terça-feira, 13 de novembro de 2012

Aqui de passagem


E a vida vem, de mansinho, para nos provar que ela quem manda. Mesmo com a gente morrendo de tanta coisa e de tantos desejos. Meros espectadores. Engarrafamento, voo errado, semáforo demorado e nossa felicidade se esconde para uma outra hora. E lugar. Desencontros e esperanças esparramadas no chão. Choro lendo o cartão da amiga - que veio com cheiro e amor, menos presença - e lembro o quanto quero me encontrar. O quanto quero ser o que penso. O quanto queria que nosso maldito voo tivesse sido o mesmo só pra ter a mínima chance dele perceber que nos merecemos, que eu me importo, que a gente combina, mesmo que de longe. Combinar de longe já é grande coisa. Ou então só pra ver ele sorrir meio tímido e me chamar de algum nome que detesto e nem imaginar que só por isso vou explodir uma semana. Ou até mesmo pra saber que a gente pode se ver com mais frequência, se tudo der certo. Minha mãe liga. Ela não sabe que não posso falar poque ninguém pode me interromper nessas horas e reclama, enche o saco e me deixa estressada. Não entendo isso de serem sempre os filhos os compreensíveis. Compro um chocolate, mudo a música porque não quero lembrar o quanto gosto de Eduardo e Mônica, e escuto The Doors. Lembro do menino bonito do fim de semana com a blusa da capa do álbum. Vontade de ficar. Não quero mais ir. Aprendo, muda, que a hora de falar é quando você tem vontade, mesmo. Ninguém adia urgências faláveis. Vê só, nem sei mais o que dizer do jeito de Lady Gaga... Observo o homem de cabelo branco com chapéu na mão e tenho vontade de escutar sobre a vida dele. Mas todo mundo aqui ou está muito apressado ou tem muito tempo. Ele parece apressado. A bateria acaba e sobra espaço no coração e paciência na mente. Sei esperar. Abro o livro e fico enjoada na primeira frase. Estou voltando pra casa cheia. Cheia da barriga e de coisas estranhas, tipo borboletas no estômago sem explicação romântica. Trago a esperança de novas amizades, convites para um dia e o desespero de um mundo gigante. Compartilho histórias com quem não me obriga a fazê-lo. Começo a achar as coisas alcançáveis. Rezo pro futuro estar chegando. Durmo nas instruções do cinto de segurança. A história de amor do piloto com a aeromoça que me deem licença, mas agora eu vou viver.

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