sexta-feira, 30 de março de 2012

O que não é dito é lembrado

Acredite, os melhores escritos não são ditos. Às vezes nem escritos. Tão pouco expostos. Minhas melhores palavras são sussurros, propostas indecentes, destinatários errados. É tudo que não pode, não deve, não. Meus melhores textos estão onde tem a plaquinha "Proibido" e a gente vai fundo. Vai fundo, discretamente. Coloca até um tanto de livro em cima pra sufocar, disfarçar. O que não é visto, não é lembrado, já diz o ditado. E o que não é escrito, não é visto. Portanto, os melhores sempre serão segredo. As melhores frases sempre ficam presas entre quatro paredes, quatro ouvidos e uma boca. O melhor texto é quando não é preciso falar, é quando de tão grande e intenso, se sente, sem nenhum "a". É a explosão explícita. Ou então é a solidão de quando todos foram embora mas a música ainda não parou de tocar. É o mais íntimo, o mais dolorido, o mais sincero. Aqui, eu só escrevo os restos. O resto de tanta (falta de) vida e (excesso de) sentimento. Escrevo o que fica arranhando pra ter dono. E que se não tiver, deixa que alguém crie um. Faço por prazer, besteira, amor. No fundo, eu sei é que a minha caixa de papéis coloridos ainda tem muitas coisas indizíveis. Coisa que não se admite, não se pede, não se escreve, mas existe... existe.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. "O discurso vai além do dito, do dizer explícito, carrega consigo o não-dito e o inter-dito, o outro de nós mesmos, que por nós é ignorado e recusado".

    ResponderExcluir

Deixe seu recado após o sinal: bep.