quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Boa sorte

Ignorou a dor até o último minuto. Até pra doer era racional. Pra esquecer, se ocupou com o canto do passarinho, o problema dos outros, escutou a conversa romântica do casal, se desesperou com o choro do bebê, perdeu de vista o caminho da borboleta, se distraiu com um novo vício no celular. Disfarçou a lágrima com a mensagem que recebeu e o "boa sorte" de quem podia ser amor. Não foi por chatice, teimosia, e essa coisa de não gostar de quem gosta da gente. Esqueceu propositalmente o remédio, tirou o delineador no banho, reclamou com o olhar do corpo nu e quando, finalmente, deitou... doeu. Doeu completamente. Depois da euforia, permitia-se doer. Sua sorte era que não abria mão do sono. Mesmo que ele só chegasse depois que Marcelo Camelo convencesse que "tudo passa". Ia passar. Faltava pouco.

Um comentário:

  1. sim, tudo passa. nada dura para sempre. e muitas vezes precisamos de um 'passa-tempo' para que ele passe mais rápido, pelo menos pra nós.

    ResponderExcluir

Deixe seu recado após o sinal: bep.