segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Bastidores


E acabou! Assim... quase 3 meses de ensaio específico, muita dor, choro, sorrisos, realizações pessoais, superação, força de vontade, amor, unha quebrada, "vida escolar atrapalhando minha vida de bailarina"... para uns 7 minutos no palco que valem totalmente a pena. Provavelmente, meu último ano de apresentação, pelo menos na escola Lorena Albuquerque. Despedida. 
Foi aí que eu aprendi, e venho aprendendo, superar minhas dores, vestir as músicas com uma linda coreografia, ignorar o grampo no lugar errado. Foi aí que eu descobri que não preciso ser uma Ana Botafogo pra ser chamada de bailarina. Aprendi ser mais leve... "leveza na dança, princípios na vida". Tentei superar meus limites de toda forma, e foi através da dança que eu aprendi que tudo que é bonito, dói. Por mais que não pareça. E pra chegar a ser bonito, demora. Lutas interiores, brigas com o corpo e aceitação. 
Tão tímida, inicialmente, foi nesse espaço que eu aprendi erguer o queixo e dizer, através de gestos, "agora é minha vez". Postura, independente de qualquer coisa. É preciso saber se posicionar. De cabeça erguida sempre. Sorria. 
Soube admitir que a dança não foi algo que nasceu comigo, mas que eu poderia desenvolver isso da melhor maneira possível, dentro dos meus limites humanos. Mesmo sem um "jeté" impecável, eu poderia desenvolver melhor meu equilíbrio, as piruetas ou saltos. Foi nesse palco que eu soube que era exemplo pras pequenas, pra minha irmã, pra minha prima, e ser exemplo é uma grande responsabilidade. 
Falando em responsabilidade, fui responsável pelas "Thinker Bells", turma de alunas de 7 anos mais ou menos... fiquei nervosa, briguei, sorri, dei broncas, coloquei no colo, levei ao banheiro, confiei nelas, e aprendi lidar com um "tia, eu não posso dançar porque eu estou nervosa, e ninguém dança nervosa". Sorri com a briga de amigas, que logo foi esquecida com um "amigas?", um abraço e promessas de amizade eterna. 
Brinquei de verdade ou consequência e me perdi sem a malícia, que não cabia ali, quando a primeira pergunta que devia responder era "é verdade que você gosta de verde?". E a mais absurda, um "é verdade que você é apaixonada por Tananan?". Equilíbrio e paciência vencidos. Descobri que pra saber, não basta saber, tem que viver. Na prática as coisas são muito mais pulsantes. Tem que estar lá, lado a lado, tocar. "Vai dar tudo certo", mesmo que não dê. Tive que fazê-las acreditar nisso, e pra isso, tive que acreditar plenamente. 
Ir além do que lhe foi proposto é sempre preciso e gratificante. Foi difícil convencer que o importante não é uma varinha quebrada, mas sim o que ela ainda pode fazer. Escutar "eu odeio todo mundo aqui", de uma criança de 7 anos, foi chocante, porque amor deve ser uma das poucas coisas que não se aprende. 
E já no final, nesse mesmo local da foto, mas com as cortinas fechadas, falei às meninas "agora é hora de agradecer... eu vou ficar aqui do lado de vocês, se esquecerem, é só me copiar, tá certo? Fala assim pra amiguinha do lado passar pra todas: bem bonita, mão na cintura e pés juntos", e já totalmente satisfeita e feliz, ao passar do lado de uma pequena, pra conferir, ela me pediu pra abaixar e disse quase no meu ouvido "você é muito linda". Não soube nem agradecer, mas dancei... para lá e para cá. E ela me copiou, como se fosse verdade. 

Um comentário:

  1. "Vai dar tudo certo" - mesmo que não dê. Era tudo o que eu precisava ouvir hoje. Às vezes os mais simples, mas verdadeiramente sinceros são os melhores consolos. Mil palavras rebuscadas nem sempre nos tocam nem nos fazer realmente acreditar. Um gesto diz muito mais. Muito mesmo...

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