sábado, 5 de fevereiro de 2011

A menina e o menino

Era uma vez... uma menina. Sempre menina. Não sabia escrever fora dos seus alcances. Geralmente, primeira pessoa... mesmo que a primeira não seja de fato a primeira - eu. Só ficção. E ela também não sabia escrever pra ninguém. Escrevia pra si. Mas adorava, de fato, quando era lida.
Todo mundo lia a menina. É fácil ler. Difícil é estudar e entender. As pessoas tem preguiça disso, o que é uma pena, pra tantos talentos desperdiçados.
Mesmo com tudo fantasiado, ninguém encontrava a menina nas linhas... Para a maioria, simples parágrafos mal feitos. Até que um menino a leu. Não só leu, como resolveu entrar para os seus textos e então, a menina passou a escrever em terceira pessoal do plural.
Começaram a escrever juntos. A menina era sempre o canal, mas ele ditava, e ela transcrevia, com toda a sensibilidade de um bom editor. E de repente, seus textos, passaram a ser uma surpresa... de vez em quando, eram até escritos sozinhos, como simples empurrões na madrugada.
Os cadernos na última folha sempre cheios de rabiscos, agora eram casa pra novas palavras... e eles não largavam "cativar". Se pudessem, a palavra "cativar" apareceria em todas frases, ou então, fariam um texto só com "cativar". Mas "cativar" é uma palavra chata pra fazer poesia... só era boa pra sentir, eles sabiam disso.
E os planos da menina eram sempre surpreendidos. Quando achava que ia ser "mas", era surpreendida com um "e"... E sempre no final do capítulo tinha reticências. E no início também... e a página 15, que era o final, parece ser infinita.

Um comentário:

  1. :D ...e a menina se tornou especial e começou a viver feliz para sempre... :D

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