quarta-feira, 29 de maio de 2013

Metade, platéia. Metade, canção.

Eu tinha que arrumar um lugar pra colocar todo o amor que as pessoas expulsam. Amor é exagero, é demais, requer atenção, tempo, dedicação. O coitado fica lutando para existir nesse mundo apressado, de gente que quer mais vantagens que merecimento. Tão espremido, e tão forte. Só quer um alguém para descansar a loucura. Da palestra do Alcoólicos Anônimos, o silêncio quebrado que me perdoe, mas não vou esquecer da conversa do padre, com um dos participantes: a gente tem 100 pontos de amor, se você pudesse distribuir, como seria? Depois de algumas tentativas de respostas, uma réplica: isso não se divide. Use-o completamente, quando estiver com quem ama. Só que o padre esqueceu de uma coisa importante: muita gente não quer 100 pontos de amor. As pessoas não estão dispostas. Dá trabalho, machuca, dói. Por isso danço, escrevo... para o amor ser o que ele quiser. Para, apenas assim, o amor ser Gigante, com letra maiúscula onde eu bem entender. Transbordar no corpo, nas palavras, na respiração contada e bem planejada. Na postura ereta, no cuidado com o pa de deux. Na improvisação, no passo, no que foi decorado e estudado. Assim, ele é uma eterna busca da perfeição, do aprimoramento, do cotidiano, do desejo de, da dor e da recompensa. O amor é completo com a gente, mesmo. E só na arte ele transborda... porque nenhum ser humano é capaz de suportar tanto amor assim, de graça.

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