quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Namoradinho de portão


(Eu sei que cada um tem seu tempo de oitava série... umas meninas antes (talvez a maioria) e outras depois. Mas a oitava série a que me refiro é a primeira série do amor.)

Na minha época de oitava série, eu tinha algumas amigas mais velhas. As melhores eram mais velhas. As que tinha vontade de contar as coisas e ouvir estavam entrando na faculdade ou no terceiro ano. Alguns amigos, também, mas nunca confiei muito nesse tipo de amizade, então... deixa pra lá. Hoje, percebi como a vida tem até sua lógica. 
Há algum tempo eu me perdi delas. Passaram. Não porque brigamos... os contatos foram ficando cada vez mais raros, só isso. Há muito eu vinha me questionando sobre o que aconteceu comigo e com minhas relações afetivas, no geral. E hoje eu soube: só foi preciso. 
Os assuntos delas não cabiam mais nos meus... agora era faculdade, trabalho, enquanto eu ainda tinha muito o que enfrentar. Embora conseguisse sustentar uma conversa tranquilamente por horas sem me incomodar, as prioridades, estilo de vida e rotina não combinavam com o meu. 
Acho que cresci muito com os erros delas, com as atitudes, relações. Tenho experiência de sobra (vivida por elas e absorvidas por mim) até daqui uns dois anos. Não sei se isso foi bom. Isso me tornou alguém mais desconfiada e fria... apesar de crer muito ainda na pessoas. Na oitava série, eu já sabia o que viria. Fiquei armada, preparada, desde cedo. Não sofri muito por não me permitir muito. Histórias de amor só em livros de ficção, que amava e continuo amando. E olhe lá, porque ainda prefiro os de historinha em que a menina é rebelde, o menino irônico ou canalha. 
E não é que hoje eu sou a amiga quase no terceiro das meninas da oitava?! Pelo menos, sou a confiança de alguns segredos... e eu tenho achado tão bonito, sabe? A ingenuidade, a chatice dos pais... coisas que pouco tive. A vontade de viver, o achar bonito ele passar o intervalo com você, o coração aceleradinho com o toque no celular. E aí é que soube que agora é minha hora de ser minhas ex amigas. Quer saber o que eu faço? Eu alimento a ilusão isso. Porque vai passar, mas elas não precisam saber disso. A gente só precisa saber que vai passar as coisas ruins... porque tá existindo agora, e é lindo, e parece ser pra sempre. Então, deixa ser pra sempre enquanto é tempo de ser. Deixa elas acreditarem que um "eu te espero" é de verdade. Porque quando elas descobrirem que não é verdade, nem mesmo vão querer que a esperem... 
Hoje descobri que amor bom é amor de oitava série. Desses de namoro de portão. De desespero e poucos beijos. E aperto de mão... só agora tô descobrindo com minhas pequenas o valor de andar de mãos dadas. Só agora tô aprendendo a ser ingênua pra não as tornarem aprendizes de mim e perder uma das fases mais bonitas... a de acreditar.  

4 comentários:

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  2. é tão triste deixar de acreditar. a realidade nos traz muita desconfiança. também convivi com muitas pessoas mais velhas e experienciei as coisas sem nem mesmo experimenta-las. isso nos faz carregar certa defesa, um escudo diante do mundo. é triste. mas é o mundo real.

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  3. E a gente descobre que não só o "eu te espero" é ilusão. Mas o "já tô indo", o "já já te ligo" e o "eu só penso em vc" também. Mesmo que a pessoa seja "sua".

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  4. E talvez o nosso maior problema seja esperar demais dos outros. Se eu pudesse dar um conselho ao mundo eu diria: não crie expectativas. Com nada nem com ninguém. Simplesmente deixe acontecer. Quem um dia conseguir colocar isso em prática, favor me ensinar.

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