meu amor. Coloquei no volume máximo, eu que nunca gostei muito e me entreguei pra mim. Existe forma mais bonita de se amar? Lavava cada célula, assim, sem pensar em muita coisa... só nas pessoas que me perderam, nos que não souberam dar valor, nos que me acharam coisas que não era, nos que me quiseram o que eu tinha repugnância... e pensei no quanto cresci. Me enxuguei cuidadosamente e fui para o quarto descalça. Cabelos molhados, não muito compridos. Não me preocupei em secar e depois de um tempo, notei as leves ondas. E eu, que nunca passo nada pra dormir, demorei um pouco mais me olhando no espelho. Pensei estrategicamente sobre minhas tatuagens e onde ficaria cada uma. Ignorei a mini listrinha entre a cintura e o quadril, escolhi meu melhor creme, acendi o abajur e passei devagar. Borrifei o perfume nos lugares mais estratégicos e abri a gaveta de pijamas. Escolhi o da calcinha com a blusa de manga comprida que me deixava incrivelmente mais bonita. Pensei nas coisas fora do lugar no meu quarto e deixei... conseguia me encontrar na minha bagunça e o ambiente, se parecia comigo. Sim, eu, tão organizada. Arrumei a cama pra dois e dormi sorrindo, depois do boa noite pra quem estava do meu lado: a esperança.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Me aqueça

(Dessas coisas que a gente escreve e reza pra que nenhum parente no mundo saiba o endereço do seu Blog. Tudo culpa do frio esse texto. Juro. Mais ou menos ficção. Mais ou menos.)

Deitei ao seu lado e fechei os olhos. Vou falar algo que não sei se devia, mas deitar ao seu lado é sempre convite pra carinho. E você sempre entende. Fechei os olhos e esperei. Fazia frio. Suas mãos tocaram levemente minhas costas e eu abri um sorriso do lado direito da boca. Desses que não se quer admitir, mas que aprova muito bem a situação. Você estava distraído e eu completamente atenta aos seus movimentos. Escrevendo isso mentalmente. Suas mãos não são uma das minhas preferidas, admito. E eu odeio sua unha roída. Sério, você devia deixar crescer, deixar eu cortar de vez em quando. Inverteria os papeis por você, se quisesse... eu que nunca cortei minhas unhas, mas descobri que sou melhor que meu pai, e só o deixo fazê-lo pra sentar no colo dele e ouvir as histórias. Mas enfim... suas mãos zigue zagueavam nas minhas costas. E de tanto falar no fim do mundo, talvez eu quisesse que acabasse assim. Em paz. Você tem carinho tímido. Mas eu, como diria Monique, "gosto de carinho selvagem". O problema é que você sempre me deixa com gosto de quero mais. E aí eu sempre deito de novo esperando mais. É só por isso que volto. E você sempre entende. Depois de ler minhas costas toda, assim, em braile, foi pra nuca. Quase fingi que dormia, mas nem sei se você prestava atenção... foi quando todos meus pelinhos do braço se levantaram pra te ver. Talvez fosse o frio, mas eu vou te dar esse presente: muito provavelmente eram suas mãos grandes, ressecadas e com as unhas roídas. Pensei em te falar alguma coisa, muitas coisas, na verdade, mas pra não me perder nas palavras, nem interromper nada, preferi o mais seguro. Fiquei em silêncio. Seus dedos começaram a enroscar nos meus cabelos e eu só sabia gostar um pouquinho de você. Me virei pra te olhar e a gente ficou conversando com os olhos. Eu bem mais que você, eu acho. Conversar com os olhos é tão bonito, mas talvez eu tenha me perdido nos seus, puxadinhos, e esqueci de dizer obrigada. E a gente nem se beijou. Desculpa pelo egoísmo, mas é que eu precisava daquilo e não queria - desculpa de novo -, que sua saliva nos sujasse. Peguei nos seus cabelos, e encostei no seu peito mas perdoe a fraqueza... meu egoísmo não me deixou ir muito além. E suas mãos, e seus olhos, e suas costas e sua nuca só são lembranças de outras mãos, olhos, costas e nucas mais bonitas.

sábado, 21 de maio de 2011

Boom!


