terça-feira, 1 de novembro de 2011

Doces ou travessuras?

(Escrevi ontem, mas tava com preguiça de digitar dois posts, então... vai um pouco atrasado, mas antes tarde que nunca, né. E tá um pouco diferente do que costumo e gosto de escrever, mas.)

Dia das Bruxas.
Resolvi ir lá em Seu Edmundo, só pra comemorar sozinha. Gosto dos costumes americanos e me importo muito com doces e travessuras. Incensos, abóboras, sais compridas, velas, santos e tudo no clima. Era minha primeira vez. Segui as regras: não cruzar nada e rezar pros santos gostarem de mim. Pensei na hipótese do amor fantasma, claro... mas logo afastei os pensamentos afirmando que meus objetivos eram outros.
Sentei em frente a Dona Sinhá, que era minha preferida. Ela perguntou como eu ia e eu perguntei o que tinha pra mim. Olhou pras cartas e fixou nos meus olhos. "Não, menina. Agora não. 18 anos". Aceitei, confiando nos pandeiros divinos.
Aí ele veio, uma criança. Ficou rindo de mim e me chamou pra brincar. Ofereci doces e lá se foi. Depois Dona Cinhá mudou a fisionomia... homem, velho, sabia reconhecer facilmente. Ele não quis doces. Sério, pediu minha mão.
- Minha filha, você é muito bonita.
- E se vê boniteza pela mão, Senhor?
- Se vê alma, pela mão, menina. Alma sua é bondosa. Iluminada.
- Obrigada?
- Não há de quê. Há verdade. (...) Tá com saudade, é?
- Talvez.
- Talvez não responde nada, moça. Mas não precisa responder.
- Não gosto de responder. Gosto de perguntar.
- Eu sei, eu sei. Tem alguma pergunta a fazer?
- Tenho muitas, mas quero fazer a certa.
- Então faça, menina, não pense tanto.
- Ele gosta de mim?
- Hahahaha, ô menina... você é engraçada.
- Tá vendo, aposto que escolhi a pergunta errada.
- Não, não.
- Não gosta ou não escolhi errada?
- Moça, você sabe.
- Não sei, Senhor. Por isso que tô aqui.
- Você vai passar de ano.
- Por que ele não gosta?
- Não vou responder... isso é coisa feia. Só posso responder coisa sua.
- Moço, ele não é meu, então?
- Ninguém é de ninguém, e você sabe que é a maior defensora disso.
- Às vezes eu quero alguém.
- Você quer a sensação de ter alguém.
- E não é a mesma coisa?
- Não, são coisas totalmente diferentes.
- Então me diz, vai. É ele?
- Você é menos sábia do que pensava. Claro que é!
- Mas isso não significa que ele goste, certo?
- Certo.
- E significa o quê?
- Talvez.
- Você não disse que talvez  responde nada?
- E você não diz que é nada?
- Você não sabe de nada. Tchau!
- Espera... afinal: doces ou travessuras?
- Travessuras, por favor!
- Você é estranha.
- Eu só respondi que quero travessuras, o que tem de estranho nisso?
- É que você é doce... e quer travessuras.
- Tá errado?
- Tá estranho.
- Por favor, me dá travessuras!
- Você é teimosa, hein... mas terá, terá.
Aí Dona Cinhá voltou toda sorridente. Pensei cá com meus botões... "se a conversa do velho for certa...", não há nada de certo nessa vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu recado após o sinal: bep.