terça-feira, 23 de outubro de 2012

Sobre signos

No meu bloquinho de formigas...

Fernanda:
Um desabafo: ODEIO CÂNCER!!! Que drama, mimimi.

Elena:
Um apelo: Mais Capricórnio para Ferna! Hahah 

Jéssica:
Uma figurinha: 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Silêncio



- Você tem andado tão calada... o que aconteceu?

(Tenho estado assim para não cuspir em cima desse moralismo barato imposto. Para não tropeçar no meio de suas palavras que pouco me importam. Tenho andado muda para não interromper dramas tão egoístas e importantes. Para não chorar contando que para alcançar alguma coisa tive que desistir de um dos meus maiores sonhos. Para não devorá-lo de um jeito tão medíocre. Para não ser escrota, puta, idiota. Calo-me para não expor tanta discordância. Para não gritar no meio do acorde maior da música preferida, nem escarrar verdades impróprias e arrogantes. Deixo os outros serem. Calada para não sair fogo quando eu falar. Para não morder, mastigar, triturar com os dentes. Para não rasgar o peito ao tomar o fôlego. Para não me desconcentrar no sétimo passo da dança, aquele em que ele me roda. Para não cair porque exagerei nos detalhes do olhar. Para não ser mal criada. E também porque as palavras não acompanham os pensamentos, assim eles são mais livres para existirem. Não digo nada para ir p'ro céu. Para evitar o sono no meio da segunda frase de horror. Nesse caso, palavras não mudam. Evito a saliva para manter o desgaste longe. A língua tem funções melhores. Suja, errada, errante. Sem sons é impossível arranhar os ouvidos. É por isso. O silêncio é mais confortável e sensato, agora. Assim eu escuto melhor.)

- Sei lá, acho que só estou cansada.

O que não deixa de ser verdade.

(...)

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Boa sorte

Ignorou a dor até o último minuto. Até pra doer era racional. Pra esquecer, se ocupou com o canto do passarinho, o problema dos outros, escutou a conversa romântica do casal, se desesperou com o choro do bebê, perdeu de vista o caminho da borboleta, se distraiu com um novo vício no celular. Disfarçou a lágrima com a mensagem que recebeu e o "boa sorte" de quem podia ser amor. Não foi por chatice, teimosia, e essa coisa de não gostar de quem gosta da gente. Esqueceu propositalmente o remédio, tirou o delineador no banho, reclamou com o olhar do corpo nu e quando, finalmente, deitou... doeu. Doeu completamente. Depois da euforia, permitia-se doer. Sua sorte era que não abria mão do sono. Mesmo que ele só chegasse depois que Marcelo Camelo convencesse que "tudo passa". Ia passar. Faltava pouco.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O vento

Nós, tão aliados e confiantes do vento, fomos traídos pelo próprio. Esse mesmo que carrega o ar, o mar, o amor. É sempre assim quando se quer brincar com forças maiores e invisíveis, já percebeu? Sempre nos passam a rasteira. O que me mata é essa impossibilidade de reação. Esta incerteza que não me deixa lutar contra isso. Este desespero de urgência que se aproxima e me deixa cada dia mais sem reação e calada. Tudo grita, tudo dói, tudo esparrama, se esconde, fica, foge. Dentro.

Tempestade, vendaval... tem piedade de quem...

Eu acredito em poucas coisas na vida. Uma dessas poucas coisas é a natureza. Deve ser isso que chamam de fé. Por muito tempo, eu achei que estava certa, convicta. Por um bom tempo, o vento no rosto só vinha para aliviar a tensão do calor. Agora, vejo-me arrastada por um caos embaçado. Nem eu sei o estrago que faz... a vida é curta pra ver. Eu não sei pra onde ir, nem com quem. O máximo que faço é preparar as janelas pra chuva, alongar os cílios. Acho tão pouco.

Juras se desfazendo e eu continuei, até aqui, segurando um certo laço com toda minha pouca força que resta. Lembra que o plano era ficarmos bem? Hora da despedida. Meu voo está começando, meu amor... e eu estou indo pra longe. De verdade, desta vez. Vou no vento e atrás dele. Pela primeira vez, minha casa não é alguém.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Dura

Só não queria que a vida me endurecesse tanto. Tão rápido.
E ardesse tanto. E não fosse tanto. E doesse tanto.
É que hoje eu vi um passarinho.
Quis tanto escrever sobre o passarinho...
O que dizer de um pássaro?

Passou.