segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Fone de ouvido

Deitou-se ao lado da minha cadeira, como um convite pra escutar música. Ele sabia como se aproximar. Quase dos mesmos mundos, ele sabia que me perdia com um fone, mas por ironia da vida, era só assim que sabia chegar. Ele só se aproximava me afastando. Com um fone, tinha consciência do tanto que eu não era dele, do quanto eu ficava com o olhar perdido, do quanto eu era só. Escolheu a música cautelosamente, como se fosse uma novidade, me mostrou uma voz doce feminina cantando que alguém era o presente de Deus. Nunca tinha escutado. Breguinha, mas que me fez abaixar a cabeça. Talvez a música fosse o que que ele queria me falar, não entendi direito, e nem me preocupei em fazê-lo, também. Depois de alguns minutos, um homem cantou que ela devia mudar de planeta pra esquecê-lo. Mais uma vez pensei se ele sabia de mim. Ele me assustou ao me tocar. Começou com um carinho de leve, na cabeça, como se aceitasse e dissesse "tudo bem, tudo bem". Eu sei que você me quis, aquela hora. Assim como eu sei que seus pensamentos também não se concentravam apenas em mim com o fone. E eu sei que você respeitou. Respeitou tudo que eu não sabia dizer. Respeitou eu não te querer. E aí eu vi o que você escreveu no meu All Star: "fria". Assim mesmo, de caneta BIC e letras tortas. Eu nem me preocupei em reclamá-lo, só queria me desculpar. Talvez no fundo você saiba do que eu me lembrei... mas obrigada por tentar me fazer esquecer.

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