quinta-feira, 1 de maio de 2008

"O amor morde"

Sorte minha que tenho um anônimo poeta me dizendo que lembro Carlito e escrevendo comentários de chorar.

"Acredito, por fim, naquela teoria em que as pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim, mais esteve sempre claro pra mim que o dia se funde através de uma multidão de matizes e entonações, a cada momento que passa. Uma só hora pode consistir em milhares de cores diferentes.
Amarelos céreos, azuis borrifados de nuvens. Escuridões enevoadas.
No meu ramo de atividade, faço questão de notá-los.
Já que aludi a ele, o único dom que me salva é a distração. O que me instigou a tomar uma decisão consciente e deliberada — fazer da distração minhas férias. Nem preciso dizer que tiro férias à prestação. Em cores...
E voltamos sempre ao mesmo lugar, não importa a hora ou a cor do dia, acabamos da mesma maneira que chegamos: sós. No meio do caminho é que nos conhecemos e, só depois, conhecemos os outros. Já cheguei a ter a certeza de que vivemos para os outros, ou pelo menos precisamos deles. É um ciclo vicioso. É sempre aquela coisa de amar e ser amado, ter uma certa retribuição por tudo que tu faz. Fazer as coisas sempre pensando no que vai ganhar em troca. O amor não é assim. O amor não é o que esses poetas idiotas querem que você pense que é. O amor tem dentes, morde, e as feridas nunca cicatrizam. Nenhuma palavra, nenhuma combinação de palavras pode fechar essas feridas, é o inverso, se as feridas secam, as palavras morrem com elas. Então fazemos as coisas não pelo que se vai ganhar com isso, mais pelo simples prazer de fazer. Quando você se apaixona por alguém, não pede que ela se apaixone por você, não espera que ela seja um apoio, ou um guarda-costas, pra te manter sempre segura. Você espera simplesmente por ela. Por isso dizem que "gostamos das pessoas por suas qualidades, mais as amamos por seus defeitos". Na prática também é assim, ou pelo menos agente tenta."

E não é a toa que a A Menina Que Roubava Livros é um dos meus livros prediletos! E nem que Anônimo é um dos meus leitores prediletos, também...

3 comentários:

  1. A primeira vez que apareci, deixei claro que não era a intenção brincar de ‘Sofies verden’ com você. Só depois que já tinha enviado o comentário me perguntei se você saberia o que isso significava.
    Sofies verden, ou Mundo de Sofia, é a obra de Jostein Gaarder, publicado em 1991. É a história de uma menina chamada Sofia, que pouco antes de completar quinze anos começa a receber bilhetes e cartões postais bastante estranhos. Os bilhetes são anônimos e perguntam a Sofia quem é ela e de onde vem o mundo em que vivemos. O livro ó ótimo, depois que você decidiu que filosofia vai ser sua carreira e o dicionário o seu melhor amigo (rs). Mesmo assim acho a história fascinante. Aconcelho, num futuro não tão distante.
    Imagino o que não deve passar pela sua cabeça quando vê todos esses meus elogios e criticas, ‘quem ele acha que é?!’, ‘o que ele acha que sabe sobre a minha vida?!’, e por ai vai. Temo em lhe contar, não sou ‘ele’, nem ‘ela’, sou apenas um escritor, sem sexo ou com os dois, como outro em qualquer lugar do mundo (lembra disso?).
    Agora o que poderia eu dizer, para explicar essas minhas andanças, minhas fugas paras suas memórias, meus devaneios dentro dessa sua utopia, tão pura, tão colorida?
    Não há nenhum segredo, nenhum grande motivo, só a necessidade de companhia..
    “Não, meu coração não é maior que o mundo. É muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores. Por isso gosto tanto de me contar. Por isso me dispo, por isso me grito, por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias: preciso de todos.”
    O meu mundo, este que é tão diferente do teu, é cinza. Solitário. Ando por ai literalmente ‘roubando felicidade’. Passeio por um mundo, leio belas frases, e vou-me embora, me sentindo um pouco melhor. Depois volto, me sento embaixo de uma arvore imaginaria qualquer e devoro um pensamento bom. E assim vou seguindo meus dias...



    “Se eu te escondo a verdade, baby, é pra te proteger da solidão.”



    Até logo, Anônimo.

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  2. Mundo de Sofia? Quando disse sobre ‘Sofies verden’ realmente não sabia do que se tratava... mas já ouvi falar muito do Mundo de Sofia. Já me recomendaram, e não sei o que respondi, e nem porque não procurei.
    Haha, lendo seu comentário até imaginei um Mundo de Fernanda. Talvez eu escreva um texto sobre isso...
    Passa mesmo pela minha cabeça tais pensamentos, mas ao mesmo tempo não me importo... porque acho que perderá o encanto se conseguir respondê-las. E o que eu mais gosto é o encanto. E dos meus pensamentos também! Tais pensamentos (encantados)...

    "Faz parte do seu show, faz parte do seu show, meu amor"?

    Até!

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  3. Seria interessante escrever um “Mundo de Fernanda”. Quem sabe um dia, não é? Poderias me contar teus medos e eles se tornariam teses de faculdade daqui a alguns anos.
    Já de encanto eu sei pouco, talvez um dia possas me ensinar.

    Até..

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