Todo dia meu mundo acaba. E começa. Deixa um tanto de pergunta e responde poucas. Todo dia escolho algo ou alguém pra fazer meu mundo valer a pena. E todo dia algo ou alguém acaba me deixando triste.
No meu mundo vive minhas pessoas. As que eu escolhi pra morar nele. Não sei se elas sabem o quanto são importantes. Algumas, talvez.
Ouvi uma história, um dia desses, dentro do meu mundo, que todos os mundos iam acabar. Muitos mundos acabam diariamente e ninguém vê... mas todos os mundos de vez causam um certo desespero nas pessoas.
Foi o maior auê no meu mundo. É preciso acabar pra confirmar o que sempre existiu? Comecei a me perguntar o que muitos também se perguntavam: Você está com quem quer? Quem você quer também te quer? Se não, você desistiu ou lutou? Vale a pena? Você está sendo feliz? Ou tentando. Está na faculdade dos seus sonhos? Está alimentando seus sonhos corretamente? Deve desculpas a alguém? Explicação, sim ou não... Quer terminar ou começar? Você amou, ama? Perdoou? Temos tão pouco tempo...
Uma agitação só. Estrelas cadentes tiveram que ser refabricadas pra tantos pedidos que surgiram de última hora. Tantos desejos que deixaram a desejar. Tantas pessoas que deixaram passar... Gente pegando carona nos cometas pra se mudar. Outros, ficaram vendo o sol. Gente rezando, amando, querendo. Teve até quem decidiu regar a planta. Silêncio.
Boom. Estamos vivos! E o que fazemos com as interrogações no ar? Temos pouco tempo, mas temos tempo. Temos tempo de sermos o que queremos. Não é fácil, mas finge que é o último dia. Um dia desses, vai que é. Com quem queria estar? O que queria fazer?

(E aí o mundo acabou.Como sempre acaba: eu sozinha, acordada, com os cobertores e a madrugada. TV ligada.)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Faz um pedido

Acordei hoje e ao sentar, para esperar o portão abrir, senti as dores da noite anterior. Dores físicas e emocionais. O sono que demorou de chegar e eu deitada na cama escutando Capital Inicial. Repassei dor por dor, como se só estivesse acordado de fato aquela hora, 6 e pouquinho. Me lembrei de dizer "que seja doce" ao coçar os olhos e veio um cílio nas mãos, dos meus olhos que tantas vezes te quiseram. Olhei para o cílio preto na minha mão e pensei nas mil possibilidades de te pedir, sem qualquer outra pessoa envolvida. Quero dizer, que não tivesse escolha pro erro... só minha mão esquerda com a mão direita, quase juntas numa só oração. Soube que aqueles segundos de esperança seriam os mais bonitos do dia, independente do que vi(v)esse. Mas decepcionando cada célula arrepiada do meu corpo, coloquei os cílios no traço do meio do "M" de maracutaia de toda mão e soprei. Dei de presente não te escolher hoje. E o vento levou o cílio mais bonito do dia...

...será que ele foi parar por aí?

(Te beijo nos olhos, bagunço a sobrancelha e ensino carinho de borboleta... só pra encostar o dedo indicador no seu, e querer que faça o mesmo pedido que o meu.)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Seduzir um sedutor

Eu enjoo fácil. Sempre fui a inveja das amigas ao não querer atender o telefone, bloquear no MSN e não se importar por ele estar com outra na festa, depois de poucos dias.
De repente, conheci esses, responsáveis pelo quase... responsável por minha insegurança. Desde quando eu me tornei insegura por isso? Desejos reprimidos. Briga diária de coração e emoção. Logo eu!
Gostei de ficar... foi quando desisti de ir embora. Porque, no fundo, "eu gosto é do estrago", gosto mesmo é de liberdade... o medo de ser verdade, a dúvida de ser mentira, a incerteza, os impulsos. Colocar exclamações e interrogações no meio da reticências, e onde eu bem entender. E se não entender, a gente se entende, mesmo não se entendendo.
É, mesmo não sendo. Coisa sem nome. Mas coisa bonita... não é preciso dizer pra legitimar, é?

Pétala dengosa

(Eu sei que beija-flor não "beija" pétala, mas sejamos românticos e bonzinhos...)


