sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Ponto.

Senta aqui comigo, amiga. Vamos olhar pra ela. Por favor, eu preciso. Obrigada. Porque? Porque eu preciso descobrir qualquer coisa que ela seja melhor do que eu. Sério. Preciso saber o que ele viu. Não é. Se ela fosse mais legal, mais gostosa, mais mais, eu até entenderia. Será que é esse jeito mais tímido? Os olhinhos mais redondos ou o cabelo tão natural e longo? Não, amiga, não é masoquismo. Deixa eu ver o que ele tanto quer. Talvez só assim eu tenha algo que ele queira: meus olhos nela. É tipo uma ligação, não acha? Ô amiga. Meu deus, não é loucura. Não quero explicar, entende sozinha. Eu não queria odiá-la por isso sabe? Que tipo de pessoa merece ódio por amor? Nenhuma. Ela tem que ser melhor do que eu em qualquer coisa. Em qualquer manchinha na pele ou na alma, que seja. Não é competitividade, é justificativa. Será que ela toca, dança, inventa? Não é isso. Não estou dizendo que gosto ou mereço mais, só quero descobrir porque ela. Com tanta gente mais um tanto de coisa. Ela tem a mesma coisa que eu vejo nele, amiga? Você tem certeza que quer continuar com essa afirmativa? Não é possível. O que eu vejo? Hum, eu vejo amor no olhos, paz no coração, conforto, carinho por qualquer mínima palavra diferente dita, sonhos, vontade de cuidar. Ah, sim. Só quem enxerga são os apaixonados. Eu sei, é tarde, mas sei. Não nos apaixonamos pelos talentos ou referências, é coisa de fio de coração com a linha de trem de sentimento, não é? Ninguém controla. Mas cadê nosso transporte que não passou há dias? Ai, amiga, tenho tanto medo de ficar sozinha aqui na estação pra sempre. Obrigada por estar comigo. Mas será que vai passar? Digo, essas coisas invisíveis tão bonitas que estão sobrando nela. Tudo isso que ela consegue provocar sem querer e que só ele enxerga. Será que passa, amiga? Não é desejando mal, mas eu queria tanto descobrir a linha que liga meu coração ao dele... acho que estou na estação errada. Vamos, deixa ela aí. Talvez nem seja questão de ser melhor. Ela só é, pra ele, agora, a de agora, ? É que quando uma flor dá bem-me-quer, a outra tem que ser mal. Espera. Deixa eu ver só mais um pouquinho.

(E nessa hora ela me olhou tão marcante que quase achei uma coisa melhor: o olhar. Mas é um pouco injusto analisar olhos tão azuis e secos, com os meus tão úmidos e pretos.)

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