quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Alguma matéria de alguma revista.


Em entrevista concedida ao Suplemento Mais! da Folha de São Paulo, Phillipe Sollers menciona o crítico italiano Roberto Calasso, que em seu livro “A literatura e os deuses”, diz que não é mais preciso procurar os deuses no cosmo, porque eles estão na linguagem, se refugiaram ali. “para saber escrever, é preciso saber ler. Por isso há cada vez menos bons escritores, porque ninguém mais sabe ler. Mas, para saber ler, é preciso saber viver. Viver a verdadeira vida é vivê-la lendo e dizendo. Fazer verdadeiramente o amor é dize-lo também. (...)

Você tem, de um lado, a linguagem convencional, institucional, recalcada, ou a linguagem da violência e da pornografia. Uma e outra, porém, se dão as mãos hoje, como se vê muito bem nos Estados Unidos, um país extraordinariamente puritano e ao mesmo tempo capaz de uma grande mise-em-scène pornográfica. No século 19, o sexo era o diabo, a blasfêmia. Hoje, o sexo é uma mercadoria como qualquer outra. Evidentemente, o mercado reduz isso a um mínimo de significação, com uma certa brutalidade e violências, para realizar a circulação mercantil. E um mínimo de palavras também. Por isso os filmes pornográficos têm a prevalência da imagem e uma linguagem próxima da afasia ou da idiotia. Eu gostaria de fazer um filme pornográfico com a “Ética”, de Spinoza, mas ninguém me daria um euro ou um dólar por isso. Seria, contudo, algo muito belo”.

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