sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Para Juli


22 de Janeiro de 2013, São Paulo


Oi lindeza,

comprei essa florzinha para você. Eu não sei pra que ela serve e tentei por um bom tempo pensar num significado racional pra te presentear com ela, mas não encontrei, desculpa. Eu sei que você fará bom uso. Assim que eu vi isso lembrei de você, do nada. Ia até pesquisar sobre esses brinquedinhos que fazem desenho do tipo dessa flor, sabe? Aquele que tem as bolinhas e régua e você só precisa de um lápis. Todo mundo já teve um. Eu sou apaixonada por isso. É tudo tão lógico, aparentemente fácil e no fim, fica tão bonito e simétrico. Gosto de simetria. Eu sempre ficava desenhando até tentar chegar no final, pra ficar perfeito. Nunca consegui, mas deve ter um jeito. Enfim, não pesquisei sobre isso e nem sei o nome. Mas não quero que pense que seja um presente qualquer. A loja em que comprei era nossa cara. Foi na Augusta, apesar dos pesares, gosto muito da rua. Queria que estivesse aqui, muitas coisas combinam conosco. Falando em combinar, vou cortar o cabelo curtinho, acima do ombro, igual daquela vez. Essa cidade nos encoraja a ser a gente. Aqui tem muito espaço para a boniteza. Meu apartamento está ficando lindo, comprei uma coruja de chaveiro para não esquecer que você cuida das minhas chaves e sempre sabe onde elas estão. Voltando pra caixinha, espero que você não a use para tocos de cigarro, ela é linda e cheirosa demais para isso. Você, tão apegada aos cheiros... aqui cheira bem urbano. Gosto pra aprender a dar valor ao cheiro do mar... e da chuva, que é frequente - ainda bem. Lembra da história de amor e amante, com cidades e tudo? Lembra que, assim, teoricamente, escolheríamos o amor? Eu descobri que a vida não é só isso... por mais que queiramos que seja. Escolhi o amante, sem muitas dores. Aquela velha história do racional. Às vezes o amor não compensa, mesmo com vontades e desejos suficientemente escandalosos.Às vezes, não é correspondido e machuca mais que alegra. Na nossa vida, temos que ser saudáveis. Uma leve saudade não faz mal a ninguém. Estou feliz aqui. Ah, atrás do meu presente tem escrito "Tempo dos Vagalumes", você vai ver e provavelmente arrancar esse papel tosco - seria a primeira coisa que faria; mas guarde os vagalumes. E me perdoa por um presente assim... quando você é meu candeeiro, eu te ofereço um porta-vagalumes. Guarda aí, flor. Guarda luz. Amor, pra quando a saudade de mim e do dono da saudade eterna estiver explodindo. Abra a caixinha quando quiser encontrar esperança, nessa loucura toda que a vida nos exige. Leveza, quando tudo pesar muito e não tiver vinho por perto. Presença, pra você também lembrar que te cuido, lembro, protejo de onde estiver. O principal tem escrito aí dentro.

Fica bem, sempre.
Fernanda

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