quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sobre meus destaques...

Tenho aprendido a destacar o que merece destaque. O negrito uso para os trocos que minha mãe deixa comigo, os sorrisos que saio catando na rua, as ligações inesperadas que sempre vem como um sopro, as conversas fora de hora, os arrepios provocados quando alguém encosta um pouco mais perto, os segredos, quando vejo alguém bonito que não sei se me sinto alegre ou com inveja, um beijo na bochecha, um céu colorido, as apresentações de ballet no asilo. 
Sublinho os elogios e críticas. Não coloco em negrito pra não engrandecer. Nem em itálico pra não diminuir. Mas sublinho, porque é bom quando alguém reconhece algo. E é bom se enxergar pelos outros. E quando te enxergam de uma forma que você não é, e a fonte é confiável, é bom sublinhar pra rever como os outros te veem. Sublinho pra mudar, deixar, ver, chorar, rir. É uma forma de dar atenção à mim e aos que se importam (mesmo que negativamente). Também sublinho o que preciso reler. Ou o que precisa ficar. 
O itálico é meu preferido. Usado em ocasiões especiais e raras. Enfeito de itálico tudo que me estremece um pouco além do normal, tudo que faz meus batimentos cardíacos serem mais rápidos, tudo que deixa meus ductos lacrimais orgulhosos despencar. Tudo que eu escrevo e deixo na gaveta é em itálico. Minha letra não é o itálico que eu gostaria e não puxei de minha mãe, mas eu faço as situações serem. Itálico são as letras todas juntinhas, todas deitadinhas umas nas outras, deitando carinhosamente na próxima... além disso, parecem querer final, parecem estar sempre a frente do que realmente estão. Eu faço parte da grande parte que acha que o amor é urgente. Itálico parece querer chegar logo. É em itálico que eu me permito. É do itálico que sinto mais saudade. É em itálico que me apaixono. E choro... 

Um comentário:

  1. Precisamos sim destacar o que merece ser destacado. Lembrei-me de uma frase: "não trate com prioridade quem te trata como opção"...

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