terça-feira, 10 de março de 2009

Era dia de pesca. E não adiantou ele me chamar de "bem-querer" e dizer que quando voltasse ia trazer um peixe bom.
Nada do que meu pescador disse naquela manhã tranquilizou meu coração, porque ninguém sabia como era triste ver partir alguém que queremos com tanto amor, tanto desejo. Além de suportar a agonia, viver olhando o céu e o mar. E a incerteza batucando na cabeça. Ficamos só, e é tão triste esperar...
Acompanhava o noticiário e aguardava ansiosamente notícias meteorológicas, e com o coração na mão, quase não escutei direito: estava acontecendo um temporal horrível, principalmente para os pescadores que estavam no mar. Senti as lágrimas quase desesperadas, lembrando do que ele dissera: que ao Deus do céu iria agradecer. Que Deus, meu Deus?
Dois, três, quatro dias. Dias intermináveis de sofrimento, incertezas e tristezas. O mar havia levado pra ele todo o meu amor, minha vontade de viver. E o céu o aceitou no paraíso, lembrando o dia do juízo. Foram os piores dias que já vi.
Dia do velório. Ainda não acreditava que ele já não estava ali. Estávamos velando algo invisível, enquanto eu, só queria tocá-lo e ter lhe dado um adeus, como a esposa deu, pedindo para não esquecer-se de mim, dizer que iria rezar e fazer sua cama, macia e perfumada de alecrim.
Mas passou. E no dia seguinte, sairiam novos pescadores, sofreriam outras noivas, despediriam outras esposas, afinal, é doce morrer no mar.

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