sábado, 3 de setembro de 2011

Você, cabelo, boca e tudo


Maria Henriqueta o olhou, sem saber responder a pergunta... não sabia se contava a verdade. "Você bebeu?" foi o que Carlos perguntou. "Sim", falou num impulso, sem pensar. Carlos não a julgava por isso... e sabia que ela ficava extremamente mais sexy bebendo. Ela tinha um jeito natural e único de segurar a taça de vinho com as unhas pintadas de preto... e o cabelo dela crescendo, agora já aguentava um nó por mais de uma hora. Ele não entendia a menina. Queria deixar o cabelo crescer, mas o deixava preso num nó. O pescoço à mostra pedindo mordidas e o nó no cabelo pedindo pra ser bagunçado, solto, misturado. Sentados na cama, ela continuou "eu não fiquei bêbada... você sabe que eu sou difícil. Para tudo". Ele riu, completando charmosamente "Para tudo e todos?". Ela adorava ele assim, completando seus espaços vazios. "Nem para todos". "Para quem é fácil, por exemplo?". "Para alguns". "Você não tá sendo fácil para mim". Ela encostou devagar, ficando a dois dedos de sua boca. Fechou os olhos e procurou coragem. Abriu, e ele continuava olhando sua boca. Até que sem saber como, e de quem foi a iniciativa, estavam sentindo os gostos das línguas, acordando o arrepio. Começou tranquilo, e ele se deixou levar. Ele a prendendo pelo cabelo, ela brincando com as mãos. Intensidade. Ela tirou a blusa e aí ele viu a tatuagem. Perto do seio esquerdo. Um ótimo lugar. Não era pra qualquer um... quem tivesse chegado até ali era realmente especial. Ele não sabia que era o primeiro a ver, depois do tatuador. Ela sorriu, numa mistura de riso e gemido, por finalmente a tatuagem fazer sentido. "Você é linda", ele falou quando já estavam completamente nus. Aliás, quase completamente, porque Maria Henriqueta não havia tirado as meias. Doeu tudo nela. Absurdamente. Mas faria triplicamente de novo. Ela escreveu no corpo dele, assim, por tato, mesmo, com as unhas quase cravando a pele: "c a n a l h a".  Não soube se ele percebeu. Seguiu as regras, que para ela, era descumprindo as tradicionais. Toda ao contrário a menina. Se doaram, porque aprenderam a ser de si próprios antes. Maria vestiu-se e disse "só achei justo você ser o primeiro... por nós". Ele olhou pra ela daquele jeito de quem desembrulha uma obra prima e continuou olhando... até ela parar na porta e sumir leve. Como se flutuasse com a blusa de renda mostrando parte da barriga. Dessa vez que não se despediu, foi a que mais demorou de voltar.

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