"Você tem mãos de menina estudiosa", ela disse tentando consertar com acetona o estrago semanal. "Por que?", perguntei alguns segundos depois, por ter interrompido meus pensamentos. "Porque sua mão e unha estão sempre sujas de caneta". Sorri... e ela nem soube que cheguei em casa e borrei a unha só pra falar do que ela tinha pintado: "dengo" e "pétala".
"O que houve?" "Com o quê?" "Com você... você nunca quer claro e ainda pediu pra cortar!" "Ah, sem graça, ?" "Demais... deixa eu te mostrar esses escuros novos pra te animar" (...) "Deixa pra semana que vem." "Ihhh, tá mal, hein?" E clarinha.
Eu gosto da minha manicure. Gosto como ela fala do mar que nunca viu e gosto quando ela respeita quando vou com iPod e respondo com monossílabas. Gosto dela xingando a patroa e falando cheia de orgulho do filho... Gosto como ela cuida da minha mão. E ela gosta de como sou uma boa cliente e só digo um "ai!" com os raros bifes... Gosto como ela morre de rir das minhas desgraças.
Mas eu só queria dizer mesmo que, agora, sou "pétala" e "dengo". Admito que peguei no "dengo" só pelo nome, mas me pintei dele... não só a unha, quero dizer. Me pintei de cintilante rosa claro. Deixei meus desejos falarem e a falta da realização deles reclamarem. Fiz poesia manhosa, dessas que a gente torce para estreitar distâncias e caber num abraço telepático. Pedi cafuné e quis fazer. Inventei diálogos para me satisfazer. Birra pra comer chocolate. Terminei Vinícius de Moraes. Fui doce, leve, silenciosa.
"Pétala" eu sempre fui. Pedaço de flor. Às vezes sou "bem-me-quer", outras não. E às vezes, bem me querem. Tem muitas pétalas ao meu redor. De vez em quando murcho sozinha, me afasto, deixo estar. Outras, dá vontade de ser mais colorida que as outras. Agora pequena, escondida, esperando chuva pra gente se ver. Mas quem sabe quando o sol aparecer, eu não surjo junto com ele, ? Enquanto isso, espero o dia em que o tal beija-flor vai me escolher. Não por ser uma pétala mais bonita, colorida ou cheirosa (apesar de serem grandes atrativos), mas só por ser... aquela que ele viu e quis que fosse ela. Sou eu?
Aí Cláudia (é o nome da minha cuidadora de unha) falou "Pronto. Ficou bonito.". Pensei "ficou eu"... será que ela ia entender? Afinal, quem entende?

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Let's put a smile on that face

Estou triste. Assim, mesmo, de uma vez. E não quero que façam nada com minha tristeza. Eu até queria, mas não queria ter que falar isso, pra alguém ficar do meu lado em silêncio. Eu sei o quanto estou errada. Não quero discurso, nem conselho, palavras positivas, nada. Só quero dizer que estou triste.
Juro que não é desses dramas comuns. É porque a dor do outro sempre parece menor quando é no outro. Mas não sentir, não significa que não está doendo. E dói. Aí a gente coloca na playlist corta-pulso e fica, fica... deixa doer.
Eu cansei dos mesmos erros. Meus próprios erros. Tenho consciência do quanto cada vez é pior, e "vou errando enquanto o tempo me deixar". Vontade de ligar pra qualquer pessoa só pra ficar ouvindo uma respiração e saber que vale a pena.
Há quanto tempo minhas bochechas não doíam tanto pra não chorar na frente de alguém... e depois, eu desabava sozinha. E deixava as lágrimas se misturarem com a água do chuveiro que caia devagar e lavava tudo, menos a alma.
Queria lavar a alma. Pegar uma bucha e esfregar as manchinhas que estão criando. Queria me fazer de novo. Nova. Diferente. Bonita. Tranquila. Responsável. E sempre o mesmo discurso... sempre, sempre.
Prometo que é até agora. Até me prometer de dedinho, que agora é diferente. Que as fotos coladas na minha parede pedem isso, que meus sonhos pedem, que meu coração pede e que vale a pena. Tem que valer. É só um intervalo entre duas felicidades.

domingo, 1 de maio de 2011

Carta para mim

(Inspiração: http://www.youtube.com/watch?v=GjzgQnR64F8)

País das Maravilhas, de quando era dele.

Oi ,

Aproveita, menina. Você vai sentir falta do abraço, do beijo, das mensagens. Quando ele disser qualquer coisa bonita, guarda pra sempre. Se esforce pra não esquecer. Demonstre. Chore, se precisar. Vai voar. Você nem vai ver. Quando perceber, ele já partiu. Então dance, beije, grite. Vai ser uma das épocas mais bonitas de sua vida. Você com esperança fica mais assim... Não esconda os sorrisos que aparecem só ao sair na rua e lembrar de algo que ele falou. Dê valor ao invalorizado. Guarda o desenho e não deixa a flor murchar. Regue todos os dias e faça durar mais um pouquinho. Só eu sei o quanto você vai sentir falta de querer ir pros lugares pra vê-lo. Você, que pouco gosta de festa. Só eu sei o quanto você vai querer voltar. Só eu sei o quanto vai lembrar ao passar na rua. Só eu sei dos planos mil com as amigas que nunca davam certos. Então, agora ele é seu. E é de outras, também. Mas é seu e isso que importa. Não deixa ele ir. Só mais um pouquinho... Leia a mensagem duas vezes, conversa mais no MSN, sinta. Se permita. Porque só eu sei do quanto vai sentir falta...

Um beijo, se cuida. E cuida dele, também.
Fernanda, de agora. De ninguém.