terça-feira, 14 de junho de 2011

Por amor ou euforia?

Antônia estava encostada na parede e Pedro olhava, achando tão sexy... como ela podia deixar o pescoço à mostra naquele frio? E os cabelos bagunçados daquele jeito... Pensava em alguém que tinha conhecido há poucos dias e Pedro olhava. Depois de se recompor observando seus movimentos sutis, ele foi até ela. De blusa de manga petra, e a barba por fazer, a imprensou na parede, entre os braços, sem tocar. Ela olhou e sorriu, adorava quem a encarava assim, sem o menor pudor. Desconcentrada com os pensamentos e as faíscas saindo dos olhares dele, escorregou pela parede e sentou no chão. "Levanta", Pedro reclamou usando o imperativo, mas ela sabia que ele não ia ligar se continuasse sentada. Pirraçou por um bom tempo, até ouvir "eu não vou te beijar". E nessa hora, ela levantou como num impulso. Era brincadeira de ter prazer. Ela encostou no seu ouvido, e sussurrou "só por euforia" e ficou brincando de encará-lo também, com toda sua coragem. Talvez ninguém entenda isso de algo ser mais íntimo que um beijo, mas Antônia sabia tão bem... porque não existia no mundo quem a olhasse daquele jeito, quem ficasse com a boca a um milímetro da sua e não beijasse, quem arrepiasse todos seus pelos só respirando perto do seu pescoço, quem olhasse tão sério pra sua boca. Era a proposta mais indecente do mundo. Era a recusa mais difícil. E aí ela perdeu, e o beijou, acabando com todo encanto. Ela sempre acaba. E mordeu, como só ela sabia. Pedro amava o fato dela não conseguir resistir. Pobre Antônia, mal sabia que já era amor.

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