domingo, 18 de setembro de 2011

Ducharme,

Espero que você goste do seu sobrenome tanto quanto eu. Charmoso. E espero que goste de Biologia, também, é ruim não gostar da aula, além disso, é estranho como os rumos da conversa mudam. Pelo menos essa aula chata e o rumo da conversa são os motivos da existência dessa carta. Adoro cartas. Mas, enfim... eu queria falar mesmo era de gostos.
Esses dias, Sofia, tive uma conversa estranha, mais ou menos assim (eu vou recortar a parte importante pra você): "Você é doida." (foi ele que falou, o menino) "Sério? Então por que você quer ficar com uma doida?" "Porque eu gosto de gente doida. Doida é uma desgraça mesmo.".
É verdade, pequena. Gosto é uma desgraça. Apesar de toda graça (desculpa o trocadilho), não se iluda. Gostar traz responsabilidades e dores. Além disso, a possibilidade de encontrar alguém que você goste muito e também goste de você muito quase na mesma proporção é muito difícil. E mesmo que encontre (há os sortudos... ou não), não basta gostar, mesmo que o gostar seja maior que você.
Não confunda os gostares, meu amor. Cada um tem seu tempo e motivo pra gostar do outro. Às vezes é preciso conquistar, mas depois de feito, é quase de graça. Gostar de mãe e pai também machuca, principalmente com as conversas que insistem em dizer que "são para o seu bem". Gostar dos amigos, também.
Exigir que alguém goste de você às vezes parecerá muito necessário, mas não o faça, muitas vezes isso afasta e assusta as pessoas. Se tiver na idade quando ler isso, vou dar um conselho que não devia, mas aprendi com Caio Fernando e acho que funciona: beba. Mas não muito. E saiba a hora, também. Por mais que queira gritar, colocar no avião no céu, não o faça. Pode explodir comigo se precisar. Muitas vezes precisamos explodir com alguém. Espero que aprenda escolher as pessoas certas. (O que eu ainda não consegui, eu acho.)
Meu professor de literatura (eu gosto muito de professores, apesar de não demonstrar. Não demonstro muitos gostares, Sofia... e nem sei se isso é bom) falou numa das aulas tão bonitas dele o que muita gente fala: "a gente não escolhe de quem gostar". Eu discordo. Quem eu gosto eu escolhi cuidadosamente para abrigar esse sentimento. Claro que seria mais fácil gostar de pessoas mais fáceis, mas eu não quero. Porque essa pessoa, dona do meu maior gostar, que é dona das características que procuro e me fazem gostar de alguém. Portanto, escolha. Escolha ciente de corpo e alma (mesmo que a balança despenque às vezes mais pro corpo, ou vice-versa). Escolha a dedo. Escolha quem te faz bem. Escolha quem merece, quem é de verdade.
Eu escolhi. Foi uma das escolhas mais difíceis que fiz. Porque eu sei que ia doer menos fazer outras escolhas. Meu problema é a teimosia, Sofia... Escolhi assim... sem entender, mesmo e continuar gostando. É difícil, pequena. É uma desgraça, mas pode ser muito engraçado...

Eu já gosto de você... e nem explicar.
Se cuida,

Nanda.

Um comentário:

  1. é... o gostar é realmente engraçado. dúbio. estranho. muitas vezes bipolar. ao mesmo tempo que se gosta se odeia quando não atendidas as expectativas e reciprocidades que vêem junto com esse sentimento. às vezes o gosto traz um certo desgosto. mas às vezes é gostoso.

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